quarta-feira, 1 de março de 2023

Erundina tem contas aprovadas 31 anos depois de deixar a Prefeitura de SP, FSP

 O Tribunal de Contas de São Paulo aprovou por unanimidade, nesta quarta (1º), as contas de Luiza Erundina da época em que ela foi prefeita da capital. A análise foi feita 31 anos depois que o órgão recomendou que elas fossem rejeitadas.

À coluna, Erundina diz que recebeu a notícia com muita emoção. "É uma vitória não só minha, mas de todos os companheiros que estiveram ao meu lado e que sabiam que as contas estavam corretas."

Ela acrescenta que o aval do TCM é também um reconhecimento à forma de governar que ela implantou na prefeitura da capital paulista. "Estamos recompensados. Valeu a pena apostarmos na democracia, na ética e em uma gestão que colocou o governo a serviço da maioria da população", afirma.

Jorge Araújo - 20.mar.2019/Folhapress
A deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP) em seu escritório, na Saúde, na zona sul de São Paulo - Jorge Araújo - 20.mar.2019/Folhapress

O Tribunal de Contas convidou também Luiza Erundina para ser recebida, como reparação histórica. A defesa dela foi feita pelo advogado Flávio Caetano.

Em 1992, quando foi emitido o primeiro parecer do TCM, Erundina estava no último ano de seu mandato e uma condenação poderia torná-la inelegível. Na ocasião, até mesmo adversários políticos da então prefeita saíram em defesa dela –especialmente lideranças do PSDB.

Eles diziam que Erundina era honesta e que sofria uma perseguição de malufistas paulistas. O caso passou a ser cercado de simbolismo.

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Na época, a defesa de Erundina pediu a anulação do parecer do TCM por desvio de poder, argumentando que a decisão dos conselheiros tinha sido política. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deu razão à ex-prefeita. As contas dela acabaram aprovadas pela Câmara Municipal de SP.

Depois disso, Erundina já foi eleita para seis mandatos consecutivos como deputada federal.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

Deirdre Nansen McCloskey - É loucura querer comparar a felicidade em números, FSP

 Alguns economistas, nas últimas décadas, juntaram-se a alguns psicólogos para medir a felicidade. Isso dá aos chefes que gostam de mandar na vida dos outros —como as mães às vezes gostam de fazer e como de fato fazem os tiranos— uma desculpa, um método e uma medida. O rei do Butão dirige seu país assim.

Parece maravilhoso. Afinal, o propósito de uma mãe, ditador ou rei benevolente deveria ser fazer as pessoas felizes, certo? "Eu sou do Estado e estou aqui para fazê-lo feliz." Adorável.

O problema é que o método é maluco. Uma escola não maluca de "psicólogos positivos", como meu amigo, já morto, Mihaly Csikszentmihalyi (nós o chamávamos apenas de Mike), estuda pessoas felizes e faz sugestões para imitá-las. Mike falou de "fluxo" como a sensação de envolvimento numa tarefa difícil na qual você é razoavelmente bom. Você esquece o tempo, como faço com frequência ao escrever ou ao discutir, como fiz nesta semana com economistas e cientistas políticos, as fronteiras da "humanômica". Mas Mike nunca tentou colocar um número nisso.

A loucura vem com o número. Podemos numerar o escopo humano com o PIB. Mas a medida de "felicidade" vem de pedir que você a classifique numa escala de três pontos. Você responde: "As coisas estão indo bem. Acho que é 2,5". Então o economista pergunta ao seu vizinho, que é pessimista, e ele responde 1,5. Então o economista maluco declara que a felicidade média do seu bairro é 2,5 + 1,5, ou 4,0, dividida por duas pessoas. Portanto, 2,0.

Mas a sua felicidade e a dele não estão na mesma escala. Países otimistas, como o Brasil, pontuam mais alto do que os pessimistas, como a Bulgária. Falar em média de felicidade seria como medir a temperatura hoje em São Paulo em Celsius, como 25, e no Rio em Fahrenheit, como 77, e declarar que a média é 25 + 77 dividido por dois, ou 51. Cinquenta e um o quê?

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Ah, não importa.

E podemos alcançar essa "felicidade" marcando 3,0 todas as vezes, ficando chapados com a droga soma de Aldous Huxley. Maluco.

É mais do que maluco. É antiético. Como pais, tentamos providenciar seriamente que nossos filhos alcancem a felicidade. No entanto, uma sociedade liberal não deve tratar os adultos como crianças.

Sem maluquice, então, sem reis do Butão.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves