terça-feira, 10 de maio de 2022

O QUE A FOLHA PENSA Pela sexta vez

 Pela sexta vez nas nove corridas eleitorais para a Presidência sob a Constituição de 1988, o PT indicará como candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Seu discurso de sábado (7), no lançamento da chapa, mostra que o líder petista evoluiu em alguns aspectos, embora não em outros, ao longo desses 33 anos.

Com as três derrotas de 1989 a 1998, e com as duas vitórias subsequentes, aprendeu a tomar distância relativa de algumas vicissitudes ideológicas que uma vertente da esquerda brasileira até hoje carrega como herança da Guerra Fria.

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A abertura para forças de outras extrações e a modernização que redundaram desse processo contribuíram para o triunfo eleitoral de 2002 e, sobretudo, para a gestão moderadamente reformista do mandato inicial. O pacto com Geraldo Alckmin (PSB), político de origem conservadora por décadas rival do PT, sugere que esse aprendizado não foi de todo esquecido.

O Bolsa Família —resultado de outra derrota imposta por Lula no primeiro governo à ala dogmática, que tachava o programa de "neoliberal"— também foi lembrado no discurso deste fim de semana.

Falar às necessidades da parcela mais pobre da população, altamente representada no eleitorado, parece a estratégia mais forte do ex-presidente num contexto de aceleração inflacionária e desemprego.

Menções à agenda da inclusão e do desenvolvimento sustentável, desprezada por incompetência e negligência ideologicamente motivada no governo Jair Bolsonaro (PL), abrangeram educação, saúde, infraestrutura e meio ambiente.

Os bolores de ideias obsoletas, no entanto, não foram totalmente varridos do repertório do chefe petista. Eles se acumulam nas propostas para a economia e na confusão de desenvolvimento econômico com intervencionismo estatal.

Após o desastre na renda e no emprego e o descalabro de corrupção causados pela implantação desse receituário durante o seu segundo governo e os de Dilma Rousseff, Lula insiste em defender o fortalecimento de estatais em mercados como os de energia e o financeiro.

Nesse terreno, as afirmações do pré-candidato petista atual não se distinguem do que ele pregava antes da queda do Muro de Berlim. A diferença é que agora não se trata mais de falas abstratas, vindas de um político que jamais experimentou a tarefa de governar e portanto poderia abusar das bravatas.

Advogar o fortalecimento do intervencionismo econômico, no Brasil concreto, é cevar lobbies bem posicionados que parasitam o erário. Lula não entendeu, e isso preocupa, que o avanço da agenda social inclusiva que corretamente defende depende de fazer-se o inverso —afastar os caçadores de renda da esfera das decisões estatais.

editoriais@grupofolha.com.br


TSE rejeita sugestões de militares para eleições. Meio

 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ontem ter rejeitado as novas sugestões das Forças Armadas para mudanças no processo eleitoral já para o pleito deste ano. Segundo a equipe técnica da Corte, os militares confundem conceitos e erram cálculos quando apontam riscos inexistentes nos testes de integridade das urnas eletrônicas. Das sete sugestões enviadas pelas Forças Armadas, quatro já estão implementadas ou previstas em lei. As outras três foram rejeitadas. Uma delas recomendava apuração paralela nos TREs, o que já ocorre. O TSE também nega que exista uma “sala secreta”, como constantemente insinua sem provas o presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente da Corte, ministro Edson Fachin, afirmou que a Justiça Eleitoral tem historicamente assegurado a “realização de eleições íntegras em nosso país”. (Folha)

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, pediu ontem a Fachin para integrar a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) no lugar do atual representante dos militares, o general Heber Portella. O ministro reclama de não ter sido recebido pelo presidente do TSE, mas o tribunal desmente e diz que Fachin se reuniu duas vezes com Nogueira e uma com seu antecessor, Walter Braga Netto. A Defesa nega que Portella tenha sido destituído, mas o ofício do ministro pede que todas as comunicações do TSE e convites para reuniões sejam enviados ao seu gabinete. (Metrópoles)

Josias de Souza: “Com atraso, o TSE acendeu a luz para iluminar as sete sugestões mais recentes das Forças Armadas sobre o processo eleitoral. Algumas flertam com o erro. Outras revelam-se inúteis, pois sugerem providências que já estão em prática. As respostas dos técnicos da Justiça Eleitoral expuseram os glúteos dos militares na mesma janela em que se encontram os de Bolsonaro. O estrago está feito. Mas, se o quartel for retirado da eleição, os militares podem sair da janela.” (UOL)

Mundo deve adicionar 59 GW de geração distribuída fotovoltaica em 2022, EPBR

 

Levantamento da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostra que a geração distribuída de fonte fotovoltaica somou 167 gigawatts de adição global entre 2019 e 2021. Para 2022, a expectativa é adicionar mais 59 GW. 

Do total adicionado nos últimos anos, 87 GW foram projetos comerciais/industriais e 80 GW de instalações residenciais, com quase 64% da nova capacidade instalada na China, Europa e Estados Unidos. 

A tendência se mantém para as novas adições, 65% dos 59 GW projetados para este ano serão instalados na China, Europa e Estados Unidos.

Segundo a agência, instalações limpas e de pequena escala localizadas atrás dos medidores de consumo, como painéis fotovoltaicos, armazenamento de energia e veículos elétricos (VEs), estão cada vez mais difundidas – o que significa uma pressão sobre as redes elétricas.

O pico de 167 GW foi maior do que o pico de consumo combinado da França e da Grã-Bretanha. 

Em 2020, o estoque de VEs ultrapassou 10 milhões de veículos e quase 180 milhões de bombas de calor para aquecimento de água estavam em operação. 

“A rápida absorção de recursos energéticos distribuídos pode desafiar as redes elétricas que não estão preparadas”, diz um estudo da IEA.

Muitas das redes atuais foram projetadas para o século 20, quando a proporção dessas tecnologias era pequena. Agora que uma parcela crescente de eletricidade é produzida por fontes renováveis ​​variáveis, é necessária maior flexibilidade do sistema para equilibrar consistentemente a oferta e a demanda, seja em curtos prazos ou estações.

    A agência destaca cinco tecnologias mais promissoras e suas barreiras para ganhar escala. A principal delas: custo.
    • Edifícios eficientes que interagem com a rede podem otimizar o 'prosumo' de energia (produção e consumo combinados de eletricidade) enquanto acomodam as necessidades da rede e oferecem um amplo espectro de interatividade da rede. Com o emprego de incentivos apropriados, consumidores optariam por combinações de tecnologias que melhor atendem aos seus próprios interesses;

    • Usinas de energia virtuais (VPPs), ou seja, redes de unidades geradoras de energia descentralizadas, sistemas de armazenamento e demanda flexível, podem otimizar a agregação de recursos distribuídos em grandes áreas usando análises de dados avançadas, como aprendizado de máquina. Questões políticas e regulatórias são as principais barreiras;

    • Sistemas de armazenamento de baterias podem fornecer uma variedade de serviços à rede, como armazenar energia durante os períodos de geração renovável em excesso e descarregá-la durante o pico de demanda. Sua principal limitação é o custo inicial relativamente alto;

    • Armazenamento elétrico de água e aquecedores de ambiente podem fornecer flexibilidade ao sistema quando equipados com dispositivos de controle de baixo custo, embora a eletrificação de residências existentes já equipadas com serviços de gás possa exigir investimentos significativos;

    • EVs são versáteis quando usados ​​como sistemas de baterias móveis, embora seu valor para a rede varie dependendo da tecnologia de carregamento e da estratégia de controle.

    Cobrimos por aqui:

    Por falar em veículos elétricos, o grupo Toyota na Índia anunciou no sábado (7/5) parceria com o governo de Karnataka para investir cerca de US$ 624 milhões em tecnologias verdes, que ajudarão a diminuir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar as emissões de carbono. 

    Como parte do MoU, o grupo investirá na produção local de peças e componentes para veículos elétricos, atendendo à demanda por eletrificados do país. O projeto faz parte do Desafio Ambiental Toyota 2050.

    Segundo o grupo, o objetivo é tornar a Índia autossuficiente na produção de veículos elétricos, impulsionando o ecossistema de manufatura local e estimulando o crescimento da base de fornecedores.
    Hidrogênio, biometano e etanol no Brasil. Uma cooperação entre a agência alemã GIZ e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vai destinar R$ 12,5 milhões para a criação do primeiro Centro de Excelência em Hidrogênio Verde do Brasil, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte (RN).

    O projeto também pretende desenvolver cinco hubs regionais de educação e treinamento na área do hidrogênio verde, nos estados do Ceará, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina. A proposta é garantir a estrutura necessária para a produção experimental de hidrogênio, além de oferecer cursos profissionalizantes sobre produção, armazenamento, transporte e aplicação do combustível.
    Enquanto isso, agro e montadoras estão de olho no biometano. Scania, New Holland e a MWM estão entre as companhias que se movimentam para incorporar soluções baseadas no combustível renovável na carteira de produtos.

    A fabricante sueca Scania, por exemplo, espera mais que quadruplicar as vendas de caminhões a gás natural ou biometano nos próximos anos.

    Como o biogás pode ser produzido próximo ao seu lugar de consumo, a expectativa é que o combustível renovável ganhe escala no agronegócio de forma mais simples do que o gás natural veicular (GNV).

    A estimativa é que o agronegócio brasileiro tenha capacidade de produzir cerca de 114 milhões de metros cúbicos diários (m3/dia) de biogás, com destaque para o setor sucroalcooleiro – que responde por quase 50% desse potencial, de acordo com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).

    Raízen, por exemplo, espera construir unidades de produção de biogás em todas as suas 35 usinas sucroalcooleiras, nos próximos dez anos. A expectativa da joint venture entre a Cosan e Shell é que as plantas sejam capazes de produzir três milhões de metros cúbicos diários (m³/dia) do combustível, a partir de resíduos da cana, como a vinhaça e a torta de filtro.

    A ideia é viabilizar os projetos por meio da joint venture Raízen Geo Biogás S.A, fruto da parceria entre a empresa do setor de etanol com a Geo Biogás & Tech.