terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Confederação israelita propõe prisão de Breno Altman após apoio a Genoino, FSP

 A Conib (Confederação Israelita do Brasil) voltou a acionar a Justiça contra o jornalista Breno Altman. A entidade apresentou uma ação junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região em que acusa o fundador do site Opera Mundi de "incitar uma caçada aos judeus" após apoiar uma fala do petista José Genoino.

Em entrevista ao site Diário do Centro do Mundo, o ex-presidente do PT defendeu o boicote a empresas de judeus e que o Brasil cortasse relações comerciais com Israel como resposta à guerra em Gaza. Após a repercussão da declaração, Altman, que é judeu, manifestou apoio a Genoino.

O jornalista Breno Altman durante debate realizado na sede da Folha, em São Paulo - Keiny Andrade - 11.nov.2019/Folhapress

"José Genoíno está coberto de razão. O Estado colonial e racista de Israel deve ser submetido a boicote, desinvestimento e sanções, como a África do Sul durante o apartheid. Empresas apoiadoras desse regime criminoso, incluindo as brasileiras, devem receber a mesma punição", escreveu o jornalista nas redes.

Genoino, posteriormente, negou ser antissemita, disse repudiar "qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu" e afirmou que se vê na obrigação de denunciar o "genocídio do governo de Israel contra o povo palestino".

A postagem é uma das citadas pela Conib na nova ofensiva judicial. A entidade pede que Altman tenha suas redes suspensas e seja proibido, sob pena de prisão preventiva, de seguir fazendo suas críticas públicas ao Estado de Israel.

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Assim como em uma ação anterior, a confederação volta a solicitar que o jornalista seja vetado de "participar de lives, vídeos e ou manifestações que tenham o mesmo cunho e objetivo de intolerância e de incitação à violência".

"Ao concordar com a sugestão de boicotar essas empresas, Breno Altman mais uma vez deixa evidente o seu antissemitismo e, mais do que isso, o seu elevado grau de periculosidade, ao reforçar estereótipos prejudiciais, alimentar preconceitos e contribuir para a disseminação de sentimentos hostis contra os judeus", afirma a Conib.

"O posicionamento de José Genoíno, seguido por Breno Altman, e a repercussão que gerou a partir deste, está gerando pânico, temor e desespero na comunidade judaica, por se tratar de um estímulo à perseguição, tal qual aconteceu durante o Holocausto", completa a entidade.

Procurado pela coluna, o advogado Pedro Serrano, que defende o jornalista, afirma que a Conib confunde críticas ao sionismo com antissemitismo e, com isso, repete uma tentativa de censura.

"Trata-se de uma tentativa de censurar opiniões políticas do Breno, que nada têm de antissemitismo. O que ele tem é um antissionismo, ou seja, ele é crítico ao sionismo, que é uma posição política", diz Serrano.

"O Breno é judeu, teve antepassados mortos em campos de concentração. Não tem nenhum sentido ele ser contra ele mesmo, contra a própria família", afirma ainda.

O jornalista tem emitido, há meses, posicionamentos contrários à atuação do Estado israelense no conflito em Gaza.

Em novembro, a 16ª Vara Cível de São Paulo determinou a suspensão de sete publicações suas, atendendo a uma ação apresentada pela Conib. No início deste mês, a entidade voltou a acionar a Justiça, afirmando que Altman desrespeitava a decisão ao seguir com os posts.

O jornalista recentemente lançou o livro "Contra o Sionismo: Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista" (Alameda Editorial) e já havia dito, mesmo após a primeira decisão judicial, que seguiria se manifestando em defesa do povo palestino.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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