terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Monica Gugliano -Mudanças climáticas pegam governos no contrapé, e País presta pouca atenção a esse problema - OESP

 As mudanças climáticas que têm atingido em cheio praticamente todas as regiões do País pegaram os governos no contrapé. E as enchentes dos últimos dias são apenas uma das facetas do problema que atinge também a economia, diminuindo a produtividade por causa do calor excessivo. Até agora, os governos não se detiveram muito nestes aspectos. Mas, agora, correndo atrás do prejuízo, um levantamento da Casa Civil e do ministério das Cidades mostrou que 1.942 municípios – 34% do total – são os detentores do maior número de moradores (8,9 milhões de pessoas) em áreas de risco de deslizamentos, causados por enxurradas e enchentes. Somente na semana passada houve mais de uma dezena de mortes no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

O levantamento, publicado pelo Globo, mostra ainda que o governo fez também uma prévia dos efeitos das mudanças climáticas até 2040 e, ainda, a previsão de que esses eventos extremos irão aumentar, por exemplo, na costa da Região Norte até o litoral de Pernambuco e, na região Sul, no leste de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A ideia é dar prioridade as cidades dessas regiões com obras previstas no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investimentos no total de R$ 14,9 milhões até 2026.


Os problemas decorrentes do calor excessivo também terão que ser equacionados. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), temperaturas acima dos 24 a 26ºC estão associadas à redução da produtividade de trabalho. A 33 ou 34ºC, trabalhadores perdem cerca de 50% da sua capacidade de trabalho em atividades de intensidade moderada.


Especialistas da OIT explicam que o calor excessivo afeta a produtividade das pessoas no trabalho. Os trabalhadores mais impactados pelo chamado estresse térmico são os que exercem suas funções ao ar livre, como operários da construção civil e agricultores, ou os que ficam em espaços sem ventilação apropriada, como os da indústria têxtil.


De acordo com a Organização, o calor escaldante é um golpe no crescimento econômico, as pessoas reduzem suas cargas de trabalho e a produtividade cai; o uso de ventiladores e ar-condicionado aumentam o uso de energia sobrecarregando a rede e gerando apagões. Sobrecarregar a rede de energia elétrica e gerar apagões que custam caro para a economia.

A OIT estima que um aumento de 1,5 grau centígrado na temperatura do planeta, até o fim deste século, significará a perda de 2% do total de horas de trabalho. Especialistas no Brasil ponderam que o País está prestando pouca atenção a esse e outros temas correlatos às mudanças climáticas. Quem sabe o PAC para as encostas seja um primeiro passo.



Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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