sábado, 2 de junho de 2018

Gás encanado em SP aumenta até 8% para 1,8 milhão de consumidores, FSP

Desde quarta (30), os clientes da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) estão pagando mais caro pelo gás encanado. O reajuste afeta 1,8 milhão de clientes no estado de São Paulo.
O aumento médio para o consumo residencial varia entre 3,4% e 8%. O índice é superior à inflação acumulada nos últimos 12 meses até o mês de abril, medida pelo IPCA, que ficou em 2,76%.
O reajuste, autorizado pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), foi publicado na quarta (30) no Diário Oficial do estado e já está em vigor para 1,8 milhão de clientes residenciais.
REUTERS
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Segundo a Comgás, o aumento definido pela Arsesp contempla "atualização nos custos de gás e transporte incluídos na tarifa", além de seguir variações no valor do petróleo e da taxa de câmbio. O reajuste não é definido por um percentual fixo, mas sim por faixas que variam de acordo com o consumo individual de cada uma das residências.
A tarifa básica para os clientes residenciais, cobrada dos consumidores independentemente do volume de gás utilizado, subiu de R$ 9,82 para R$ 9,92.
A tarifa variável, cobrada por m³ de gás consumido, também foi reajustada.
O consumo médio de uma família é de 11,3 m³ por mês. Nesse caso, a taxa avança 6,87%, passando de R$ 4,51 para R$ 4,82 por m³.
Para as residências em que a medição é coletiva, o aumento da tarifa básica é de 0,94%. Ela subiu de R$ 48,01 para R$ 48,46.
A Comgás também reajustou os percentuais para o comércio (até 12,9%) e para a indústria em até 21%.
Já as tarifas do GNV (gás natural veicular), aplicadas apenas para os postos de combustíveis, terão uma redução no preço de 1,06%.

Petrobras perde R$ 137 bilhões em 11 dias, FSP

Anaïs FernandesAna Paula Ragazzi
SÃO PAULO
As ações da Petrobras despencaram quase 15% na Bolsa nesta sexta-feira (1º) com o pedido de demissão de Pedro Parente da presidência da estatal.
Os papéis preferenciais (mais negociados) recuaram 14,86%, cotados a R$ 16,16. Os ordinários (com direito a voto) caíram 14,92%, para R$ 18,88. As ADRs (recibos de ações negociadas nos Estados Unidos) perderam 14,59%, a US$ 10,13.
Em um dia, a empresa perdeu R$ 40,4 bilhões em valor de mercado --quase o equivalente ao valor da companhia brasileira de papel e celulose Fibria (R$ 39,3 bilhões)--, aponta Einar Rivero, da empresa de informações financeiras Economática.
Desde que teve início a paralisação de caminhoneiros, em 21 de maio, a Petrobras perdeu cerca de R$ 137 bilhões. Agora, a petroleira vale R$ 231 bilhões.
"Para se ter uma ideia de grandeza, o valor de mercado do banco Santander no Brasil é de aproximadamente R$ 133 bilhões", disse Rivero.
Com a queda desta sexta, a Petrobras passa a ser a quarta maior empresa do Brasil --em 10 de maio, havia retomado a liderança em valor de mercado entre as companhias da América Latina.
Apesar de a Petrobras ter um peso de cerca de 12% do Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, o indicador conseguiu subir 0,63% nesta sexta, para 77.239,75 pontos, segurado pelo bom humor no exterior.
No dia, o Ibovespa ganhou R$ 14,5 bilhões, segundo Rivero --sem a Petrobras, porém, o valor seria R$ 54,9 bilhões.
"A Bolsa poderia ter subido mais se a Petrobras não puxasse para baixo", disse Vinicius Freitas, economista da Ativa Investimentos.
As ações da Petrobras abriram em alta na casa de 2%. Por volta de 11h20, o mercado foi comunicado da renúncia de Parente, e os papéis entraram em leilão --as negociações ficam suspensas por atingirem oscilações máximas.
Quando voltaram a ser negociados, os papéis da estatal reabriram caindo 14%, e chegaram a perder 20%.
"O mercado via com bons olhos a gestão de Pedro Parente, com um histórico de melhor governança e bons resultados operacionais e financeiros", disse Freitas.
A B3, dona da Bolsa, explica que o procedimento de leilão é previsto pela regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) quando um comunicado de empresa de capital aberto é publicado com o mercado em funcionamento.
Os analistas estranharam, no entanto, o anúncio da demissão com o pregão aberto: "A gestão dele [Parente] foi marcada por colocar ordem na empresa e caprichar na comunicação com o mercado. Se a Bolsa fechasse às 18h, às 18h10 saía o balanço, quando era época de divulgação de resultados. Agora ele sai numa sexta-feira, emenda de feriado, com a Bolsa aberta?", reclamou um gestor de recursos.
Ele disse que o susto com o pregão aberto também ajudou a alimentar as perdas, já que na semana passada os papéis saíram da casa do R$ 26 para ao redor de R$ 19, com a expectativa de mudança na política de preços da empresa e a saída de Parente, o que acabou se confirmando.
Desde o início da paralisação dos caminhoneiros, há rumores no mercado de que Parente poderia renunciar, apesar dos esforços do governo e do próprio comando da estatal para garantir que não haveria interferência política nas decisões da empresa.
 
Em teleconferência em inglês com investidores no dia 24, após anunciar que a Petrobras cortaria o preço do diesel em 10% por 15 dias, Parente afirmou que, se o governo voltasse a controlar a política de preços da estatal, teria de encontrar "outra diretoria alinhada a essa decisão".
"Foi um golpe muito forte, mas de certa forma não foi uma surpresa. Mas a saída dele é uma sinalização muito forte para o mercado de que talvez a Petrobras não consiga permanecer com sua política de preços atual", disse Bruno Foresti, gerente de câmbio do banco Ourinvest.
Os analistas destacaram a frase "não serei empecilho para que alternativas sejam discutidas" na carta de demissão de Parente.
"As ações da Petrobras agora vão voltar a ser o que eram na época do governo do PT", afirmou um gestor, referindo-se aos tempos em que a empresa era usada para compor interesses do governo.

BRF

A gigante de alimentos BRF liderou as altas do Ibovespa ao subir 9%, com especulações sobre uma possível ida de Pedro Parente à presidência da companhia. Ele assumiu o comando do Conselho de Administração no lugar do empresário Abilio Diniz.
Dois membros do conselho disseram à Folha, sob condição de anonimato, que gostariam de ver Parente no comando da BRF, mas que ainda não sabem se ele topa.
"Isso é mais especulativo, não acredito que seja rápido assim, que amanhã ele estaria na BRF. O mercado começa a especular em cima disso e tenta ganhar sobre esse fato", disse Freitas.

Saiba quem é Ivan Monteiro, o novo presidente da Petrobras, FSP



A escolha de Ivan Monteiro para comandar a Petrobras indica que o governo tem percepção de que precisa manter na estatal um nome com apoio do mercado financeiro. Monteiro esteve à frente de ajuste das finanças da companhia após a crise gerada pelo esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
A Folha apurou que a indicação foi bem recebida na estatal, por ser sinal de continuidade das políticas em curso. Pelo mesmo motivo, foi criticada por sindicatos que pediam a cabeça de Pedro Parente.
Ivan monteiro usa terno preto com gravata azul e camisa branca. Ele também está com óculos de grau quadrado, com armação preta
O novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro - Alan Santos/PR/Folhapress
Monteiro foi levado à Petrobras ainda na gestão Dilma Rousseff por Aldemir Bendine, ex-presidente da estatal e do Banco do Brasil condenado em janeiro pelo juiz Sergio Moro por corrupção.
Engenheiro eletrônico, ele fez carreira no Banco do Brasil, onde se tornou o braço direito de Bendine. Na Petrobras, chegou a ser apontado internamento como o principal gestor da companhia, enquanto seu chefe era criticado por passar poucos dias da semana na sede da empresa.
Quando Monteiro chegou na diretoria financeira da Petrobras, em fevereiro de 2015, a empresa ainda enfrentava dificuldades para fechar o balanço de 2014 por resistência dos auditores independentes em aprovar fórmula de cálculo das perdas com a corrupção.
Ele é apontado por analistas como o principal responsável por tirar a Petrobras da encruzilhada em que a empresa estava no início de 2015, correndo o risco de sofrer resgate antecipado de dívidas por falhar em cumprir prazos legais para a entrega de documentos financeiros.
Sob seu comando, a companhia iniciou um programa de gestão de dívidas, empurrando para meados dos anos 2020 parte do excessivo volume de vencimentos, cuja concentração no final desta década chegou a levantar boatos de necessidade de aporte de recursos para evitar a falência.
Além disso, promoveu grandes baixas contábeis em valores de ativos da estatal, considerando o cenário de preços de petróleo mais baixos e revertendo avaliações exageradas feitas quando os processos foram aprovados em gestões petistas.
Ainda com Bendine, deu início ao primeiro grande plano de venda de ativos da estatal, com a meta de vender US$ 15,1 bilhões entre 2016 e 2018 – o resultado final foi um pouco menor, US$ 13,6 bilhões.
Com a chegada de Parente, foi convidado a permanecer no cargo, assim como boa parte da diretoria montada por Bendine. Apesar da condenação do ex-chefe, não tem contra si nenhuma acusação de crimes nem na Petrobras nem no BB.
Para os sindicatos de petroleiros, porém, o nome representa continuidade com o que chamam de "desmonte da Petrobras". "Eles não iriam indicar alguém que não tivesse o mesmo pensamento do que o Pedro Parente. Acho que a política [de venda de ativos] se mantém", comentou José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros.