sábado, 14 de novembro de 2020

Alvaro Costa e Silva O Bolsonaro que ruge, FSP

 

Estados Unidos, presidente mergulha as Forças Armadas na chacota

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Sobrou mais uma vez para as Forças Armadas, cuja desmoralização é o maior e mais bem realizado trabalho do governo. Não cabe mais citar o lugar-comum "Freud explica" para justificar as ações do capitão que, eleito presidente, passa a humilhar militares de alta patente, reduzindo-os a recrutas zeros. Ao sugerir que o Brasil poderá entrar numa guerra contra os Estados Unidos, Bolsonaro autorizou a chacota geral.

"Apenas a diplomacia não dá. Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora", disse o presidente, em seu mais recente ataque de pelanca, referindo-se a possíveis sanções econômicas do candidato eleito Joe Biden para impedir o desmatamento da Amazônia. Aparentemente sem se importar com o tamanho do buraco em que o Exército está metido, o general Mourão entrou na onda e gozou a declaração do chefe: "É uma figura de retórica".

Logo surgiram nas redes sociais mil memes, a maioria mostrando bravos soldados brasileiros pintando meios-fios e caiando troncos de árvores. Os cinéfilos lembraram dois filmes, duas comédias: "O Rato que Ruge", em que um pequeno país declara guerra à maior potência do mundo para mascarar uma crise interna, e "O Incrível Exército de Brancaleone", no qual um bando de esfarrapados e mortos de fome parte em busca de conquistas territoriais.

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No mesmo dia em que cometeu a bravata bélica, Bolsonaro exercitou sua psicopatia verbal ao festejar a suspensão dos testes da vacina Coronavac e considerar como vitória política a morte de um voluntário. Além disso, pôs o trabalho da Anvisa sob suspeita de aparelhamento.

Seu descontrole nada tem a ver com cortina de fumaça. São crimes de responsabilidade, motivados pelo agravamento das denúncias envolvendo Flávio Bolsonaro, a derrota de Trump, o fracasso de seus candidatos nas eleições e a incapacidade de enfrentar a pandemia. O mito está derretendo no óleo do ódio.

Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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