segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sobre a irracionalidade política



Coluna Econômica - 11/07/2011
A política é a arte da irracionalidade. Exige acordos, concessões e um jogo duplo: numa ponta as negociações nem sempre transparentes para garantir a base de apoio político; na outra, a construção do imaginário junto ao eleitor, para garantir os votos e o cacife junto aos aliados políticos. Entre esses dois movimentos, o desafio de abrir espaço para a racionalidade administrativa.
São momentos distintos e estratégias distintas, um desafio muito mais complexo do que o de gestor de uma grande empresa.
É só conferir o caso PV-Marina Silva. A irracionalidade é tão grande que faz um partido inexpressivo – o PV, Partido verde – abrir mão de uma política com a história de Marina Silva, com 20 milhões de votos obtidos nas últimas eleições. Isso porque são momentos distintos.
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Um acurado observador do cenário político observa que, nos seis primeiros meses de seu governo, Dilma Rousseff não conseguiu ainda a embocadura necessária para vencer o desafio político.
No início, diz ele, fez bem em baixar a fervura da guerra com a velha mídia e não pretender se comparar a Lula. Este criou seu próprio espaço midiático, freqüentava diariamente as páginas dos jornais, mesmo daqueles francamente hostis.
Dilma foi prudente em não pretender trilhar o mesmo caminho, dada a diferença de estilo entre ambos. Mas vem cometendo o erro de se isolar totalmente não apenas do contato com o público, mas com interlocutores de diversas áreas da sociedade civil.
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Principal palco do grande pacto nacional, o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) perdeu vigor. Há pouco diálogo com sindicatos e movimentos sociais. A militância da blogosfera está totalmente perdida, com guerras intestinas e radicais até para temas que mereciam um tratamento mais racional, como o PNBL (Programa Nacional da Banda Larga) e o Código Florestal.
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A interlocução política perdeu um grande articulador - Alexandre Padilha -, um macaco velho - Antonio Palocci – em troca de uma senadora séria – Ideli Salvatti – mas sem um pingo de experiência em articulação política.
Não há uniformidade no discurso público. Aliás, o estilo Dilma provocou um encapsulamento na comunicação inclusive de ministérios da área econômica.
Depois de um período de trégua, a velha mídia volta a atacar o governo. E o clima de inação política vem abrindo espaço até mesmo para a radicalização de vozes da oposição - como Aécio Neves - normalmente dotadas de maior comedimento.
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Tem-se, então, um paradoxo. Numa ponta, o mais promissor início administrativo de um governo na moderna história política brasileira. Logo de cara foram apresentados novos modelos de coordenação de ações, mudanças significativas nas formas de gestão pública e objetivos claros: erradicação da miséria absoluta, investimentos em infra-estrutura, ampliação do pacto federativo para as políticas sociais.
Mas a percepção na opinião pública é de um governo perdido nas articulações políticas. Fundamentalmente devido ao isolamento da presidente, seu afastamento do discurso público e da articulação política.
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Há urgência em retomar os canais de diálogo com a sociedade como um todo. Inclusive para enfrentar as mudanças que em breve deverão ocorrer no cenário econômico global.
Consumidor amplia demanda por crédito
A quantidade de pessoas que buscou crédito durante o primeiro semestre de 2011 avançou 13,7% durante o primeiro semestre de 2011 na comparação com o mesmo período do ano passado, diz a consultoria Serasa Experian. O ritmo ficou um pouco abaixo do verificado nos semestres anteriores (alta de 16,6% no primeiro semestre de 2010 e de 16,2% na segunda metade do ano passado), revelando que a procura do consumidor por crédito exibiu certa desaceleração na primeira metade deste ano de 2011.
Emprego industrial varia 0,1% em maio
O emprego industrial apontou variação positiva de 0,1% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mantendo a estabilidade apresentada em março (0,0%) e abril (-0,1%), refletindo o desempenho menos intenso da produção industrial nos últimos meses. Na comparação com maio de 2010, o emprego industrial avançou 1,3%, marcando seu 16º resultado positivo consecutivo, mas o menos intenso desde fevereiro do ano passado (0,8%).
IPC-S começa julho com leve crescimento
Os preços medidos pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) atingiram -0,11% na primeira semana de julho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado subiu 0,07 ponto percentual ante a última divulgação, quando a variação foi de -0,18%. Duas das sete classes de despesa apuradas registraram crescimento em suas taxas de variação: Alimentação (de -1,03% para -0,77%) e Transportes (de -1,09% para -0,72%).
Tesouro anuncia captação de US$ 500 milhões
O Tesouro Nacional conseguiu captar US$ 500 milhões de investidores norte-americanos e europeus com taxa de juros de 4,188% ao ano, considerado o menor valor da história para emissões no exterior. O montante veio da emissão de títulos da dívida externa com vencimento em janeiro de 2021. A emissão foi realizada uma semana depois de a agência de classificação de risco Moody's ter elevado a nota da dívida brasileira no exterior.
Governo aumenta gastos com políticas sociais em 146%
Os gastos do governo federal em políticas sociais passaram de R$ 219,7 bilhões em 1995 para R$ 541,3 bilhões em 2009, um aumento de 146%, de acordo com estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os dados, os gastos sociais federais em 1995 representavam 11,24% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 2009, o percentual chegou a 15,8%, o maior patamar verificado nos 15 anos analisados.
EUA abrem 18 mil vagas de trabalho em junho
Os Estados Unidos criaram 18 mil vagas de emprego durante o mês de junho, segundo dados do Departamento de Trabalho local. Os dados ficaram bem abaixo do esperado pelos analistas. Também foram revisados para forte queda os dados referentes a maio e abril – o número de maio foi revisado da criação de 54 mil vagas para 25 mil, e o de abril diminuiu de 232 mil para 217 mil. Já a taxa de desemprego subiu de 9,1% em maio para 9,2% em junho.

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