Um passeio por Higienópolis é uma viagem museológica. Além de uma arquitetura marcante e de esculturas preciosas em jardins e parques há também painéis e vitrais, às vezes quase secretos, instalados no térreo ou nas fachadas dos edifícios do bairro. Essa arte surpreendente transforma a caminhada na região num deleite estético no qual se acumulam belas imagens modernistas. Só é preciso um olhar atento ou um guia bem informado para descobrir onde elas estão escondidas.
O professor de francês André Pompeu de Toledo pode ser esse guia. Ele se tem dedicado a garimpar as belezas do bairro há quatro anos, quando começou a pesquisar mais a sério a arte dos edifícios e dos jardins. "Tenho muita curiosidade pelo modernismo e comecei a notar que havia vários obras do estilo em Higienópolis, principalmente dentro dos prédios. Isso se juntou ao meu interesse por arquitetura", diz.
A primeira obra que chamou sua atenção e despertou sua curiosidade para esse tipo de arte foi um lindo painel do artista Antônio Gomide, no edifício Santo André, na rua Piauí, em frente à praça Buenos Aires. Em seguida, ele descobriu três trabalhos de Clóvis Graciano, um no Lausanne, na avenida Higienópolis, e outros dois no Irajá, na esquina da ruas Aracaju e Pernambuco.
O passeio artístico por Higienópolis pode começar pela Faap, cujos jardins são repletos de esculturas de artistas consagrados, como Sérgio Camargo, Arcangelo Ianelli, Amilcar de Castro, Bruno Giorgi e Franz Weissmann, No interior do prédio principal da faculdade há dezenas de pequenos vitrais, entre os quais um de Tarsila do Amaral e outro de Fulvio Pennacchi.
Seguindo em frente, em direção à praça Vilaboim, o caminhante não deixará de notar o edifício Louveira, projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas. Além da construção belíssima, o observador mais curioso vai observar um painel do artista Francisco Rebolo em uma das entradas.
No bairro há diversas edificações decoradas com alguma obra de arte modernista. O artista Bramante Buffoni tem um painel no edifício Nobel, na avenida Higienópolis, e mais uma obra que Toledo deduz que seja do mesmo autor, porque o estilo é muito parecido, que fica no prédio Jardim Buenos Aires, na rua Piauí, entre a avenida Angélica e a rua Itacolomi.
Nas imediações podem ser vistas muitas outras obras. Há, por exemplo, uma escultura de Domenico Calabrone no edifício Diana. Outra escultura no condomínio Noblesse, na Itacolomi, é atribuida a ele. No parque Buenos Aires, entre as ruas Piauí e a Alagoas, observa-se uma escultura de pedra de Caetano Fraccaroli chamada "A Mãe" e uma cópia de "Emigrantes", de Lasar Segall. O edifício Buenos Ayres, na Alagoas, está decorado com um esplêndido vitral.
"Os arquitetos, nos anos 1940 e 1950, perceberam que muitos futuros moradores gostariam de viver num lugar onde houvesse uma obra de um artista plástico conhecido. Isso tinha apelo comercial"; diz Toledo. "Ao mesmo tempo, os arquitetos tinham vários pintores e escultores no seu círculo de amizades que eles convidavam para participar do projeto, o que rendia uma excelente parceria."
Quem quiser conhecer de perto os tesouros escondidos de Higienópolis pode participar de uma visita pelo bairro guiada por Toledo no próximo dia 12. Mais detalhes podem ser obtidos pelo e-mail andre-pompeu@uol.com.br.
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