segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Como funciona a rede de comércio internacional de lixo plástico, Nexo Politicas Públicas

 


Como funciona a rede de comércio internacional de lixo plástico

Henrique Pacini

PAPER

Análise de rede do comércio internacional de resíduos plásticos

Network analysis of international trade in plastic scrap

AUTORES

Henrique Pacini, Grace Shi, Alessandro Sanches-Pereira, Antônio Carlos da Silva Filho

ÁREA E SUB-ÁREA

Economia ambiental, mercados secundários e circularidade material

PUBLICADO EM

Sustainable Production and Consumption

LINK PARA O ORIGINAL

Este paper, publicado no periódico Sustainable Production and Consumption, analisa os principais atores e as dinâmicas da rede de comércio mundial de resíduos plásticos, de forma a elucidar os melhores caminhos para negociações ambientais multilaterais de gestão de resíduos.

Os países da União Europeia e da América do Norte têm papel fundamental nesse mercado, segundo dados de 2018. Por outro lado, regiões em desenvolvimento, como a América do Sul, a África e a Eurásia, apresentaram participação discreta nas redes de comércio. O estudo nota também que alguns lugares declaram pouco suas transações de lixo plástico, o que gera problemas na gestão e na recuperação desses resíduos.

A QUAL PERGUNTA A PESQUISA RESPONDE

Quais são os países com papel mais importante na rede mundial de comércio de resíduos (ou lixo) plásticos? Quais as diferentes maneiras de se julgar a posição de um país nessa rede? Os rankings mudam de acordo com o tipo de resíduo plástico analisado?

POR QUE ISSO É RELEVANTE?

Entender o papel dos países na rede de comércio de resíduos plásticos é importante para guiar negociações em processos multilaterais de comércio e governança do lixo. O trabalho também pode otimizar a disseminação de tecnologia na área e auxiliar o processo de implantação de infraestrutura de recuperação e reciclagem de resíduos.

RESUMO DA PESQUISA

O trabalho examina o comércio internacional de resíduos plásticos por meio da estruturação de dados em forma de redes de comércio entre países e do cálculo de índices de centralidade de rede para países envolvidos nesse mercado. O estudo também calcula centralidades de rede para subtipos de polímeros plásticos (etileno, PVC e estireno). As medições da rede permitem a identificação de países importantes que concentram fluxos de lixo plástico em escala. Isso pode ser útil para otimizar a disseminação de tecnologia, implantação de infraestrutura de reciclagem, bem como para estabelecimento de padrões e negociações a respeito do comércio e governança do lixo/resíduos plásticos.

As medições da rede com base em dados de 2018 mostram o papel fundamental dos países da União Europeia e da América do Norte nesse mercado e suas conexões importantes com alguns países asiáticos. Regiões em desenvolvimento, como a América do Sul, África e a Eurásia, apresentaram papéis discretos nas redes analisadas, indicando a necessidade de mais pesquisas sobre subnotificação ou outros fatores por trás dessa aparente sub-representação.

QUAIS FORAM AS CONCLUSÕES?

Alguns países possuem papel mais evidente na rede de comércio de resíduos plásticos, incluindo atuando como pontes entre mercados regionais. A identificação de países-chave na rede é importante, pois pode auxiliar processos de negociação, e facilitar a identificação de locais para investimentos e instalação de infraestrutura de recuperação material. Nota-se também que algumas regiões do mundo declaram pouco suas transações de resíduos plásticos, ou as declaram primariamente como plásticos "mistos" (não especificado), o que gera problemas na gestão e na recuperação de resíduos. As razões por trás disso formam uma área importante para pesquisa e assistência técnica futura.

QUEM DEVERIA CONHECER OS SEUS RESULTADOS?

Profissionais que trabalham com negociações ambientais a nível regional ou internacional, planejadores estratégicos em temas de cadeia de valor, reciclagem e circularidade envolvendo múltiplas jurisdições e estudantes e pesquisadores interessados no fluxo material do comércio internacional, assim como em aspectos ambientais do comércio de materiais secundários.

REFERÊNCIAS

Quiao. Huang, Guangwu Chen, Yafei Wang, Chen Shaoqing, Lixiao Xu, Rui Wang. Modelling the global impact of China's ban on plastic waste imports Resources, Conservation and Recycling, 154 (2020).

Xiaoqian. Hu, Chao Wang, Ming K. Lim, Lenny Koh. Characteristics and community evolution patterns of the international scrap metal trade. Journal of Cleaner Production, 243 (2020).

UNEP - Conference of the Parties to the Basel Convention on the Control of Transboundary movements of Hazardous Wastes and their disposal (2019).

Draft decision BC-14. Amendments to Annexes II, VIII and IC to the Basel Convention. Chao. Wang, Longfeng Zhao, MingK Lim, Weiqiang Chen. Structure of the global plastic waste trade network and the impact of China's import ban Resources, Conservation & Recycling, 153 (2020).

Brooks, Amy L., Wang, Shunli., Jambeck, Jenna R. (2018) The Chinese import ban and its impact on global plastic waste trade. Science Advances 20, Vol 4, No. 6.

Henrique Pacini é economista na UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) em Genebra, onde trabalha com temas ligados a desenvolvimento, meio ambiente e economia circular. Atualmente trabalha em um programa de pesquisa de US$ 28 milhões (SMEP) que apoia iniciativas para a redução de poluição industrial na África e Ásia. Foi pesquisador visitante na Universidade de Harvard (Weatherhead Center for International Affairs), tem doutorado em energy technology pelo KTH (Instituto Real de Tecnologia), na Suécia, mestrado pela University of Applied Sciences de Bremen, na Alemanha, e graduação em economia pela FEA-RP, na USP de Ribeirão Preto.

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