Chegam neste mês às livrarias do Reino Unido novas edições dos livros de James Bond para comemorar os 70 anos do agente secreto mais famoso de todos os tempos. Cá com meus botões, o 007 –pelas aventuras que viveu, pelas vezes em que salvou o mundo e sobretudo pelas mulheres que namorou, entre as quais uma inesquecível Raquel Welch saindo do mar azul do Caribe de biquíni com uma faca e uma concha nas mãos– era mais velho, com o aspecto, digamos, do ator Sean Connery em seus últimos filmes. Mas não: ele nasceu em 13 de abril de 1953, quando Ian Fleming publicou "Cassino Royale".
Os livros vão trazer a óbvia advertência de que foram escritos numa época em que termos e atitudes poderão ser considerados ofensivos aos leitores modernos. Neles, segundo a nota editorial, foram feitas atualizações, mantendo o texto o mais próximo possível do original e do período em que ocorre a ação.
Calma. Bond, James Bond continua com licença para matar concedida por Sua Majestade. Ainda exige o dry martini batido, não mexido. O que muda: onde antes ele dizia "nigger" (o racista "negão"), agora dirá "pessoa negra" ou "homem negro". Arqui-inimigos como o Dr. No serão tratados de forma genérica: gângsters. No entanto, uma mulher chamada de leviana segue sendo leviana.
Esse tipo de revisão atingiu recentemente obras infantojuvenis de Roald Dahl, em que palavras como "gordo" e "doido" foram eliminadas. Agatha Christie também sofreu intervenções em trechos tidos como racistas. No Brasil –alguma dúvida de que a moda iria chegar por aqui?–, "O Caso dos 10 Negrinhos", um de seus maiores sucessos, mudou o título para "E Não Sobrou Nenhum".
A remoção de conteúdo é uma desgraça e deve ser combatida. Mas, mais que censura, como pensam muitos, me parece uma jogada de marketing –Fleming, Dahl e Agatha Christie vendem como banana. Mesmo que retirem a palavra banana dos livros.
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