terça-feira, 1 de outubro de 2024

Avanço acelerado da energia solar até 2028 exigirá leilões anuais de potência, aponta ONS, FSP

 Rodrigo Viga Gaier

Rio de Janeiro | Reuters

Com as mudanças enxergadas na matriz elétrica até 2028, puxadas por um crescimento acelerado da energia solar, o Brasil precisará realizar contratações anuais de mais potência para o sistema elétrico, em leilões que serão essenciais para ajudar na operação mais desafiadora para o atendimento do pico da demanda por energia, disse o diretor de planejamento do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Segundo Alexandre Zucarato, embora não fique responsável por estimar demanda para os leilões, o ONS identifica déficit "relevante" de potência para o futuro, sendo necessárias contratações na casa dos 3 gigawatts (GW) por ano para garantir mais conforto e tranquilidade na operação do setor elétrico.

"A gente não coloca o tamanho do déficit (de potência), até porque não se estima demanda de leilão. Estamos falando de algo relevante, na casa dos gigawatts, não é algo marginal", afirmou.

Painéis solares montados em mercado de Salvador
Painéis solares montados em mercado de Salvador - Rafaela Araújo/Folhapress

maior necessidade de potência para o setor elétrico ocorre principalmente com o crescimento da solar na matriz, fonte renovável que garante geração ao longo do dia mas que, quando deixa de produzir no final da tarde, exige que outras usinas entrem rapidamente em operação para assegurar a estabilidade do fornecimento de energia aos consumidores.

Segundo estimativas do ONS no PEN 2024 - Horizonte 2024-2028 (Plano da Operação Energética), a oferta de energia elétrica no Brasil deverá crescer cerca de 30 GW até 2028, para 245 GW de capacidade instalada, impulsionada pelas fontes eólica e solar e pela geração distribuída.

O principal destaque é o avanço da solar, tanto em grandes usinas centralizadas quanto na mini e micro geração distribuída. Somadas, essas modalidades de geração fotovoltaica deverão representar cerca de 26% da matriz brasileira ao final de 2028, contra 17,5% registrados em dezembro de 2023.

Por outro lado, a geração das hidrelétricas, consideradas o pulmão do setor elétrico nacional, deve perder participação, de 47,1% para 40,9% em 2028.

"O Brasil continua sobreofertado de energia, não tem sentido contratar energia, mas o requisito de potência é imprescindível, e a gente tem que colocar dentro do sistema atributo de atendimento à ponta", disse Zucarato.

"Pode ser de geração hidráulica, usina hidrelétrica reversível, termelétrica, bateria. Tem um portfólio para potência. O que a gente precisa é de um recurso que atenda a ponta, despachável e flexível", complementou, sem comentar sobre uma fonte preferível para o operador do sistema.

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