quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

ABRAM SZAJMAN São Paulo, 470: o que queremos dela (e para ela)? FSP

 Abram Szajman

Presidente da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo)

Se o Brasil é o país das oportunidades, a cidade de São Paulo é um dos lugares mais propícios para concretizá-las. Meus pais, por exemplo, vieram da Polônia e se instalaram no Bom Retiro, bairro em que nasci no final dos anos 1930 e que primeiro abrigou a colônia italiana, depois a comunidade judaica e, atualmente, imigrantes sul-coreanos e bolivianos. Em outras regiões, juntaram-se a eles, japoneses e árabes, entre outras nacionalidades.

Cresci respirando essa atmosfera plural, que permitiu o desenvolvimento de todas as atividades produtivas e cujo resultado está na metrópole generosa que vivemos hoje. Esse progresso, contudo, cobrou o seu preço. Os problemas estruturais da metrópole de agora espelham os mesmos do Brasil.

Violência urbana, infraestrutura defasada, má gestão dos efeitos das mudanças climáticas, insegurança jurídica e burocracia excessiva são entraves que afugentam investimentos e atormentam o cotidiano dos paulistanos. A qualidade de vida piorou.

É um cenário preocupante para uma cidade que tem um mercado de trabalho maior do que todos os estados brasileiros, exceto do próprio estado de São Paulo, da qual é capital, com 4,7 milhões de empregos formais e cujo Produto Interno Bruto (PIB) —de quase R$ 1 trilhão— só é menor que o do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e, da mesma forma, do próprio estado.

Por essa razão, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) tem exercido ativamente o seu papel de sugerir melhorias e cobrá-las das autoridades a fim de tornar o ambiente de negócios mais promissor e, com isso, trilhar uma rota de crescimento e produtividade. Defendemos e seguiremos atuando pela modernização do Estado brasileiro.

Tomemos como exemplo a segurança pública, que vive uma grave crise. Vimos muitos estabelecimentos fechando as portas ou recorrendo a meios de proteção particular para se protegerem da violência. Tudo isso na metrópole cujo varejo fatura R$ 1 bilhão por dia, reunindo mais de 10% dos empreendimentos dos setores de comércio e serviços de todo o Brasil. Temos levado ao Poder Público uma agenda de inteligência para a identificação dos logradouros mais suscetíveis a práticas de ilicitudes, assim como pedimos reforço do patrulhamento preventivo e um trabalho mais robusto de investigação do crime organizado.

PUBLICIDADE

Se São Paulo espelha o Brasil, então é preciso pensar em uma reforma estatal que atravesse os três níveis de governo. A cidade, tal qual o país, precisa de uma máquina pública mais eficiente, menos custosa e mais moderna. Enquanto isso não acontece, nós, empresários, vamos seguir resilientes —porque é isso que mantém o sucesso econômico em meio às adversidades. A propósito, neste marco de 470 anos, vamos trabalhar para qualificar o debate nas eleições municipais que se aproximam. São Paulo precisa de paz e boas iniciativas para prosperar.


Nenhum comentário: