quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Pessoas estão mais ricas, mas vida hoje é mais pobre', diz filósofo


A vida virou uma carreira. As pessoas estão focadas o tempo todo no seu sucesso profissional. É preciso ganhar o máximo de dinheiro, ter uma família, casa grande -tudo junto. Consumismo, individualismo, carreirismo. A vida contemporânea, apesar dos avanços materiais, é mais pobre.
O diagnóstico é do filósofo canadense Barry Stroud, 79, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA). Autor de obras sobre David Hume (1711-1776) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951), sua especialidade é o ceticismo como filosofia -basicamente o oposto do que ocorre hoje com o pensamento dominante nos EUA e mundo afora.
Leitor de romances policiais e adepto de caminhadas, Stroud observa com pessimismo a rotina moderna de hiperconexão, que leva à dispersão e à falta de tempo para a reflexão. Aponta para a superficialidade dos jovens superricos, que só sabem comprar carros e barcos. E ataca o crescente poder das finanças.
Divulgação
O filósofo canadense Barry Stroud, professor da Universidade da Califórnia
O filósofo canadense Barry Stroud, professor da Universidade da Califórnia
Nesta entrevista, concedida em Campos do Jordão, onde participou do 16º congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação de Filosofia, ele critica a universidade e os filósofos. Ela virou uma corporação. Eles estão se especializando em demasia, tendem a lidar com um universo estreito. "É como uma visão dentro de um túnel", afirma.
Seu livro "Engagement and Metaphysical Dissatisfaction" está em fase de tradução no Brasil (ainda sem prazo para a edição) e há planos de versão para o seu clássico "The Significance of Philosophical Scepticism".
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Folha - Qual sua visão do momento atual?
Barry Stroud - Sociedades divididas do ponto de vista econômico estão se dirigindo para extremos. Os ricos estão ficando mais ricos, enquanto os pobres mais pobres. É o que está acontecendo nos EUA e na Europa. O que mudou nos últimos 20 anos é o tremendo poder das finanças, que funcionam um pouco como uma jogatina. O grande produtor de riqueza nesses países não é o real produtor de bens. Há poucas razões para achar que isso não vai continuar, pois falta regulamentação nesses mercados.
Como esse quadro se reflete na maneira como as pessoas pensam no mundo?
Encoraja as pessoas que não têm muito a tentar viver o tipo de vida que eles acham que aqueles que ganham muito dinheiro têm. É focar em ganhar vantagem. Consumismo e individualismo. A pressão para o avanço profissional e o sucesso é muito profunda, principalmente na cultura norte-americana. Sou professor em uma das melhores universidades do mundo. Ensino filosofia, área que não significa ficar rico. Mesmo meus melhores alunos são forçados a pensar neles como iniciantes de uma carreira profissional, são focados no carreirismo em detrimento do verdadeiro assunto de seu estudo. Mesmo entre professores isso ocorre e é terrível. Há uma grande profissionalização na sociedade. Não quero dizer que as pessoas não estejam fazendo trabalhos sérios em suas áreas, na ciência, por exemplo. Mas o que as pessoas que estão fazendo isso pensam de suas vidas? Elas pensam nas suas carreiras profissionais.
Após a Segunda Guerra Mundial o pensamento dominante era diferente. É correto dizer que havia mais solidariedade?
Sim. Muitas pessoas que não eram de classe média prosperaram. Foram consumistas de certa forma, mas havia a ideia de fazer tudo aquilo em conjunto; houve movimentos e avanços sociais. Havia pessoas ricas, mas não tantas comparado ao que existe hoje. Existia mais igualdade, melhor distribuição de riqueza. Mas, nos anos 1960, começou a destruição gradual dos sindicatos afetando os movimentos de classe média que tinham sido inspiradores. Quando comecei a lecionar em Berkeley, grupos iam para o Sul dos EUA para apoiar os negros, ocorriam protestos contra a guerra do Vietnã, havia uma oposição generalizada mobilizando a classe média. Não sei se alguma coisa parecida poderia acontecer agora.
Por quê? O que mudou?
Mais pessoas estão mais preocupadas em olhar para si mesmas. Não estão inclinadas a se engajar em movimento sociais. O Occupy Wall Street foi uma tentativa, mas não havia um alvo reconhecível. Pedir para o mercado financeiro parar o que eles estão fazendo? Eles não param porque há manifestação. É muito difícil achar um tema que possa se transformar em um movimento social forte nos EUA. Eu estava em Berkeley quando do movimento pela liberdade de expressão. Em 1968, durante a guerra do Vietnã, houve protestos enormes, a polícia jogou gás lacrimogêneo, foi uma guerra. Isso é nostalgia. É difícil imaginar isso nos dias de hoje. Estudantes protestam contra isso ou aquilo, mas geralmente são temas locais.
Qual a influência da situação econômica mundial no ceticismo, que é o seu objeto de estudo?
Ceticismo é uma palavra que aparece na vida cotidiana. Não se toma nada como garantido. Na filosofia, tem um significado mais especifico, que não está desconectado do sentido popular do termo.
A ideia, originária dos gregos, era olhar com cuidado para as coisas. Na Grécia, havia os que pensavam que existia uma única maneira de viver -dentro de uma forma muito racional e organizada. Era preciso achar esses princípios e segui-los para ter uma vida de sucesso. Os céticos defendiam a ideia de que não há de fato esses princípios, que são, na maior parte, defensivos. Diziam que alcançavam uma vida diferente daquela forma racional e ordeira. Que isso lhes dava uma certa paz e satisfação que não era atingível em outra concepção de vida -que sempre estabelece que é preciso viver assim ou assado.
Hoje há revistas populares de ceticismo que geralmente são antirreligiosas. Não é disso que se trata o ceticismo no terreno da filosofia. O ceticismo como forma de vida não toma as coisas como garantidas, não há procura de princípios para formas de vida. Falando assim, parece um discurso dos anos 1960. Você vai com o fluxo das coisas. Em certo sentido, o profissionalismo na atual vida norte-americana é o oposto do ceticismo. Hoje o que vigora é o princípio de que o que se deve tentar fazer na vida é ganhar o máximo de dinheiro. Ficar rico, ter uma família, uma casa grande, tudo junto. É a ideia de que a vida é uma carreira, esse é o objetivo. O Brasil é provavelmente o maior lugar para viver a vida que eu conheço. Aqui mais filósofos e historiadores estão interessados em conhecer o ceticismo.
Como se encaixa nesse pensamento dominante a ideia do empreendedorismo?
É o objetivo definitivo do norte-americano: ser um empreendedor. Isso envolve risco e ousadia e é inatingível para a maioria das pessoas. Bill Gates teve ideias brilhantes quando era estudante em Harvard. Não se importou em concluir a faculdade; saiu para colocar suas ideias em prática. Aí surge o pensamento de que não é preciso ter educação. Mas quantas pessoas são como ele? O empreendedorismo é parte disso tudo. Agora está no setor financeiro. Você tem que ser um executivo rico de um fundo como prova o sucesso. É o empreendedorismo financeiro no lugar do empreendedorismo de negócios produtivos.
Existe também a ideia de que o indivíduo é o único responsável pelos seus fracassos, sem considerar a situação social, econômica e política, certo?
Exato. Essa é a mentalidade norte-americana. É o que falam para as pessoas pobres, com baixa escolaridade, muitas vezes negros e hispânicos. Que é responsabilidade delas. Vejam o que eu fiz!
Houve alguma mudança nessa mentalidade após a crise?
Difícil dizer. As pessoas com muito dinheiro não podem dizer que sofreram muito com a recessão de 2008 porque os seus bancos foram resgatados com o dinheiro público. Muitas pessoas perderam seu dinheiro, suas casas e ficaram desempregadas. Estão desesperadas. Como seria possível colocar essas pessoas juntas? Qual seria o foco? De outro lado, há pessoas prosperando nos EUA. É o que se vê nos filmes, que apresentam o modelo para se viver. Olhe para essa casa!
Como o sr. analisa o movimento filosófico pelo mundo?
A filosofia, que é um vasto campo com uma longa história, também está ficando muito profissionalizada. Envolve temas como conhecimento, natureza das coisas, modos de viver, organização da sociedade, política. A filosofia que está sendo feita em universidades quem mais pagaria para ver filósofos filosofarem? seguiu os princípios de organização das ciências. E as ciências tomaram o caminho da especialização. Pessoas trabalham nessa pequena parte da física ou nessa pequena parte do cérebro. Avanços são obtidos assim. Não acho que isso funcione tão bem na filosofia. Professores organizam suas carreiras para produzir o máximo que puderem para demonstrar que são muito ativas. É como a filosofia e outras humanidades estão funcionando. As pessoas escolhem uma pequena área para trabalhar. Um fica especializado em Jane Austen e escreve livros sobre ela. A profissionalização é boa, mas leva a estreitar os assuntos. Pior: as pessoas ficam nesses universos estreitos e não precisam saber de mais nada para fazer o que fazem. É como uma visão dentro de um túnel.
O problema está nas universidades?
Estou na mesma universidade há mais de 50 anos. Foi o único emprego que eu tive. Vi que ela mudou tremendamente. Virou uma corporação. A GM é uma corporação e faz carros. O que a universidade faz? Na universidade, estudantes entram e saem, mas o foco é na corporação, não naquele produto. Mas temos que ter estudantes com sucesso. O que são eles? São aqueles que passam pela universidade e pegam bons empregos, pois obtêm conhecimento técnico. A universidade tem cada vez mais a função de ser um lugar por onde os alunos passam quatro anos para entrar no mercado de trabalho.
Mas os alunos não estão aprendendo?
Sim. Porque muitos sabem o que eles querem saber quando terminarem o curso. Estão aprendendo habilidades. Isso se enquadra no carreirismo. Não é que tenha havido um tempo em que não havia o carreirismo. Mas hoje parece que ele é a única coisa.
Filósofos ganham dinheiro nos EUA?
Na universidade o salário é bom. Não há praticamente outros lugares para trabalhar como filosofo. A lógica, um segmento da filosofia, fez parte da revolução dos computadores. Alguns de meus alunos de lógica, nos anos 1960, foram por esse caminho, não como filósofos, e fizeram muito dinheiro. Foram parcialmente fundadores da revolução dos computadores. Nesse sentido, aquele foi um bom tempo para ser filosofo.
O fato de as pessoas hoje estarem sempre conectadas muda a forma de pensar?
Drasticamente. A atenção das pessoas é menor hoje, elas leem menos. Quase nenhum dos meus colegas lê livros em papel. Suponho que muitos dos meus alunos nunca tenham segurando um livro. As pessoas leem na tela. Outro dia um colega me disse que ninguém lê livros se pode dar um Google. É perturbador. Além disso, o foco é na cultura visual. Na filosofia, as pessoas dão palestras com Power Point. Não uso isso.
Em geral, há menos tempo para a reflexão?
Sim. As pessoas gastam tempo nenhum em reflexão. Raramente se vê pessoas sozinhas andando sem estar com fones de ouvido, telefones. Vejo isso da janela do meu escritório no campus. Conto quantos estão sozinhos sem falar ao telefone. O número é muito pequeno.
O sr. está otimista ou pessimista?
Sou pessimista. As pessoas vivem melhor do que há 50 anos. Os negros, apesar de ainda estarem pior do que os brancos, vivem melhor. Mas, na vida contemporânea nos EUA, a maioria das pessoas têm vidas menos ricas do que as que viviam confortavelmente há 50 anos. Suas vidas são menos ricas -não economicamente. As pessoas pensam em preencher suas vidas com coisas, não têm interesses variados, veem TV -que é terrível. Ler livros, ver pinturas, escutar música olhar a paisagem, caminhar pela natureza -tudo isso trazia uma vida mais rica do que ficar em frente à TV, falar ao celular, entrar em redes sociais. A amizade mudou. Hoje é clicar no computador. Amizade não é mais uma coisa rica, de falar, olhar e fazer coisas junto.
Minha filha trabalhou numa empresa de desenvolvimento de programas de computador. Muitos de seus colegas têm em torno de 20 anos e ganham muito dinheiro. Perguntei a ela o que eles fazem com tanto dinheiro. Ela me disse: apenas compraram o que seriam brinquedos. Mas brinquedos grandes: vários carros, barco, sem falar nas traquitanas tecnológicas. Trabalham muito; não têm tempo para viajar. São apenas crianças grandes com a chance de fazer o que quiserem. E o que eles fazem é comprar objetos. É uma vida superficial. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Moradores de áreas nobres da capital acionam MP contra ciclovias de Haddad


DIEGO ZANCHETTA - O ESTADO DE S. PAULO
06 Dezembro 2014 | 17h 02

Eles reclamam do fim das vagas para carros, dos riscos para a segurança e da falta de planejamento

"Eu surtei quando vi a faixa da Prefeitura”, afirma a médica Célia Funari, de 47 anos. A indignação começou depois da circulação de um comunicado do governo municipal aos moradores do Jardim Paulista, no final de novembro, sobre a chegada de uma ciclovia na Rua Honduras, travessa residencial com casas de alto padrão na zona sul de São Paulo. Moradora na rua, Célia mandou carta aos vizinhos pedindo apoio contra a iniciativa. Em dois dias, ganhou adesão em massa.
Resistência igual à da Rua Honduras também é observada em outras regiões nobres da capital. Moradores dessas áreas estão indo ao Ministério Público Estadual (MPE) e até a delegacias registrar queixa contra a pintura das faixas sem consulta prévia.
No Alto da Boa Vista, também na zona sul, moradores foram à Promotoria de Habitação contra a ciclovia na Rua Fernandes Moreira. Em Higienópolis, na região central, o Conselho de Segurança (Conseg) registrou boletim de ocorrência e ameaça mover ação contra a futura ciclovia de 5 quilômetros que vai passar embaixo do Minhocão, prevista para o ano que vem.
Esses moradores argumentam que nenhuma intervenção pode ser feita nos bairros residenciais sem a aprovação dos proprietários de imóveis da via afetada. Eles afirmam que os bairros residenciais estão protegidos pelo novo Plano Diretor, aprovado em julho.
Erros. Um inquérito foi aberto pela promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira para investigar erros na criação das faixas. Mas, para o governo, as regras de tombamento desses bairros residenciais valem apenas para imóveis e calçadas, e não para o viário urbano, administrado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). 
“Ninguém nos perguntou nada. Simplesmente chegaram e colocaram a faixa. Se eu fizer um jantar e quiser receber meus amigos, onde eles vão parar? Na casa do (prefeito) Haddad?”, questiona a médica que articulou o movimento contra a ciclovia na Rua Honduras. Ela e os vizinhos reclamam da iniciativa do governo, mas ressaltam não serem contra os ciclistas. 
“Não passa ninguém de bicicleta na rua. O movimento de carros é muito grande, é até um risco para os ciclistas. Ninguém é contra ciclovia, mas o ponto aqui é o seguinte: ninguém anda de bicicletas e não existe essa demanda”, frisa a economista Ana Brescia, de 49 anos. Para Ivany Zarzur, de 70 anos, a ciclovia não pode existir na Rua Honduras. “Aqui é zona 1 (estritamente residencial), não pode ter essa bagunça. Não temos estrutura. Na Europa as ciclovias são nas calçadas. Aqui as pessoas ainda não têm educação”, pontua Ivany. 
Sergio Castro/Estadão
Na Rua Honduras, vizinhos são contra faixa para bikes


Privilégio. Administradora da Sociedade Amigos dos Jardins, Dora Livolsi, de 67 anos, defende que pagadores de um Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) tão alto (média de R$ 10 mil por ano), como os da Rua Honduras, precisam ter algum privilégio. “Eles não podem perder o direito de estacionar os carros nas ruas. E a ciclovia vai atrair assaltantes”, afirma Dora, que defende a criação de uma ciclorrota no bairro, sem a pintura de faixas. “Até uma Zona Azul seria melhor.”
Alguns moradores da Rua Honduras também temem assaltos por causa da faixa. “Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”, questiona o aposentado Francisco Augusto da Costa Porto, de 74 anos.
As ciclovias começaram a chegar às zonas residenciais no final de setembro. No Alto da Boa Vista, na zona sul, moradores tentaram, durante um mês, audiência com o governo para reclamar da via exclusiva da Rua Fernandes Moreira. Sem serem atendidos, foram ao MP. Eles reclamam principalmente do fim das vagas de estacionamento. O local também costuma alagar durante as chuvas de verão.
“Nós demos outras quatro opções em vias paralelas. A faixa aqui é muito estreita”, afirma a moradora Renata D’Angelo, de 41 anos. Ela também faz questão de ressaltar que não é contra a pintura de faixas para ciclistas no seu bairro. “Eu sou ciclista também. O que nós tentamos mostrar à Prefeitura, e não conseguimos ser atendidos, por isso fomos ao Ministério Público, é o risco que essa ciclovia oferece aos usuários.”
Com o mesmo argumento de que a ciclovia não é segura, moradores da Alameda Guatás, no Planalto Paulista, outra área estritamente residencial na zona sul, pedem mudança no traçado da faixa, inaugurada em outubro. “A ciclovia, do nada, termina e vira uma faixa de ônibus. E quem está na bicicleta nem percebe isso”, reclama o estudante de Publicidade Alberto Rodrigues, de 19 anos, morador do Planalto Paulista e usuário da faixa. / COLABOROU RAFAEL ITALIANI

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sinto muito se for verdade, diz Kátia Abreu sobre resistência da JBS à indicação


NIVALSO SOUZA - AGÊNCIA ESTADO
09 Dezembro 2014 | 13h 36

Cotada para assumir Ministério da Agricultura no segundo mandato de Dilma, senadora evita falar sobre reação de empresa a seu nome e diz que convite para pasta é 'especulação'

André Dusek/Estadão
Kátia Abreu tem sido crítica ao JBS desde que a empresa iniciou a campanha da marca Friboi como sinônimo de qualidade da carne
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), disse "não ver" aresistência do frigorífico JBS à sua indicação ao Ministério da Agricultura, após convite feito pela presidente Dilma Rousseff para que ela comande a pasta a partir de 2015. "Nunca conversei com eles sobre isso. O que eu leio é o que vocês estão vendo na imprensa. Sinto muito se for verdade, mas não vejo motivos para isso", disse. Sobre o convite, a senadora desconversou. Sorrindo, afirmou tratar-se de "especulação" e que "não trabalha sobre hipóteses". Ela destacou seu trabalho no Senado e na CNA como ações para valorizar o produtor rural e não favorecer interesses de grandes empresas.
Conforme revelou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na semana passada, o empresário Joesley Batista - um dos sócios do grupo JBS - esteve no Palácio do Planalto e pediu ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que Dilma revisse a indicação da senadora.
Kátia Abreu tem sido crítica ao JBS desde que a empresa iniciou a campanha da marca Friboi como sinônimo de qualidade da carne. Ela chegou a utilizar a tribuna do Senado para criticar a empresa. "A intenção em todos os momentos da minha vida e da minha luta é ter espírito público e trabalhar para o Brasil e não para corporações específicas", afirmou, ao ser questionada sobre a resistência do JBS ao seu nome para Agricultura.
Kátia participou do lançamento do anuário Perspectivas 2015 da CNA e comentou sobre como deve ser o perfil do novo ministro da Agricultura. De acordo com a senadora, o novo titular do ministério deve buscar mercados internacionais para o agronegócio, incentivar o acesso à tecnologia pelo médio produtor e estimular a consolidação da classe média do campo.
A defesa do fortalecimento da classe média agrícola pode ser vista como um recado de boa convivência por parte dela com o segmento, resistente sua indicação para a Agricultura por acreditar que ela representa os grandes fazendeiros. Para isso, a senadora defendeu que a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) saia do papel e que haja uma ampliação do Pronatec Rural por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). "Se pretendemos criar um classe média verdadeira, sólida, a assistência técnica é (necessária) em primeiríssimo lugar", disse.