É quase unânime (91%) o apoio ao investimento em ciência para melhorar o futuro e antecipar respostas para futuras crises sanitárias. Está no mesmo patamar (88%) os que consideram adequado o fechamento das escolas. Esses dados fazem parte da mais recente pesquisa da Rede Nossa São Paulo com o Ibope Inteligência e mostram a valorização e a obediência à ciência que, desde sempre, trabalha em favor da vida.
As conclusões da pesquisa revelam (e impressionam justamente por isso) o grau de consciência da população paulistana sobre os impactos do novo coronavírus. Seis meses de pandemia parecem equivaler a anos de experiência em muitas dimensões da vida.
A visão de que a desigualdade atravessa todos os temas da sociedade se consolidou.
Aproximadamente oito em cada dez pessoas declararam que os estudantes têm dificuldades devido à falta de infraestrutura. As limitações para o acesso à internet, a carência de equipamentos e de um ambiente em casa que permita a concentração nas aulas denotam a desigualdade no processo educativo. Daí a necessidade do poder público considerar as condições dos alunos neste momento.
Está claro o impacto da pandemia nas condições de emprego, renda e sobrevivência. Aumentou a precarização do trabalho, dizem 77% dos entrevistados. Seis em cada dez perderam renda total ou parcial e quase a metade teve redução na jornada de trabalho. Confirma-se aqui o papel da renda emergencial.
Ao serem questionados sobre a quem cabe a decisão pela volta às aulas, fica evidente a importância da política como orientadora durante as crises. Quatro em cada dez disseram que a decisão cabe ao Ministério da Educação e 35%, à Secretaria Estadual de Educação. Os números deixam claro a importância de mensagens unificadas das diferentes esferas de governo. A falta disso no Brasil foi, lamentavelmente, fator agravante do número de mortes.
Nove em cada dez deram a receita para a manutenção da saúde mental: cultura, arte e entretenimento. Foram os artistas e os escritores, as músicas e os filmes, as crônicas e os romances, que seguraram a onda do isolamento e da solidão e nos transmitiram alento e conforto. O que seria de nós sem a arte e a cultura?
Se os dados estatísticos são fundamentais para a elaboração de diagnósticos, as pesquisas de percepção revelam o olhar e as expectativas da população em relação à experiência que vivenciamos na pandemia. A combinação de indicadores e da pesquisa de percepção tem potência e permite uma visão integrada e o encaminhamento de soluções que, além de estabelecer metas de melhoria, atendam às expectativas das pessoas.
Depois de seis meses desta difícil experiência que envolve medos, angústias e riscos, surgem aprendizados e ficam cada vez mais claras: a necessidade do investimento em saúde pública, na ciência e na educação; a importância de priorizar a redução das desigualdades nas cidades e no país; a necessidade de uma renda básica que supra as necessidades mínimas da população mais pobre; e o fundamental apoio à cultura, boia salva-vidas em tempos de isolamento, entre outros temas.
Ficou evidente a importância do Estado e da política na pandemia, e o poder local nas cidades foi valorizado. Daí a relevância das eleições municipais deste ano e de propostas que encaminhem soluções para a superação de problemas que, embora já existissem, se evidenciaram durante a pandemia.
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