Alguns economistas, nas últimas décadas, juntaram-se a alguns psicólogos para medir a felicidade. Isso dá aos chefes que gostam de mandar na vida dos outros —como as mães às vezes gostam de fazer e como de fato fazem os tiranos— uma desculpa, um método e uma medida. O rei do Butão dirige seu país assim.
Parece maravilhoso. Afinal, o propósito de uma mãe, ditador ou rei benevolente deveria ser fazer as pessoas felizes, certo? "Eu sou do Estado e estou aqui para fazê-lo feliz." Adorável.
O problema é que o método é maluco. Uma escola não maluca de "psicólogos positivos", como meu amigo, já morto, Mihaly Csikszentmihalyi (nós o chamávamos apenas de Mike), estuda pessoas felizes e faz sugestões para imitá-las. Mike falou de "fluxo" como a sensação de envolvimento numa tarefa difícil na qual você é razoavelmente bom. Você esquece o tempo, como faço com frequência ao escrever ou ao discutir, como fiz nesta semana com economistas e cientistas políticos, as fronteiras da "humanômica". Mas Mike nunca tentou colocar um número nisso.
A loucura vem com o número. Podemos numerar o escopo humano com o PIB. Mas a medida de "felicidade" vem de pedir que você a classifique numa escala de três pontos. Você responde: "As coisas estão indo bem. Acho que é 2,5". Então o economista pergunta ao seu vizinho, que é pessimista, e ele responde 1,5. Então o economista maluco declara que a felicidade média do seu bairro é 2,5 + 1,5, ou 4,0, dividida por duas pessoas. Portanto, 2,0.
Mas a sua felicidade e a dele não estão na mesma escala. Países otimistas, como o Brasil, pontuam mais alto do que os pessimistas, como a Bulgária. Falar em média de felicidade seria como medir a temperatura hoje em São Paulo em Celsius, como 25, e no Rio em Fahrenheit, como 77, e declarar que a média é 25 + 77 dividido por dois, ou 51. Cinquenta e um o quê?
Ah, não importa.
E podemos alcançar essa "felicidade" marcando 3,0 todas as vezes, ficando chapados com a droga soma de Aldous Huxley. Maluco.
É mais do que maluco. É antiético. Como pais, tentamos providenciar seriamente que nossos filhos alcancem a felicidade. No entanto, uma sociedade liberal não deve tratar os adultos como crianças.
Sem maluquice, então, sem reis do Butão.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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