segunda-feira, 9 de maio de 2022

Rússia foi forçada a impedir que neonazistas exterminem milhões de civis, FSP

 

Alexei Labetski

Embaixador da Rússia no Brasil

Nove de maio —este dia lindo de primavera no Hemisfério Norte não deixa nenhum coração russo indiferente. Mesmo que, desde o Dia da Vitória, no lendário maio de 1945, já tenha se passado muito tempo, a emoção, a excitação e o júbilo são fortes e revigorados como nunca antes.

Na Rússia, a luta dos povos da União Soviética pela liberdade e pela independência da pátria contra a Alemanha nazista e seus aliados, que durou quatro anos, de 1941 a 1945, é chamada de Grande Guerra Patriótica. Esse nome simbólico demonstra a ideia de combate pela paz, pela felicidade e pelo bem-estar dos povos soviéticos e das gerações futuras contra as forças do mal, que cometiam crimes desumanos em nome da superioridade racial e nacional.

Militares russos marcham na Praça Vermelha, em Moscou, durante desfile em homenagem ao Dia da Vitória
Militares russos marcham na Praça Vermelha, em Moscou, durante desfile em homenagem ao Dia da Vitória - Alexander Nemenov/AFP

Gostaria de apontar a circunstância que torna essa guerra extremamente pessoal para cada um de nós: a vitória foi conquistada a um preço terrível —em lutas desesperadas por cada centímetro da nossa terra natal, nas brutais batalhas pela libertação da Europa dos ocupantes nazistas, pereceram mais de 27 milhões de cidadãos soviéticos.

A dor de perdas irreparáveis, o medo pela vida dos queridos e os anos de transtorno tocaram cada família —não é um exagero, pelo contrário, é a parte integrante da história pessoal de cada um, profundamente enraizada na consciência do povo. A vitória de maio de 1945 criou a impressão de que o mundo salvo, que ainda ontem esteve à beira de uma catástrofe global, sempre renunciaria à crueldade.

Os vencedores da Segunda Guerra ergueram um edifício sólido nas Nações Unidas —o fórum mundial destinado a promover o diálogo e a evitar o surgimento de novos conflitos, de genocídios e do Holocausto.

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Os criminosos nazistas foram levados a um julgamento justo durante o Tribunal Militar Internacional na cidade de Nuremberg. A justiça pelas atrocidades era inevitável, porque os crimes dos fascistas e seus cúmplices não tinham prescrição.

O inimigo foi derrotado, mas, como vemos, suas ideias sobreviveram. O fascismo, nutrido pelos antigos aliados da União Soviética na Segunda Guerra, começou a levantar a cabeça nas fronteiras da nova Rússia: nas ruas e nas praças das capitais dos países bálticos e de cidades ucranianas foram realizadas marchas em homenagem aos veteranos das divisões nacionais da Waffen-SS –"esquadrões da morte" das Forças Armadas do Terceiro Reich.

As autoridades ucranianas glorificam Bandera e Shukhevich, os adeptos do nazismo que mataram milhares de russos, ucranianos, polacos e judeus durante a guerra. Hoje em dia, alguns membros da comunidade internacional não só se recusam a apoiar as iniciativas da Rússia contra a distorção da verdade histórica como também contribuem para o fortalecimento dos movimentos neonazistas.

Um povo que viveu uma terrível convulsão, tendo visto em primeira mão a morte, a fome e o desespero que a guerra traz consigo, é o menos disposto a se envolver em novos combates.

Mas hoje estamos sendo mais uma vez forçados a lutar para impedir que grupos neonazistas exterminem milhões de civis, para proteger a nossa pátria, para garantir sua segurança e para combater a nova onda de fascismo que revive a russofobia e os sonhos de domínio mundial em detrimento do direito à autodeterminação e à indivisibilidade de segurança.


sábado, 7 de maio de 2022

Você não passa de uma mulher, Martinho da Vila

 Letras

Mulher preguiçosa, mulher tão dengosa, mulher
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Mulher tão bacana e cheia de grana, mulher
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher
Olha que moça bonita
Olhando pra moça mimosa e faceira
Olhar dispersivo, anquinhas maneiras
Um prato feitinho pra garfo e colher
Eu lhe entendo, menina
Buscando o carinho de um modo qualquer
Porém lhe afirmo, que apesar de tudo
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher
Olha a moça inteligente
Que tem no batente o trabalho mental
QI elevado e pós-graduada
Psicanalizada, intelectual
Vive à procura de um mito
Pois não se adapta a um tipo qualquer
Já fiz seu retrato, apesar do estudo
Você não passa de uma mulher (viu, mulher?)
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher
Mulher preguiçosa, mulher tão dengosa, mulher
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Mulher tão bacana e cheia de grana, mulher
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)
Menina-moça também é mulher (ah, mulher)
Pra ficar comigo tem que ser mulher (tem, mulher)
Fazer meu almoço e também meu café (só mulher)
Não há nada melhor do que uma mulher (tem, mulher?)
Você não passa de uma mulher (ah, mulher)

Irlanda do Norte terá 1º partido nacionalista no poder em mais de 100 anos, FSP

 Atualizado: 7.mai.2022 às 16h29

BELFAST | REUTERS

Irlanda do Norte assiste neste sábado (7) àquilo que analistas locais descreviam como uma mudança sísmica no país. O Sinn Féin, antigo braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), conquistou a maior fatia da Assembleia regional e, assim, tornou-se a principal força política da nação de 1,9 milhão de habitantes.

O peso do anúncio se dá pelo fato de o partido ser o primeiro de viés nacionalista a obter controle desde que o país foi formado, há 101 anos, em 1921. Lideranças partidárias já indicaram o assunto que deve dominar a política local: pediram um "debate honesto" sobre a unificação com a República da Irlanda, principal bandeira do Sinn Féin.

Michelle O'Neill (ao centro), do Sinn Fein, cotada como futura primeira-ministra da Irlanda do Norte após os nacionalistas conquistarem maioria - Paul Faith - 7.mar.22/AFP

Com a apuração prestes a ser finalizada, a sigla liderada por Michelle O'Neill conquistou 27 assentos, empurrando o Partido Unionista Democrático (DUP) para o segundo lugar, com 24 —a assembleia tem 90 assentos, e os restantes estão distribuídos entre partidos menores.

O'Neill descreveu os resultados como um momento decisivo para a política e para o povo. "Hoje se inaugura uma nova era que, acredito, apresenta a todos nós uma oportunidade de reimaginar as relações nesta sociedade com base na igualdade e na justiça social", seguiu.

O Sinn Féin obteve 29% dos votos de primeira preferência dos cidadãos para o Parlamento —no país, o eleitor deve apontar seu principal candidato e também assinar nomes de reserva—, enquanto o DUP obteve 21,3%, uma queda de sete pontos percentuais em relação à eleição de 2017.

Durante a campanha, a legenda, de maneira tática, não insistiu na pauta da unificação irlandesa, concentrando-se em questões relacionadas ao custo de vida e à crescente fila de espera no sistema de saúde, estratégia que parece ter surtido efeito nas urnas.

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A lei da Irlanda do Norte costurada após o histórico Acordo de Belfast —também conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa—, assinado em 1998 para pôr fim aos confrontos na região, afirma que o país é parte do Reino Unido e não deixará de sê-lo sem o consentimento da maioria da população. Acrescenta que uma votação deve ser realizada caso a maior parte da sociedade desejasse unir-se à República da Irlanda.

A vitória do Sinn Féin, por óbvio, não muda o status da região, já que possíveis referendos demorariam anos até serem estruturados e acordados com o Reino Unido, mas tem peso simbólico.

Embora o maior partido tenha o direito de apresentar o candidato a primeiro-ministro —e O'Neill é a mais cotada—, o governo de compartilhamento obrigatório do país exige que haja acordo mínimo com o DUP, de modo que a oposição indique o nome para vice-premiê. Assim, formar o Executivo é tarefa que pode demorar meses.

Emendas feitas à Constituição em fevereiro para evitar um possível colapso da assembleia, como aconteceu em 2017, dão aos eleitos até quatro janelas de seis semanas —24 semanas no total, ou seis meses— para consolidar um governo. Os ministérios são distribuídos entre as siglas, de acordo com a fatia de cada uma nas eleições.

O líder do DUP, Jeffrey Donaldson, afirmou que um acordo com o Sinn Féin estaria condicionado com uma total revisão do polêmico protocolo que rege o comércio do país com o resto do Reino Unido desde a saída da União Europeia (UE), com o brexit.

Questionada por um jornalista da rede britânica BBC sobre se esperava se tornar a pioneira primeira-ministra nacionalista, O'Neill disse apenas: "Foi o que as pessoas disseram".

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, que também lidera uma campanha pela independência do país do Reino Unido, foi uma das primeiras a parabenizar o Sinn Féin. Em uma rede social, ela descreveu o resultado das eleições como "verdadeiramente histórico".

O secretário de Estado da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, pediu que as partes formem um governo o mais rápido possível. "O povo da Irlanda do Norte merece um governo local estável e responsável que atenda às questões que mais importam para eles", afirmou.