Platão, filósofo grego nascido entre 427-428 a.C., recorreu ao diálogo para expressar e transmitir a sua filosofia. Até os 40 anos de idade percorreu, naquela época, países europeus, africanos e asiáticos em busca de aperfeiçoamento e conhecimento sobre política e democracia.
Já na atualidade, apesar de toda tecnologia, o diálogo —uma condição única e exclusiva do ser humano— ainda é uma dificuldade entre os homens. O simples ato de trocar argumentos com duas ou mais pessoas para alcançar um acordo está cada vez mais difícil na sociedade.
Exemplo disso ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no ano passado. Por diversas vezes, o diálogo foi abandonado e deu espaço a ofensas, violência, extremismo e defesa cega de ideologias. Episódios que não eram comuns passaram a acontecer com frequência.
Valores éticos e morais foram deixados de lado, o que resultou em um número recorde de denúncias ao Conselho de Ética por quebra de decoro: 22 casos. Parlamentares foram advertidos e por diversas vezes tiveram a palavra suspensa por uso inapropriado do discurso, conforme previsto no regimento interno da Assembleia Legislativa.
Um dos motivos para o acirramento dos ânimos pode ser a inexperiência. Dos 94 deputados eleitos em 2018, mais da metade encara pela primeira vez um mandato na Casa sem saber exatamente as regras. Outro grupo sequer tinha ocupado um cargo público. Diante de atitudes tão diversas, os conflitos foram inevitáveis no Parlamento.
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Outro motivo pode ser a polarização. A política, no sentido de governar, dirigir, administrar, não deve ser feita sob gritos ou medição de força. Deve-se discutir as propostas, implantar melhorias, sempre visando os anseios sociais e a eficiência na aplicação dos recursos públicos.
Porém, passado todo o ano de 2019, o que se espera agora é que os deputados possam compreender seu papel e identificar a melhor forma de agir. As sessões legislativas foram retomadas e os projetos estão em pauta para serem analisados, discutidos e votados.
Por isso, neste ano de 2020, meus esforços serão para que o diálogo seja uma premissa na Alesp. A conversa, o entendimento das ideias e a busca por acordo são condições inerentes aos deputados e ao Parlamento, e é isso que deve ser colocado em prática —nada parecido com o que vimos no ano passado.
O verdadeiro diálogo considera o clima de boa vontade e compreensão recíproca. O que a sociedade espera de todos nós é uma política de alto nível, de transformações e de melhorias. Antes de qualquer ato, é preciso refletir, pensar e analisar. Como diz Platão: “O pensamento é o diálogo da alma consigo mesma”.
Apesar de um combate real, o diálogo deve ser amistoso, para troca de ideias e informações. Junto ao respeito, ele pavimenta o acordo, a tolerância às ideias e a todas as formas de pensamento. Só assim conseguiremos avançar e atender a necessidades e pleitos da população para uma vida melhor a todos.
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