sexta-feira, 28 de abril de 2023

Empreendedor incansável: fundador da Kaiser e Kero Coco se lança em nova empreitada, aos 81 anos. OESP

 Filho de um banqueiro de Minas Gerais, Luiz Otávio Possas Gonçalves, tinha tudo para ser só mais um herdeiro, um playboy que curte as altas rodas da sociedade. Não gostava de estudar e não queria saber de trabalhar na instituição financeira da família.

Mas mesmo hoje, depois de pelo menos dois grandes negócios que o tornaram (ainda mais) milionário – e de uma seca que lhe deu muito prejuízo – , ele não se dá bem com essa coisa de só curtir a vida, de viver de renda.

“Tem gente que dedica a vida aos pobres, ou à arte, ou ao trabalho. Eu dediquei a minha a engarrafar coisas e agora eu continuo fazendo isso”, diz Possas. Mas há um detalhe que ele não gosta de ressaltar: Possas tem 81 anos. Em uma idade em que a maioria das pessoas só quer saber de descansar e curtir os netos, ele prefere sair engarrafando – desta vez – caldo de cana.

Há três meses Possas lançou numa cadeia de supermercados de Belo Horizonte garrafinhas de 300 ml do Caldo de Cana Vale Verde. “Eu não tinha uma meta. Eu não faço metas, nunca fiz. Mas estamos vendendo de 2 mil a 2,5 mil garrafas por mês. Se der certo, vamos expandindo. Se não der, paciência.”

Em vez de curtir a aposentadoria à beira-mar, Luiz Otávio Possas ainda está empreendendo
Em vez de curtir a aposentadoria à beira-mar, Luiz Otávio Possas ainda está empreendendo Foto: Washington Alves/Estadão

Esse estilo de administrar que ele chama de “foi fondo, foi fondo até que chegou” – como se diz em Minas -, é o que ele aprendeu desde pequeno, quando achou o que queria fazer na vida, aos 17 anos. Em Divinópolis (MG), conta o empresário, havia uma fábrica de guaraná chamada Guarapan. De tão mal administrada e afogada em dívidas, o Banco Mercantil (do pai de Possas) assumiu a pequena engarrafadora.

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Foi nessa fábrica que Possas começou a trabalhar, carregando caixas, aos 17 anos. E foi ali que ele começou a gostar do negócio de bebidas e garrafas. Tanto que anos depois, ao assumir a direção da empresa, a tornou – nos anos 50 – a primeira franquia da Coca-Cola em Minas Gerais.

Os negócios iam bem até as concorrentes, Brahma e Antarctica (que mais tarde formaram a Ambev), começaram a fazer venda casada: só forneciam suas cervejas se o bar, supermercado ou restaurante comprassem também seus refrigerantes.

“Eu digo que criei a Kaiser por necessidade porque eu já estava perto da falência nessa época. A Coca não tinha cerveja e estava perdendo mercado. A participação que a gente tinha, que era de 30%, 40%, caiu para 12% e não parava de encolher”, relembra. Possas, então, contratou um mestre cervejeiro que havia trabalhado para a Heineken em Angola para criar a Kaiser. Com a cerveja no portfólio, ele poderia fazer frente à venda casada da concorrência. E deu certo.

Tanto que, 20 anos depois ele vendeu, em 2002, 100% da Kaiser para a canadense Molson Coors – uma das maiores cervejarias do mundo – por US$ 765 milhões. De lambuja, Possas ainda assumiu um posto de conselheiro da Molson, no Canadá.

O problema é que os canadenses faziam planos e estipularam metas para um ano, cinco anos, 10 anos, 20 anos. “No Brasil, isso não dá certo, a não ser que você faça revisão das metas a cada dois meses”, diz. Em 2006, a mexicana Femsa, a maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo, comprou a Kaiser. E mais tarde, em 2010, a Heineken comprou a divisão de cervejas da Femsa.

Golf é coisa de velho. Eu não sou velho. E o que apareceu para mim, nessa vida, foi engarrafar coisas.

Luiz Otávio Possas

A essa altura da vida, Possas já poderia se aposentar e viver à beira-mar, em uma mansão em Cabo Frio. Mas aí a vontade de engarrafar falou mais alto. Foi quando ele lançou, em parceria com a Universidade de Viçosa, a Kero Coco, a primeira água de coco industrializada do mundo. A universidade desenvolveu o método de pasteurização da bebida, que permitiu que ela fosse envasada em embalagens longa vida.

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O sucesso foi tanto que em 2009 a marca foi vendida à Pepsico. “E eu entrei pelo cano”, diz Possas. Mesmo tendo feito um bom negócio financeiramente, Possas se arrepende do acordo que fez com a americana. Na venda, ficou acertado que as fazendas de coqueirais que o empresário mineiro tinha no Pará, em Petrolina (PE) e em São Mateus (ES) teriam prioridade de fornecimento no Brasil para a Pepsico.

O que Possas não pode prever é que a dona da Pepsi foi buscar água de coco na Tailândia, onde o produto era descartado. Além disso, a seca de 2014 e 2015 devastou os 265 mil coqueiros que Possas tinha. Por um tempo, então, o empresário – que também é dono da cachaça Vale Verde – se dedicou aos pássaros. Ele criou uma fábrica de ração para pássaros que também, mais tarde, foi vendida para a Royal Canin.

Aí veio a pandemia. E em vez de ficar quieto, Possas foi novamente procurar a Universidade de Viçosa para estudar como envasar caldo de cana. A ideia era aproveitar a cana-de-açúcar que ele já produzia para a cachaça Vale Verde e criar uma segunda linha de produtos. O problema, dessa vez, é que por conta do teor de sacarose da garapa, a embalagem em longa vida não era apropriada. O processo de pasteurização não deu certo.

Nesse ponto, entra na história o enólogo Daniel Fornari, que já trabalhava com Possas. Foi ele que desenvolveu o método que permitiu o engarrafamento do caldo de cana e assim o produto foi lançado. Agora Possas passa os dias administrando o novo negócio. “Golf é coisa de velho. Eu não sou velho. E o que apareceu para mim, nessa vida, foi engarrafar coisas. E eu estou engarrafando. Vamos ver no que dá.”

Mara Gabrilli testa exoesqueleto que permite que pessoa com paralisia ande novamente; veja vídeo, OESP

 A senadora por São Paulo Mara Gabrilli (PSD) divulgou nas redes sociais nesta quinta-feira, 27, um vídeo em que aparece testando um equipamento que permite que pessoas com paralisia possam ficar de pé e se moverem multidirecionalmente com braços livres. “Não sou a mesma pessoa depois de testar esse equipamento”, escreveu. Segundo sua equipe, o objetivo é discutir formas sobre como transferir a tecnologia para o Brasil para ser utilizada na reabilitação de quem tem deficiência motora.

A senadora Mara Gabrilli, que ficou tetraplégica após sofrer um acidente, é reconhecida por defenderos direitos das pessoas com deficiência.
A senadora Mara Gabrilli, que ficou tetraplégica após sofrer um acidente, é reconhecida por defenderos direitos das pessoas com deficiência. Foto: Acervo pessoal

A máquina, que tem o nome de Atalante, foi desenvolvida pela startup francesa Wandercraf. Ela funciona como um exoesqueleto robótico, isto é, um esqueleto artificial que é utilizado externamente, colado ao corpo da pessoa, para dar suporte e permitir que ela consiga reproduzir movimentos.

“São 28 anos desafiando a inércia e a gravidade desde que quebrei o pescoço. Sempre trabalhei para resgatar movimentos. Chegar ao momento de andar com o auxílio de uma tecnologia que usa a força do meu próprio corpo é a prova de que todo esforço valeu a pena. É um universo de possibilidades que se abre”, afirmou a senadora.

A principal inovação do Atalante, segundo a equipe de Mara, é que ele dispensa o uso de andadores: ele tem um sistema de controle de equilíbrio que permite maior estabilidade. Isso impede que o paciente caia ao tentar movimentos bruscos e dá maior autonomia para que realize atividades.

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O Atalante recebeu há pouco tempo a autorização da Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa dos Estados Unidos, para ser usada na reabilitação de pessoas que têm problemas de mobilidade, em especial as que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

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Segundo a fabricante do equipamento, a Wandercraf, o exoesqueleto pode ser utilizado também em pessoas que sofrem de lesão medular, Parkinson, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, traumatismo crânioencefálico, entre outras doenças ou condições que impactam os movimentos. Ele, afirma a startup, funciona com uma programação ajustável de acordo com o objetivo do paciente.

Mara Gabrilli, de 55 anos, é tetraplégica desde 1994, quando sofreu um acidente de carro. Ficou conhecida por defender os direitos das pessoas com deficiência e dar visibilidade a esse grupo. Sobre a nova tecnologia, ela pretende propor que o poder público crie “walk centers”, locais que funcionariam como centros de condicionamento físico ou de ginástica voltados às pessoas com e sem deficiência que têm restrição de mobilidade.

“Esses centros seriam vinculados às universidades públicas, que já possuem estrutura tanto de reabilitação quanto para a prática esportiva”, afirma. A ideia precisaria ser avaliada e dimensionada em relação à capacidade de implementação do governo brasileiro.

A manipulação da imagem está ao alcance de todos, Luís Francisco Carvalho Filho, FSP (definitivo)

 Se Joe Biden vencer, assegura o Partido Republicano, os Estados Unidos sucumbirão em meio a conflitos extremos, colapso econômico, descontrole das fronteiras e delinquência.

É o que anuncia vídeo difundido em resposta ao anúncio da candidatura de Biden, "o mais fraco" dos presidentes. O roteiro é tosco, mas cria a distopia da reeleição, ilustrada por cenas fictícias de acontecimentos catastróficos. Manipula imagens com recursos da inteligência artificial.

É um pequeno ensaio das controvérsias eleitorais e jurídicas do futuro, já no ano que vem, do que pode e o do que não pode ser feito.

A credibilidade da fotografia era histórica e capilarizada, apesar de eventuais episódios de manipulação, alguns deles clássicos, como o cancelamento (eliminação visual) da imagem de adversários políticos em fotografias oficiais na União Soviética, nos anos 1940, para a satisfação autoritária de Stálin.

O apagamento ou o exagero, a encenação e filtros capazes de remover imperfeições, feiuras e inconveniências não são novidades.

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Pesa contra a lendária fotografia da guerra civil espanhola, "A morte de um soldado republicano" (1936), de Robert Capa, a suspeita de que foi posada. Do cartaz da exposição "Sartre" (2005), na Biblioteca Nacional da França, por um irresistível impulso politicamente correto, foi removido o cigarro que o filósofo tinha entre os dedos da mão no retrato original.

'A Morte de um Soldado Republicano', de Robert Capa
Detalhe de 'A Morte de um Soldado Republicano', de Robert Capa - Reprodução

No fim do século passado, uma campanha publicitária explorava na TV o divertido bordão: "fotografou?", não?, "dançou" —popularizando um meio de prova da veracidade das vantagens que se contam para os amigos (uma pescaria, um flerte). Se há foto, testemunha incorruptível da realidade, a controvérsia normalmente acabava ou se esvaía.

A manipulação era coisa de artesãos, artistas. Hoje está ao alcance de todos.

Há aplicativos para "corrigir" lembranças e imagens: a ex-namorada, uma persona non grata, qualquer um ou qualquer coisa pode ser eliminado ou incluído em determinada fotografia. A tecnologia permite construir a imagem de governantes em bordéis, presídios e igrejas.

O título do artigo do "The New York Times" publicado na Folha sobre o impacto da inteligência artificial no universo da fotografia é sinal de novos tempos: "Não podemos mais acreditar em nada do que vemos?". Fala em "erosão" da confiança na mídia e sugere o barateamento da tecnologia de produzir imagens fake.

Se é legítimo ou ilegítimo criar empecilhos para a obra de arte que cria distopias dos poderes políticos, inspiradas em conflitos e homens públicos reais, o argumento da liberdade de expressão, essencialmente genuíno, também foi apropriado pelos fabricantes de inverdade.

A ameaça da falsidade é contra todos —o vizinho, o ex-marido, o colega de trabalho, por ciúme ou vingança, ideologia ou interesse, qualquer um pode produzir foto ou vídeo para destruir reputação. Porque governos perseguem seus adversários, na política a ameaça é especialmente perigosa.

A lei pode proibir pouco ou muito ou nada, para conforto e desconforto dos atingidos. Distopia e fato inverídico, ficção e falsidade, narrativa e distorção, o veto formal de qualquer coisa que não seja estritamente "verdadeira" não impede sua circulação e sua influência irreversível. Nos EUA, na China, no Brasil e na Ucrânia.

Fotografia não é mais sinônimo de realidade, ainda que instantânea. O céu é o limite da farsa e da ilusão.