quinta-feira, 7 de julho de 2022

Projeto investe R$ 70 milhões em biogás em Campinas, FSP

 RIO DE JANEIRO

Por meio de uma joint-venture, empresas de reciclagem e energia vão investir R$ 70 milhões em uma planta para produzir biogás e biometano a partir de resíduos orgânicos de indústrias paulistas de alimentos e bens de consumo

A parceria reúne o Grupo Crivellaro, que recicla resíduos de indústrias, e a Geo Biogás & Tech, que transforma resíduos orgânicos em combustíveis e energia elétrica limpa.

Imagem mostra tubo de aço com retângulo branco onde está escrito "biogas"
Tubo usado no processo de produção de biogás - John MacDougall - 18.mar.22/AFP

A capacidade de produção do projeto é de 15 mil metros cúbicos diários de biometano e com geração de 11 mil megawatts de energia elétrica a partir de 2023.

A unidade será construída no município de Elias Fausto, na região de Campinas (SP), e deve começar a operar em 2023.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Gilmara Santos

O presidente de Portugal deixou uma lição a Bolsonaro, Elio Gaspari, FSP

 Era uma vez um Itamaraty, com suas boas maneiras e habilidades. Bolsonaro mostrou sua maneira de conduzir as relações exteriores do Brasil em julho de 2019, quando tinha poucos meses no cargo. Desmarcou um encontro com o chanceler francês e, ostensivamente, foi cortar o cabelo no Palácio do Planalto. De lá para cá, encrencou com a China, os Estados Unidos e a Argentina. Sempre para nada. Ganha um fim de semana em Budapeste quem souber de uma migalha de interesse nacional envolvida nessa diplomacia de malcriações.

No ano do Bicentenário da Independência, Bolsonaro desmarcou um almoço para o qual havia convidado o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. A grosseria deveu-se ao fato de Rebelo ter se encontrado com Lula.

Os dois se cumprimentam em sala com fundo vermelho
O ex-presidente Lula (PT) se encontra com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, na residência oficial do cônsul-geral de Portugal em São Paulo - Divulgação Ricardo Stuckert - 3.jul.22

Vale registrar que embaraços políticos desse tipo às vezes acontecem. Em 1978, o presidente americano Jimmy Carter veio ao Brasil e pediu que em sua agenda fosse incluído um encontro com representantes da sociedade civil. Leia-se: pessoas como o cardeal Paulo Evaristo Arns e o advogado Raymundo Faoro. O general Ernesto Geisel detestava-o, como detestava o cardeal Arns. Pela métrica de hoje, a visita seria cancelada. Entregue o problema aos diplomatas, veio a solução. Carter iria a Brasília, seria recebido com discreta pompa pelo presidente e depois, no Rio, conversaria com quem quisesse. Ele não só conversou, como pediu ao cardeal que fosse com ele no carro até ao aeroporto de onde embarcaria de volta.

Entregue a um jovem secretário o desejo do presidente português de ver Lula, teria sido fácil combinar esse encontro para depois do almoço com Bolsonaro. Marcelo Rebelo foi antes a Lula, o que poderia ter sido evitado. Não tendo havido a combinação, sobreveio a grosseria com Bolsonaro cancelando um convite que havia feito.

Rebelo levou a canelada na esportiva dos políticos europeus experientes. Soltou um "ninguém morre", foi à praia, visitou a Bienal do Livro (onde Bolsonaro nunca pôs os pés) e deixou escapar que Portugal vem negociando com Pindorama um novo visto de trabalho para brasileiros.

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A diplomacia da canelada vive a serviço do nada. Noves fora d. Pedro 1º em 1822, Portugal sempre abrilhantou os festejos na Independência. Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa recebeu seu colega António José de Almeida e, em 1972, o general Emilio Médici recebeu o presidente Américo Thomaz e o primeiro-ministro Marcelo Caetano. (Nessa época circulava pelo Rio o exilado português Mario Soares, que ajudaria a reconstruir a democracia portuguesa.) Dois anos depois o Brasil recebia Thomaz e Caetano, como asilados. Mais um ano e chegou, também como exilado, o general que os havia deposto.

O almoço de Bolsonaro já havia sido desmarcado verbalmente no sábado passado, quando Marcelo Rebelo foi ao 1º Distrito Naval para comemorar os cem anos da travessia do Atlântico pelos pilotos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Lá, aproveitou para enaltecer a nova onda de brasileiros que migram para Portugal, alguns em busca de trabalho e muitos em busca da nacionalidade, com suas vantagens tributárias. Referindo-se ao novo visto de trabalho, Rebelo deu uma boa notícia para milhares de pessoas, coisa que Brasília deixou de produzir.

Deirdre Nansen McCloskey - Como obter igualdade, FSP

 Seu país e o meu sempre figuram em posição baixa no ranking de igualdade. Os economistas esquerdistas como Thomas Piketty ou Mariana Mazzucato encaram o Brasil e os Estados Unidos como os bad boys. Querem que nossos governos resolvam o problema. O direitista desagradável escarnece: "Quem se importa com isso? A desigualdade paga por meu clube de tênis no centro do Rio, para eu poder jogar numa quadra iluminada."


Nenhum dos dois lados é justo, sensato ou científico. Os economistas ficaram obcecados com a igualdade. Mas não pensam filosófica ou economicamente sobre qual igualdade devemos valorizar eticamente ou o que podemos alcançar com prudência.


Um tipo de igualdade é o de renda. Faz sentido numa família pequena. Todo mundo, em sua família, deveria receber a mesma alimentação e habitação com sua renda. A esquerda, então, extrapola a vida familiar para um país de 213 milhões de habitantes. Mas se um cirurgião e um gari recebessem o mesmo resultado, haveria garis demais e cirurgiões de menos. Aos olhos de Deus, os dois têm valor igual. Mas para possibilitar o grande enriquecimento dos mais pobres, que ocorreu de fato entre 1800 e hoje, os incentivos humanos têm importância. Ao pagar mais aos cirurgiões, a economia está dizendo: "Mais cirurgiões, por favor. Mais inovações como celulares e Uber."

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Pelé em jogo entre Bahia e Santos, em Salvador - Antônio Pirozzelli - 16.nov.1969/Folhapress


Outro tipo de igualdade é o de oportunidades. Novamente, seria bom. Se todo mundo tivesse o talento de Pelé, o futebol seria ainda melhor. Se todos tivessem exatamente os mesmos genes, sorte, altura, beleza, pais, inteligência, nacionalidade, geração, reinaria a igualdade de oportunidades. Mas subsídio algum pode chegar perto de alcançar isso. Kurt Vonnegut Jr. escreveu um conto, "Harrison Bergeron", imaginando um futuro em que Pelé, por exemplo, fosse obrigado a carregar pesos como um cavalo de corrida para garantir igualdade exata de oportunidades. Uma insensatez. E isso impossibilitaria o grande enriquecimento. Financiar escolas, sim. Obrigar Pelé a jogar carregando pesos, não.


Então eu não me importo com a igualdade? Me importo, sim, profundamente. Nós, liberais, desde Adam Smith, queremos igualdade de permissão. Que Pelé possa inventar seu jogo. Que as mulheres possam ser pilotas comerciais. Que os moradores da Rocinha sejam donos dos terrenos. Que todos, como dizem os britânicos esportivos, "tenham a chance de tentar".

A igualdade de permissão, na realidade, rendeu bastante igualdade de renda e de oportunidades. Sim, é claro, queremos um pouco das outras igualdades por meio de subsídios.