O Partido Liberal de Valdemar Costa Neto, que paga um salário de R$ 46 mil a Bolsonaro e ainda arca com os custos da defesa judicial do ex-presidente, que podem chegar a R$ 2 milhões no barato, está disposto a cobrar a fatura.
Os planos para 2024 são fabulosos. Usando o inelegível como "cabo eleitoral de luxo", o PL estima alcançar 1.500 prefeituras, quatro vezes as atuais 360. Em São Paulo a intenção é comandar 150 municípios; a aposta na capital é o senador Marcos Pontes, após a desistência forçada do deputado federal Ricardo Salles. No Rio surge o nome do general Braga Netto, que escapou da condenação no TSE. Isso sem falar na corrida presidencial, quando Bolsonaro poderia influir em ene prováveis candidaturas, num leque que vai do governador Tarcísio de Freitas à senadora Tereza Cristina.
Cabem aí duas questões. Se os candidatos vão se sentir estimulados ou confortáveis em receber apoio de alguém que virou chave de cadeia e, no meio da campanha, pode parar atrás das grades. E se Bolsonaro —que sempre agiu em causa e proveito próprios ou no máximo para possibilitar a projeção dos filhos— irá cumprir direitinho as ordens de Valdemar.
Ultraprocessado, Bolsonaro está em negação. Exibe a cicatriz na barriga, fala como se tivesse chance em 2026, lembra que não foi condenado por corrupção. Mas ainda pode ser, como também por incitar o 8 de Janeiro, por interferir na Polícia Federal, por associar a vacina da Covid ao risco de contrair HIV, por tentar a liberação das joias apreendidas na Receita. O tempo no banco dos réus será longo.
Os próximos lances do xadrez político mostrarão se existe bolsonarismo sem Bolsonaro. O capitão, mesmo bloqueado por oito anos, continuará influente a ponto de mobilizar milhões de eleitores? Ou, a despeito da extrema direita que o tem como líder, será abandonado e substituído por outra força antipetista?
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