O Recôncavo baiano é a região que geograficamente circula a Baía de Todos-os-Santos e abrange cidades do interior do estado. No século XIX a implantação de fábricas de charuto teve grande importância no desenvolvimento socioeconômico da região. Muitas mulheres puderam sustentar suas famílias trabalhando na produção de charuto e a pesar de todo o desenvolvimento da tecnologia, o trabalho das charuteiras são valorizados e resultam na valorização dos charutos artesanais.
O tabaco da Bahia é um dos melhores do mundo e atualmente 23 cidades do Recôncavo produzem a planta. Doze delas estão na rota do pacote turístico batizado de Rota do Charuto, que é comercializado por agências de turismo da capital baiana. Nas cidades de São Gonçalo dos Campos, Cachoeira e São Félix estão localizadas as fábricas de charuto do roteiro: a Menendez e Amerino, a fábrica Leite Alves e a Dannemann. A seguir você confere um pouco do que foi o nosso passeio!
Começamos a nossa rota do charuto e fomos recebidos pelo gerente de produção Joaquin Velasco Menendez da fábrica de charutos Menendez e Amerino, que está localizada no centro de São Gonçalo dos Campos. Fundada em 1977 por Mario Amerino da Silva Portugal e Benjamin Menendez. Quando foi criada já haviam outras fábricas de charutos na região do Recôncavo, porém em nenhuma delas o charuto era produzido como em Cuba. A família Menendez então, buscou um lugar que as pessoas não soubessem fazer o charuto para que fosse ensinado a produzir o charuto como em seu país de origem. A fábrica atualmente conta com 80 funcionários, sendo 90% mulheres que são exclusivamente produtoras de charutos na fábrica por conta de suas habilidades com as mãos.
Seguimos a nossa rota e paramos na cidade heróica em uma das fábricas mais antigas do Brasil, a Leite Alves que fica situada atualmente na Avenida Carlos Magalhães na cidade de Cachoeira e tinha sede onde hoje funciona o Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB. Fundada em 1954 por Gerhard Meyer Suerdieck, no prédio atualmente são fabricadas três marcas de charutos: Talviz, Le Cigar e a Leite Alves. A fábrica possui 17 funcionários e toda a sua produção é feita por etapas desde a separação das folhas até o processo de embalagem. Toda produção manual é feita por mulheres assim como era feito antigamente. Além de conhecer o processo de fabricação, o visitante pode conhecer um museu que existe dentro da fábrica que conta toda a história do charuto. Há também um espaço para os amantes e clientes degustarem um cafezinho enquanto fumam um charuto.
Finalizamos as nossas visitas as principais fábricas de charuto do Recôncavo, em uma das primeiras fábricas de charuto do Brasil a Dannemann, localizada no porto da cidade de São Félix. Fomos recebidos por Felipe Santana que é responsável pelo marketing da fábrica. O alemão Geraldo Dannemann veio para a Bahia já sabendo da alta qualidade do fumo baiano e aqui no Recôncavo fundou a fábrica no ano de 1872. Quando a fábrica de charutos Dannemann foi criada, São Félix ainda era uma vila, com o crescimento da vila 18 anos depois da criação da fábrica, houve a necessidade de emancipar aquela vila e quando isso aconteceu a cidade teve Geraldo Dannemann como primeiro prefeito.
A produção do charuto é feita exclusivamente por mulheres que confeccionam cada um de acordo com sua receita, podendo receber entre 5 e 14 folhas. O charuto é composto por uma folha que dá forma ao charuto, chamada capote, uma folha que dá beleza e sabor que finaliza o charuto chamada capa e por folhas de enchimento no meio do charuto. O tabaco leva dois anos pra ficar pronto para a confecção do charuto e é produzido em duas fazendas próprias e lavradores de cidades próximas. Um charuto fica pronto em aproximadamente um mês e meio e é considerado o melhor charuto do Brasil e um dos melhores do mundo.
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