segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Denunciada por assédio, editora de Política é demitida do ‘Estadão’ DCM

 Jornalista teria assediado jovens repórteres a redigir reportagens distorcidas de modo a atacar Flávio Dino, evitando sua indicação ao STF. Em outro caso, após ser desmentida, publicou salário de jornalista que trabalha no governo

Reprodução
Reprodução
Demissão de Andreza Matais estaria acertada há mais de três meses, após se envolver em polêmicas

São Paulo – De acordo com o site Diário do Centro do Mundo (DCM), a jornalista Andreza Matais, editora-chefe de Política do jornal O Estado de S. Paulo e chefe da sucursal de Brasília, foi demitida nesta segunda-feira (29). O Estadão também demitiu Leonêncio Nossa, “braço direito” de Andreza e editor de Especiais no jornal.

Em novembro, o Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT) abriu investigações contra o Estadão e Andreza, após denúncias graves de assédio moral e constrangimento no ambiente de trabalho. Conforme a denúncia, a jornalista “assediou e obrigou repórteres recém-contratados” a publicar uma matéria relacionando o ministro da Justiça, Flávio Dino, com uma mulher classificada como “dama do tráfico do Amazonas”.

A editora teria pressionado jornalistas mais jovens e recém-contratados. Segundo a denúncia, eles eram forçados a redigir reportagens distorcidas para atender aos interesses pessoais da chefe. Notavelmente, Andreza é casada com um dirigente da federação PSDB-Cidadania, o que levanta suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse político no jornal.

Conforme a denúncia, Andreza tinha objetivo pessoal oculto de “revigorar a candidatura do ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU)”. Dantas chegou a aparecer como um dos nomes na disputa pela sucessão de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF). Portanto, os ataques a Dino atendiam a interesses pessoais da editora do Estadão.

Além disso, o MPT investiga o veículo e a jornalista por supostamente fraudar ou ordenar a fraude em documentos de registro de horas extras realizadas funcionários do jornal. De acordo com o DCM, essa disputa vem desde, pelo menos, maio do ano passado. E incluiu também a demissão de mais de uma dezena de funcionários insatisfeitos.

Histórico de ataques ao governo Lula

Ainda em outubro, Andreza se envolveu em outra polêmica. Na ocasião, o Estadão publicou reportagem alegando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria interferido diretamente em empréstimo da Comunidade Andina de Fomento (CAF) em benefício da Argentina. O objetivo seria favorecer a candidatura governista de Sergio Massa à presidência. Ao mesmo tempo, prejudicaria o candidato extremista Javier Milei, que acabou vencendo a disputa.

Tanto o Palácio do Planalto como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, negaram a existência de qualquer ligação entre o presidente Lula e a liberação dos recursos, como afirmado na matéria, que teria ocorrido no final de agosto. De acordo com a ministra, o ministério resolveu a questão com autonomia, sem qualquer interferência do presidente. Do mesmo modo, o jornalista George Marques, assessor na Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência, também desmentiu o Estadão. Após o desmentido, Andreza atacou o jornalista. Pelas redes sociais, ela publicou o salário de Marques, como forma de intimidá-lo.

A atitude causou insatisfação até mesmo na diretoria do jornal, que considerou excessiva a exposição da jornalista. Diante da polêmica, a jornalista abandonou o X (ex-Twitter). De acordo com o DCM, a demissão já era tida como certa há mais de três meses. De lá para cá, o Estadão estaria negociando com a jornalista “a melhor saída possível para todos”.

Nenhum comentário: