segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dinamarqueses vão importar lixo para geração de energia


A produção de biogás e outros produtos a partir de lixo está dando tão certo na Dinamarca que o país deve importar resíduos a partir de 2016. Nesse ano ficará pronta uma nova usina de processamento de lixo da cooperativa Amagerforbrænding, hoje a segunda maior do país. A ideia é comprar resíduos de países do norte e do leste da Europa, como Alemanha e Polônia, para dar conta da capacidade total da usina. Hoje, a Dinamarca processa 100% do lixo que produz em empresas privadas e em cooperativas sem fins lucrativos (esse é o caso da Amagerforbrænding).

A população separa o lixo em casa e também leva os recicláveis até postos de troca. "Os dinamarqueses estão bastante acostumados a trocar garrafas de plástico e latas de alumínio por moedas", disse à Folha a ministra do Clima e Energia da Dinamarca, Lykke Friis. A Amagerforbrænding processou no ano passado cerca de 400 mil toneladas de lixo, ou 400 caminhões carregados todos os dias.
Adeis aos fósseis
O tratamento de lixo reduz a emissão de CO2, principal gás do aquecimento global. Além disso, no caso da Dinamarca, o biogás produzido a partir do lixo substitui os combustíveis fósseis que seriam usados para aquecimento das casas. De acordo com Vivi Nør Jacobsen, da cooperativa, 4 kg de lixo processados na usina equivalem a 1 l de óleo para aquecimento das casas. "A atividade da usina está dentro da proposta do governo de acabar com o uso de combustíveis fósseis no país até 2050", explica Jacobsen.

A Amagerforbrænding também tem uma proposta de aproximar o processamento do lixo da sociedade. A nova fábrica será em Copenhague, assim como a atual, que é de 1970 e se destaca por ser limpa e colorida. A diferença é que a usina que será inaugurada ficará ainda mais perto do palácio real dinamarquês e funcionará como um espaço público, tendo até pista de esqui. "Queremos mostrar que uma usina de processamento de lixo não precisa ser feia e fedida", explica Jacobsen. No Brasil, algumas iniciativas de reciclagem funcionam bem. Por exemplo, quase todas as latinhas de alumínio são recicladas no país. Os lixões a céu aberto continuam predominando no Brasil pelo menos até 2014. Esse é o prazo final estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, para que todos os lixões sejam completamente fechados. O objetivo é ter aterros sanitários para os resíduos que não possam ser tratadas - e reaproveitar o restante.

Sobre a irracionalidade política



Coluna Econômica - 11/07/2011
A política é a arte da irracionalidade. Exige acordos, concessões e um jogo duplo: numa ponta as negociações nem sempre transparentes para garantir a base de apoio político; na outra, a construção do imaginário junto ao eleitor, para garantir os votos e o cacife junto aos aliados políticos. Entre esses dois movimentos, o desafio de abrir espaço para a racionalidade administrativa.
São momentos distintos e estratégias distintas, um desafio muito mais complexo do que o de gestor de uma grande empresa.
É só conferir o caso PV-Marina Silva. A irracionalidade é tão grande que faz um partido inexpressivo – o PV, Partido verde – abrir mão de uma política com a história de Marina Silva, com 20 milhões de votos obtidos nas últimas eleições. Isso porque são momentos distintos.
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Um acurado observador do cenário político observa que, nos seis primeiros meses de seu governo, Dilma Rousseff não conseguiu ainda a embocadura necessária para vencer o desafio político.
No início, diz ele, fez bem em baixar a fervura da guerra com a velha mídia e não pretender se comparar a Lula. Este criou seu próprio espaço midiático, freqüentava diariamente as páginas dos jornais, mesmo daqueles francamente hostis.
Dilma foi prudente em não pretender trilhar o mesmo caminho, dada a diferença de estilo entre ambos. Mas vem cometendo o erro de se isolar totalmente não apenas do contato com o público, mas com interlocutores de diversas áreas da sociedade civil.
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Principal palco do grande pacto nacional, o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) perdeu vigor. Há pouco diálogo com sindicatos e movimentos sociais. A militância da blogosfera está totalmente perdida, com guerras intestinas e radicais até para temas que mereciam um tratamento mais racional, como o PNBL (Programa Nacional da Banda Larga) e o Código Florestal.
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A interlocução política perdeu um grande articulador - Alexandre Padilha -, um macaco velho - Antonio Palocci – em troca de uma senadora séria – Ideli Salvatti – mas sem um pingo de experiência em articulação política.
Não há uniformidade no discurso público. Aliás, o estilo Dilma provocou um encapsulamento na comunicação inclusive de ministérios da área econômica.
Depois de um período de trégua, a velha mídia volta a atacar o governo. E o clima de inação política vem abrindo espaço até mesmo para a radicalização de vozes da oposição - como Aécio Neves - normalmente dotadas de maior comedimento.
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Tem-se, então, um paradoxo. Numa ponta, o mais promissor início administrativo de um governo na moderna história política brasileira. Logo de cara foram apresentados novos modelos de coordenação de ações, mudanças significativas nas formas de gestão pública e objetivos claros: erradicação da miséria absoluta, investimentos em infra-estrutura, ampliação do pacto federativo para as políticas sociais.
Mas a percepção na opinião pública é de um governo perdido nas articulações políticas. Fundamentalmente devido ao isolamento da presidente, seu afastamento do discurso público e da articulação política.
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Há urgência em retomar os canais de diálogo com a sociedade como um todo. Inclusive para enfrentar as mudanças que em breve deverão ocorrer no cenário econômico global.
Consumidor amplia demanda por crédito
A quantidade de pessoas que buscou crédito durante o primeiro semestre de 2011 avançou 13,7% durante o primeiro semestre de 2011 na comparação com o mesmo período do ano passado, diz a consultoria Serasa Experian. O ritmo ficou um pouco abaixo do verificado nos semestres anteriores (alta de 16,6% no primeiro semestre de 2010 e de 16,2% na segunda metade do ano passado), revelando que a procura do consumidor por crédito exibiu certa desaceleração na primeira metade deste ano de 2011.
Emprego industrial varia 0,1% em maio
O emprego industrial apontou variação positiva de 0,1% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mantendo a estabilidade apresentada em março (0,0%) e abril (-0,1%), refletindo o desempenho menos intenso da produção industrial nos últimos meses. Na comparação com maio de 2010, o emprego industrial avançou 1,3%, marcando seu 16º resultado positivo consecutivo, mas o menos intenso desde fevereiro do ano passado (0,8%).
IPC-S começa julho com leve crescimento
Os preços medidos pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) atingiram -0,11% na primeira semana de julho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado subiu 0,07 ponto percentual ante a última divulgação, quando a variação foi de -0,18%. Duas das sete classes de despesa apuradas registraram crescimento em suas taxas de variação: Alimentação (de -1,03% para -0,77%) e Transportes (de -1,09% para -0,72%).
Tesouro anuncia captação de US$ 500 milhões
O Tesouro Nacional conseguiu captar US$ 500 milhões de investidores norte-americanos e europeus com taxa de juros de 4,188% ao ano, considerado o menor valor da história para emissões no exterior. O montante veio da emissão de títulos da dívida externa com vencimento em janeiro de 2021. A emissão foi realizada uma semana depois de a agência de classificação de risco Moody's ter elevado a nota da dívida brasileira no exterior.
Governo aumenta gastos com políticas sociais em 146%
Os gastos do governo federal em políticas sociais passaram de R$ 219,7 bilhões em 1995 para R$ 541,3 bilhões em 2009, um aumento de 146%, de acordo com estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os dados, os gastos sociais federais em 1995 representavam 11,24% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 2009, o percentual chegou a 15,8%, o maior patamar verificado nos 15 anos analisados.
EUA abrem 18 mil vagas de trabalho em junho
Os Estados Unidos criaram 18 mil vagas de emprego durante o mês de junho, segundo dados do Departamento de Trabalho local. Os dados ficaram bem abaixo do esperado pelos analistas. Também foram revisados para forte queda os dados referentes a maio e abril – o número de maio foi revisado da criação de 54 mil vagas para 25 mil, e o de abril diminuiu de 232 mil para 217 mil. Já a taxa de desemprego subiu de 9,1% em maio para 9,2% em junho.

Custo da ampliação da Marginal do Tietê já é 75% maior do que o previsto

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Gastos chegaram a R$ 1,75 bilhão, com mais R$ 200 milhões para ponte estaiada e outras obras; em 2008, estimativa era de R$ 1 bi

10 de julho de 2011 | 21h 35
Paulo Saldana e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Apesar de as novas pistas da Marginal do Tietê terem sido abertas há quase um ano e meio, as obras de ampliação continuam consumindo dinheiro dos cofres públicos. Uma nova atualização no valor do convênio firmado entre Prefeitura de São Paulo e governo do Estado colocou mais R$ 200 milhões na obra no fim de junho. O custo da Nova Marginal chega a R$ 1,75 bilhão - 75% acima do estimado no primeiro orçamento, de 2008.
José Patrício/AE
José Patrício/AE
Vista da ponte estaiada no acesso à marginal Tietê
No total, seria possível construir 300 escolas ou 7 hospitais de 200 leitos cada com os R$ 750 milhões extras que já foram gastos com a avenida. O aumento de custos é resultado da inclusão de serviços que não estavam previstos pela Desenvolvimento Rodoviário S. A. (Dersa), empresa responsável pela obra.
Em fevereiro deste ano, só faltava terminar a ponte estaiada do Complexo Bandeiras, que vai facilitar a entrada dos veículos na Avenida do Estado a partir da Marginal - prevista no projeto inicial, em 2008.
A nova injeção de recursos não será dirigida apenas para a nova ponte. Segundo a Dersa, os R$ 200 milhões são necessários para obras secundárias, como travessias subterrâneas para passagens de cabos para iluminação, complementos de barreiras de concreto e o alargamento da pista local para implantação da 4.ª faixa entre as Pontes do Limão e Casa Verde. Esta última ainda não foi concluída, e não foi informado prazo para o término dos trabalhos. A Dersa não revelou a lista completa de ajustes ainda por fazer.
Já a ponte estaiada, prometida para dezembro de 2010, teve sua inauguração postergada para junho deste ano e, agora, a promessa é que ela seja aberta parcialmente ao tráfego até o final de julho. O custo total da estrutura foi de R$ 85 milhões, sem incluir a iluminação e a alça de acesso ao Bom Retiro, na região central, que não será inaugurada este ano.
As novas lâmpadas para a ponte também estão incluídas na atualização do convênio entre Prefeitura e Dersa feita no mês passado. Com a inauguração da ponte, cerca de 20 mil veículos por dia que vêm da Avenida do Estado poderão entrar diretamente nas pistas central e local da Marginal do Tietê no sentido Castelo Branco. Atualmente, é necessário virar à direita na continuação da Avenida Tiradentes, atravessar a Marginal, contornar a Praça Campo de Bagatelle e seguir pela Avenida Olavo Fontoura, que passa ao lado do Sambódromo do Anhembi.
Explicações
Os convênios são instrumentos jurídicos que viabilizam o repasse de recursos para a execução da obra. No caso da Marginal, o primeiro foi assinado em 25 de fevereiro de 2008, no valor de R$ 1 bilhão, quando se deu o pontapé inicial para os trabalhos. Progressivamente, novas atualizações foram feitas para que a Dersa pagasse os serviços considerados necessários para a continuação da obra.
Em relação aos motivos dos aumentos, a empresa afirmou que, como o projeto de engenharia e o licenciamento ambiental foram concluídos após a assinatura do convênio, somente com a finalização desses trabalhos é que foi possível obter uma "estimativa mais realista sobre o custo do empreendimento". Outra justificativa para os aditamentos foi a inflação, já que o convênio não possui cláusulas para reajuste automático da correção monetária.
A empresa disse também que há a possibilidade de não usar todo o valor das atualizações, mas não informou quanto dos R$ 200 milhões será usado ou economizado.

Acesso para Bom Retiro não tem data para ficar pronto

Quem trafegar pela Avenida do Estado em direção à nova ponte estaiada poderá ver uma entrada incompleta a cerca de 10 metros de altura, mais ou menos na metade da subida da ponte. Trata-se de um acesso direto ao bairro do Bom Retiro que estava previsto para ser inaugurado com a nova ponte, mas que ainda não tem data para sair do papel.
A alça terá cerca de 200 metros de extensão e funcionará como uma espécie de retorno para quem vem da Av. Presidente Castelo Branco - o atual acesso da pista local da Marginal à Avenida do Estado para os motoristas que trafegam no sentido Ayrton Senna. Segundo a Dersa, ainda faltam desapropriações de imóveis do bairro para concluir a alça, que custará R$ 55 milhões.
Enquanto o acesso não estiver pronto, blocos de concreto vão bloqueá-lo para evitar acidentes após a inauguração da parte principal da ponte.