sábado, 2 de março de 2013

'Pibinho' no retrovisor


BRASÍLIA - Ontem, saiu a confirmação do "pibinho" de 2012. No segundo ano do governo da petista Dilma Rousseff a economia cresceu 0,9%. Em 2011, o PIB havia sido de 2,7%. A média dilmista é de 1,8%.
Essa taxa coloca Dilma Rousseff atrás de Lula (4% de crescimento médio) e de FHC (2,3%). A oposição, no seu papel, soltou os cachorros. O país está parado, mal administrado e por aí vai.
Que houve ineficácia nas medidas econômicas ninguém tem dúvida. O difícil é saber como será daqui para a frente. Só olhar o retrovisor muitas vezes não ajuda --ou até atrapalha-- na hora de compor análises sobre o futuro da economia brasileira e de outros países. Há uma crise crônica desde 2008, só que, no ano passado, os EUA, a China e a Rússia se deram melhor do que o Brasil.
A oposição cumpre o seu papel. O crescimento da economia foi pífio. Também é visível a incapacidade gerencial do governo petista em Brasília por causa do excesso de centralismo da presidente. Ainda assim, é temerário afirmar que o país entrará num buraco a partir de hoje.
Aliás, às vezes, parece o oposto. Mesmo com todos os obstáculos para prever o desempenho da economia, não surgiu até o momento nenhum analista (nem do PSDB ou do DEM) vaticinando um PIB de apenas 1% em 2013.
O mercado de trabalho insiste em ficar aquecido. Em alguns setores, preços além do normal indicam uma demanda quase incompatível com o "pibinho". Ontem, em São Paulo, foi lançado um hotel popular que vende os quartos para investidores. Cada unidade, de 19,5 m², custa R$ 358 mil.
Se a corrida presidencial fosse um campeonato de futebol, Dilma Rousseff poderia dizer que sofre agora uma derrota na hora certa. Isso se houver alguma recuperação da economia e a manutenção do nível de emprego. Nesse caso, a petista perderá pouco de sua condição de favorita à reeleição em 2014.
Fernando Rodrigues
Fernando Rodrigues é repórter em Brasília. Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006). Escreve quartas e sábados na versão impressa Página A2.

Contornos da Tamoios começam no mês que vem



Obra vai retirar o tráfego rodoviário das cidades de São Sebastião e Caraguatatuba

01 de março de 2013 | 2h 04
BRUNO RIBEIRO - O Estado de S.Paulo
As obras dos Contornos da Tamoios, estradas que deverão retirar o tráfego rodoviário das cidades de São Sebastião e Caraguatatuba, no litoral norte paulista, vão começar até o fim do mês que vem. A informação foi dada pela estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ontem, na última etapa do processo de licitação, foram abertos os envelopes com propostas para construção das vias.
Segundo o presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, a obra terá uma redução de custo de R$ 638 milhões em relação ao valor inicialmente orçado, que era de R$ 1,994 bilhão. "Vamos agora fazer a análise dessas propostas para confirmar a classificação das empresas."
A previsão do Estado é de que a ligação para Caraguatatuba, o chamado Contorno Norte, fique pronta até novembro do próximo ano. É uma obra mais "fácil", segundo avaliação da Dersa: é toda feita em trecho de planalto, o que exige equipamentos menos complexos e tem a velocidade da empreitada mais rápida.
O Contorno Sul, que liga a Rodovia Rio-Santos (SP-055) à Tamoios, tem previsão de túneis e pontes, por cortar o Parque Estadual da Serra do Mar. O trecho deverá ficar pronto até março de 2016.
Ligações. As duas novas rodovias são tidas como o "Rodoanel" do litoral norte. Elas vão servir para desviar o tráfego de caminhões das duas cidades. O movimento deve crescer quando a duplicação da Tamoios for concluída - o trecho de planalto já está em obras, com previsão de entrega para o ano que vem - e quando sair a ampliação do Porto de São Sebastião. O motorista que sair da Tamoios terá acesso à Rodovia Rio-Santos sem passar pelo centro das duas cidades.
A obra está sendo financiada com recursos do Banco do Brasil e do Tesouro do governo paulista. O Estado dividiu a rodovia em quatro lotes: um referente ao Contorno Norte e os outros três, com obras mais caras, para o Contorno Sul.
Na licitação promovida pela Dersa, as empresas puderam apresentar propostas com preços para até dois lotes separadamente. Além disso, as empresas puderam arrematar dois trechos conjuntamente desde que o oferta fosse inferior aos valores individuais. Sem revelar os vencedores, Lourenço disse que foi isso o que ocorreu neste projeto. Ao todo, 22 empresas (ou consórcios) estavam na disputa.
Licenças. Os Contornos da Tamoios já têm licença prévia de instalação emitida pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Por causa dos impactos previstos no Contorno Sul, o órgão fez 59 recomendações para que o serviço não deteriore o delicado equilíbrio ecológico da região.
As licenças prévias, entretanto, não são garantias do início das obras. Para que as máquinas possam começar a trabalhar, ainda é preciso que a Dersa solicite à Cetesb as licenças de instalação - o que deve ocorrer até o fim deste mês.
O Estudo de Impacto Ambiental da obra estima que seja necessário desmatar 370 mil metros quadrados - área igual à soma do tamanho dos Parques do Ibirapuera e da Independência, na zona sul.

8 estações de metrô têm 'fuga' de usuários


O Estado de S.Paulo
Ao contrário das estações da Linha 4-Amarela, que estão cada vez mais cheias, oito antigas paradas do Metrô registraram queda de usuários no ano passado.
Velho símbolo da lotação do transporte público da capital, a Estação da Sé, nas Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, é uma delas. Em 2012, passaram por suas catracas por dia útil 80 mil pessoas em média, 2 mil a menos do que no ano anterior. Conexão entre o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na Linha 3-Vermelha, a Estação Brás também teve redução de passageiros: de 112 mil para 109 mil por dia útil.
Essa estatística, porém, revela apenas uma parte do cenário, já que não contabiliza passageiros baldeando nas estações de transferência, como são as próprias Sé e Brás. O Metrô diz não ter os dados de passageiros totais que andam por dia em cada estação.
Mas mesmo em algumas paradas onde não há a possibilidade de transferência observou-se uma diminuição de passageiros entre 2011 e 2012. Caso das Estações Vila Madalena, na Linha 2-Verde, e Pedro II, na Linha 3-Vermelha. Na primeira, caiu de 31 mil para 28 mil, e na outra, de 26 mil para 25 mil.
A Estações Corinthians-Itaquera, Penha, Anhangabaú e Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3-Vermelha, também tiveram menos passageiros no ano passado. Em parte dessas estações, segundo o Metrô, a perda de passageiros ocorreu por causa da integração gratuita entre Metrô e CPTM em certos horários do dia, iniciada em outubro. A rede metroviária tem 64 estações e transporta 4,4 milhões de passageiros diariamente, em média.
Linha 4. O cenário é bem diferente nas estações da Linha 4-Amarela. A Paulista, por exemplo, registrou um aumento de 251% - superior ao crescimento médio do próprio ramal - de passageiros entre 2011 e o ano passado. Mas a linha começou a operar integralmente no fim de 2011. Apesar disso, em seu primeiro ano como uma estação "para valer", a parada já passou a figurar como uma das mais acessadas do sistema, com cerca de 158 mil pessoas por dia. Em 2012, essa quantidade só foi menor do que nas Estações Palmeiras-Barra Funda, República, Luz e Consolação, que existem há décadas.
O diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Rogério Belda, diz que é natural que à medida que a rede de metrô for aumentando, mais gente passe a usá-la. Para contornar o problema dos gargalos, ele defende que o Metrô e a Prefeitura façam campanhas estimulando as empresas da cidade a adotarem horários alternativos a seus empregados. No ano passado, 1,098 bilhão de passageiros foram transportados no Metrô - desconsiderada a Linha 4-Amarela, administrada pela ViaQuatro - ante 1,087 bilhão em 2011. / CAIO DO VALLE

Linha 4 eleva até 19% fluxo em outros ramais do Metrô

02 de março de 2013 | 8h 21

CAIO DO VALLE - Agência Estado
Aberta há quase três anos, a Linha 4-Amarela, que vai da Luz ao Butantã, continua influenciando e redesenhando o mapa de circulação de passageiros no Metrô de São Paulo. No ano passado, ela fez com que a demanda nas Linhas 2-Verde (Vila Madalena-Vila Prudente) e 5-Lilás (Largo 13-Capão Redondo) crescesse acima da média da rede - que transportou 1% mais pessoas do que em 2011. Os dois ramais, que fazem conexão com a Linha 4, passaram a receber, respectivamente, 11% e 19% mais passageiros. Com mais gente, aumentou o desconforto.
A Linha 3-Vermelha (Barra Funda-Itaquera), que historicamente enfrenta os maiores problemas de superlotação, sofreu um processo inverso e perdeu usuários, assim como a 1-Azul (Jabaquara-Tucuruvi), que deixou de ser a mais cheia de todas - o posto foi assumido pela Linha 3.
Segundo a Companhia do Metropolitano, o fato de quatro estações da Linha 4 - Butantã e Pinheiros, na zona oeste, e República e Luz, no centro - terem sido inauguradas ao longo de 2011, no ano seguinte à entrega parcial da linha, ajuda a explicar a influência sobre os outros ramais. A expansão "trouxe novos usuários de regiões que antes não eram atendidas por esse tipo de transporte". Outro impacto foi a abertura em tempo integral da Linha 4, ocorrida a partir de outubro de 2011.
A sensação de parte dos passageiros de duas das principais estações de integração da Linha 4, a Paulista e a Pinheiros, é a de que elas estão se tornando tão apertadas quanto a Estação Sé no rush da tarde. "Estão virando pequenas ''Sé'' porque o Metrô, infelizmente, não tem crescido no ritmo que deveria", diz a contabilista Sandra Seminamis, de 57 anos.
O Metrô nega que as estações estejam enfrentando esse cenário. De acordo com a empresa, um novo sistema de controle dos trens, chamado de CBTC, passará a funcionar nas Linhas 1, 2 e 3 ainda neste semestre, reduzindo os intervalos dos trens. Prevista para 2015, a expansão da Linha 5-Lilás até a Estação Chácara Klabin, na zona sul, deverá dar uma "melhor distribuição das Estações Pinheiros e Paulista", afirma o Metrô. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.