domingo, 4 de julho de 2021

Elon Musk revela que mora em quitinete de US$ 50 mil; veja vídeos, Link Estadão

 Elon Musk revelou recentemente no Twitter que vive em uma quitinete de US$ 50 mil no Estado americano do Texas, onde a companhia de foguetes espaciais SpaceX tem operações. O empresário, conhecido por ser o fundador da fabricante de carros elétricos Tesla, é atualmente o segundo homem mais rico do mundo, com patrimônio avaliado em US$ 151 bilhões, de acordo com a Forbes — o primeiro colocado é Jeff Bezos, da Amazon.

De acordo com o site especializado Teslarati, trata-se de uma casa modular de baixo custo de 35 metros quadrados, fabricada pela startup americana Boxabl. O modelo Casita, no site da empresa, sai por US$ 49,5 mil e traz uma cozinha, banheiro, sala de estar e quarto. Um dos diferenciais é que o imóvel pode ser montado em até um dia, já que vem pré-construído e pode ser transportado como uma grande caixa — puxado, inclusive, por um Tesla.

Ainda assim, Musk negou que viva especificamente nesse modelo de casa da Boxabl, mas confirmou que mora em um modelo parecido. Em novembro passado, a startup afirmou que estava fazendo a entrega de uma Casita para um "cliente supersecreto", sem dar mais detalhes.

Desde o ano passado, Elon Musk começou a vender todas as suas propriedades, avaliadas em US$ 40,9 milhões. Segundo o empresário, o foco é prover energia sustentável por meio da Tesla e permitir a vida interplanetária com a SpaceX.

Aliás, a própria Boxabl pretende construir modelos que possam ser levados e facilmente instalados em Marte, um dos alvos visados pela companhia de Musk.

Confira os vídeos abaixo:

Marcelo Leite - Compostos da maconha têm efeito paradoxal no caso da psicose, FSP

 A maconha (Cannabis sativa) é uma planta fascinante, em especial para quem se debruça sem preconceito sobre seus efeitos psíquicos e medicinais. Um estudo molecular do composto canabidiol (CBD), por exemplo, detalha as vias bioquímicas do que vem sendo proposto como seu uso para combater psicose.

Como assim, a erva não é contraindicada para adolescentes e pessoas com tendências psicóticas justamente pelo potencial de desencadear surtos? Verdade. Só que neste caso a influência indesejada vem do tetrahidrocanabinol (THC).

Eis o paradoxo da marijuana: seus ingredientes mais conhecidos vão em sentidos opostos no que respeita a psicoses. Consumo de variedades com alto teor de THC, como skunk, estão comprovadamente associados com maior incidência de transtorno psicótico.

Plantação de maconha em clube de cultivo próximo a Montevidéu, no Uruguai - Danilo Verpa - 18.fev.20/Folhapress

A relação aparece demonstrada num artigo publicado em 2019 na revista The Lancet Psychiatry por vários autores, alguns deles brasileiros: o risco de desenvolver transtorno desse tipo ao longo da vida é 3,2 maior para quem fuma a erva diariamente e 1,6 maior para os que recorrem a skunk e similares.

Na outra ponta está o CBD, que ajuda crianças portadoras de epilepsia grave, pacientes submetidos a quimioterapia e portadores de dores crônicas. São indicações que levaram vários países e estados americanos a licenciar o uso medicinal da maconha, e há quem proponha o CBD também como antipsicótico.

O grupo de Daniel Martins-de-Souza e Valéria de Almeida, da Unicamp, uniu esforços com o de Jaime Hallak, Antonio Zuardi e José Crippa, na USP de Ribeirão Preto, para esmiuçar os mecanismos fisiológicos por trás desse potencial. O trabalho saiu em 28 de maio no periódico Frontiers in Molecular Neuroscience.

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Não vou aborrecer o leitor, aqui, com minúcias da complicada metodologia. De modo resumido, os neurocientistas analisaram os perfis das proteínas secretadas por células nervosas após as culturas serem tratadas com medicamentos antipsicóticos e CBD.

Os remédios testados foram clozapina e haloperidol, que pertencem respectivamente às classes de antipsicóticos atípicos e típicos.

Os típicos, ou de primeira geração, atacam mais os sintomas psicóticos mal batizados como positivos. Recebem esse nome as manifestações psíquicas que não ocorrem na pessoa saudável, como delírios e alucinações.

A segunda geração, a dos antipsicóticos atípicos, vai além: buscam conter tanto os sintomas positivos quanto os negativos. No segundo caso, trata-se do rebaixamento de funções psíquicas importantes, resultando em embotamento afetivo, isolamento social, perda cognitiva.

A parceria da Unicamp com a USP encontrou que o perfil proteômico induzido pelo CBD se assemelha mais à ação dos atípicos do que à dos típicos.

Com base em algumas pistas, investigou-se também se o composto da maconha tinha impacto sobre vias metabólicas envolvidas na desmielinização. Esse dano à bainha que cobre nervos é fundamental para transmissão de impulsos nervosos e tem sido implicada na esquizofrenia.

A análise das proteínas indicou que, sim, o CBD parece ajudar na remielinização. “Outra coisa que queremos explorar são os eventos bioquímicos disparados pelos antipsicóticos atuais e não disparados pelo CBD, pois esses eventos podem justamente ser aqueles culpados pelos efeitos colaterais”, indica Martins-de-Souza.

“Se um novo medicamento puder eliminá-los, voilà!”, entusiasma-se. “O que CBD e antipsicóticos tradicionais têm em comum deve ser bom para tratar doença; o que é bioquimicamente específico aos antipsicóticos tradicionais pode ser justamente o que não queremos em novos medicamentos.”


Empresas procuram profissionais que possam ensinar o que é ESG, FSP


BELO HORIZONTE

Com o ESG ganhando cada vez mais tração no mundo dos negócios, as empresas correm contra o tempo para entrar no jogo. Muitas têm procurado especialistas para conseguir implementar os princípios ambientais, sociais e de governança nos negócios.

Essas três práticas representam o ESG, sigla, em inglês, para Environmental, Social and corporate Governance.

Os desafios, porém, são encontrar profissionais capacitados e fazer com que a agenda não se torne apenas um novo departamento.

Segundo o CFA Institute, associação global que reúne e certifica profissionais de finanças, a demanda por esse tipo de expertise é alta, sendo que a oferta segue muito baixa.

Em pesquisa feita em dezembro de 2020, a instituição analisou 1 milhão de contas no LinkedIn e concluiu que menos de 1% dos perfis tinha qualificação nessa área.

O levantamento considerou apenas pessoas do ramo financeiro, que é um dos setores mais entusiasmados com o tema atualmente. Ou seja, se faltam profissionais nesse mercado, é de se esperar que o mesmo esteja acontecendo em quase todos os segmentos.

Para capturar essa crescente demanda, a PWC, rede global de auditoria e consultoria, anunciou que vai contratar mais de 100 mil pessoas nos próximos cinco anos.

O plano faz parte de um investimento bilionário do grupo para aperfeiçoar seus serviços de assessoria em questões ESG, que devem ser cada vez mais requisitados pelas empresas.

Mauricio Colombari, sócio da PWC, diz que já percebeu um aumento na busca por consultorias e especialistas no Brasil no último ano. Segundo ele, atualmente, os profissionais mais capacitados são os que possuem conhecimento aprofundado em algum dos temas que a agenda engloba.

“Os maiores especialistas na parte de meio ambiente, por exemplo, vêm das áreas de gestão ambiental e de engenharia de produção. São pessoas que cuidam da cadeia de valor, economia circular, gestão de resíduos. Na parte social, são os profissionais de ciências humanas, e em governança, do direito e da administração”, afirma.

Para Colombari, a expertise em ESG acaba sendo um “puxadinho” de outras formações —o que não é algo necessariamente ruim, já que o tema demanda uma gama diversa de especializações.

“Um profissional de ESG é até difícil de existir, porque ele precisaria dominar tantas temáticas que você começa a pensar se é possível transitar entre todas elas”, diz. “Quem quiser abraçar tudo corre o sério risco de ser superficial, o que não será suficiente para tratar dos desafios das organizações.”

No Brasil, é comum que algumas empresas depositem a responsabilidade de suas agendas ESG no departamento de sustentabilidade —quando não no marketing. No entanto, ao fazerem isso, correm o risco de tratar o tema como incumbência de um setor específico, em vez de um compromisso de todo o negócio, como defende Colombari.

“No mundo ideal, cada área da empresa pensaria com a mentalidade ESG ao tomar decisões. O ideal é que isso esteja incorporado em todos os departamentos”, afirma.

É o que também pensa Nelmara Arbex, sócia de ESG da KPMG, multinacional de auditoria e consultoria. Para ela, lugares que estão mais avançados na agenda em relação ao Brasil, como Europa e Estados Unidos, se destacam por entender os três princípios de forma mais abrangente.

“A primeira coisa que a gente percebe no exterior é que a educação para os aspectos sociais, ambientais e éticos são esparramados por toda a organização. Especialmente na Europa, nas grandes e médias empresas, você vê que qualquer executivo tem facilidade de falar sobre a relação do ESG com a sua área, seja ela finanças, RH ou planejamento”, diz.

Arbex, que também foi vice-presidente da GRI (Global Reporting Initiative), entidade internacional que estabelece padrões para relatórios de sustentabilidade, diz que não é tão comum ver, em outros países, pessoas se formando para um cargo de gestão de ESG. “Na verdade, você tem profissionais de várias áreas fazendo cursos de especialização no tema”, afirma.

Segundo a especialista, o Brasil ainda está atrasado nesse aspecto de formação, mas a expectativa é que isso comece a andar mais rápido nos próximos anos.

“Não é só formar um profissional superespecializado numa área específica. Vamos ter que capacitar as pessoas que já estão dentro das empresas. Todo mundo vai ter que passar por um upgrade”, diz.

Foi o que a Nespresso norte-americana fez. Após sofrer críticas sobre o impacto ambiental de suas cápsulas de café, a empresa viu a necessidade de expandir o conceito de sustentabilidade para seus funcionários. Como? Criando um curso personalizado para seus executivos.

Em parceria com uma das principais escolas de negócios dos EUA, a NYU Stern School of Business, a Nespresso desenvolveu uma formação para ensinar seu quadro sobre a sustentabilidade na indústria do café.

Em uma das atividades, os participantes visitam uma fazenda na Costa Rica para ver como funciona o programa de abastecimento sustentável da empresa. Eles também têm aulas de negócios e são incentivados a desenvolver projetos para reduzir o desperdício nos escritórios da empresa, por exemplo.

O curso existe desde 2016 e, de lá para cá, 118 funcionários de diferentes áreas da Nespresso participaram, o que ajudou a melhorar os índices de reciclagem das cápsulas.

Aqui no Brasil, a alta busca por programas de qualificação é percebida por quem oferece formações em ESG. Segundo Adriane de Almeida, diretora de desenvolvimento do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), a demanda nunca foi tão grande.

O instituto lançou seu primeiro curso sobre o tema no segundo semestre de 2020, para conselheiros de empresas. Todas as edições lotaram e eles viram a necessidade de criar mais um voltado para gestores.

João Carlos Redondo, coordenador da comissão de sustentabilidade do IBGC, concorda que o conhecimento sobre os princípios ambientais, sociais e de governança devem ser difundidos por todos os departamentos de uma organização. No entanto, ele julga imprescindível a existência de uma pessoa que coordene as ações.

“A inexistência de alguém para liderar essa agenda nas empresas pode comprometer o avanço. Tem que ter um 'sponsor' [patrocinador], alguém tem que organizar tudo isso”, diz.

Assim como o IBGC, instituições como Insper e Fundação Getúlio Vargas também têm conteúdos sobre o tema. Mas a oferta é recente —pelo menos com o termo ESG no nome.

A FGV, por exemplo, ofereceu sua primeira capacitação sobre os aspectos ambientais, sociais e de governança em novembro de 2020, e uma segunda edição está prevista para este ano. No Insper, o primeiro curso específico de gestão em ESG está programado para acontecer em setembro.

Ricardo Assumpção, diretor-executivo da Grape ESG, consultoria que atua no cenário social, ambiental e de governança, lembra que quando procurou um curso sobre ESG aqui no Brasil, no início do ano passado, não achou quase nada. Segundo ele, as formações existentes tinham maior foco em temas específicos, como meio ambiente ou responsabilidade social.

Ele diz que só foi encontrar o curso que procurava na London Business School, onde, além de se especializar no tema, conheceu sua sócia Ione Anderson.

Homem de terno, sentado em poltrona cinza com os dedos entrelaçados, olhando para a câmera
Ricardo Assumpção é diretor executivo da Grape ESG e um especialista em ESG. Ele defende que a agenda seja vista de forma transversal pelas empresas, e não como um novo departamento - Karime Xavier/Folhapress

Assumpção também defende que a agenda seja vista de forma transversal e não como um departamento, algo que a maioria das empresas aqui no Brasil ainda não faz. Na visão dele, não adianta contratar um expert se o negócio não tiver essa mentalidade incorporada em sua cultura.

“Uma empresa que coloca um especialista em ESG lá dentro quer muito mais atender os anseios do mercado do que se preparar para o desenvolvimento sustentável. Claro que vai precisar de uma pessoa para cuidar dessa área, mas não começa por aí. Eu vejo muita empresa achando que trazer um bom profissional a preço de ouro vai fazer toda a diferença, mas não é essa a solução”, afirma.