quarta-feira, 2 de maio de 2018

PRÉ-SAL JÁ RESPONDE POR 54% DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE PETRÓLEO E GÁS , ANP



Em março de 2018, a produção de petróleo e gás do País foi de aproximadamente 3,23 milhões de barris de óleo equivalente por dia. 
Foram produzidos 2,557 milhões de barris de petróleo por dia (bbl/d), uma redução de 2,3%, na comparação com o mês anterior e aumento de 0,3%, se comparada com março de 2017. O decréscimo já era esperado em virtude de paradas programadas de manutenções de equipamentos nas plataformas nos campos de Peregrino, na Bacia de Campos, e Lula, na Bacia de Santos. 
Já a produção de gás natural totalizou 107 milhões de m³ por dia, uma redução de 2,6% em comparação ao mês anterior e aumento de 5,6%, se comparada com o mesmo mês de 2017. O decréscimo ocorreu em função de paradas de manutenções nas plataformas nos campos de Lula, na Bacia de Santos, e Peroá/Cangoá, na Bacia do Espírito Santo. 
Os dados de produção de março estão disponíveis na página do Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural da ANP, disponível em: http://www.anp.gov.br/publicacoes/boletins-anp/2395-boletim-mensal-da-producao-de-petroleo-e-gas-natural 

Pré-sal 
A produção do pré-sal em março totalizou 1,745 milhão de boe/d, uma redução de 1% em relação ao mês anterior, e correspondeu a 54% do total produzido no Brasil. Foram produzidos 1,396 milhão de barris de petróleo por dia e 55 milhões de metros cúbicos diários de gás natural por meio de 83 poços. 
Os poços do pré-sal são aqueles cuja produção é realizada no horizonte geológico denominado pré-sal, em campos localizados na área definida no inciso IV do caput do artigo 2º da Lei nº 12.351/2010. 

Aproveitamento do gás natural 
O aproveitamento de gás natural no Brasil no mês de março alcançou 96,9% do volume total produzido. Foram disponibilizados ao mercado 57,2 milhões de metros cúbicos por dia. 
A queima de gás totalizou 3,3 milhões de metros cúbicos por dia, uma redução de 7,6% se comparada ao mês anterior e de 4,1% em relação ao mesmo mês em 2017. 

Campos produtores 
O campo de Lula, na Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás natural. Produziu, em média, 832 mil bbl/d de petróleo e 34,8 milhões de m3/d de gás natural.
Os campos marítimos produziram 95,5% do petróleo e 83,4% do gás natural. A produção ocorreu em 7.584 poços, sendo 710 marítimos e 6.874 terrestres. Os campos operados pela Petrobras produziram 94,9% do petróleo e gás natural.
 
Estreito, na Bacia Potiguar, teve o maior número de poços produtores: 1.079. Marlim Sul, na Bacia de Campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores: 97.
A FPSO Cidade de Maricá, produzindo no campo de Lula, foi a instalação com maior produção de petróleo. Produziu 148,8 Mbbl/d por meio de 8 poços a ela interligados.
A instalação Polo Arara, produzindo nos campos de Arara Azul, Araracanga, Carapanaúba, Cupiúba, rio Urucu e Sudoeste Urucu, por meio de 33 poços a ela interligados, produziu 7,8 MMm3/d e foi a instalação com maior produção de gás natural.
 

Outras informações 
Em março de 2018, 300 áreas concedidas e uma de partilha, operadas por 30 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Destas, 71 são marítimas e 230 terrestres. Vale ressaltar que, do total das áreas produtoras, uma encontra-se em atividade exploratória e produzindo através de Teste de Longa Duração (TLD), e outras sete são relativas a contratos de áreas contendo acumulações marginais. 
O grau API médio foi de 27,2, sendo 37,4% da produção considerada óleo leve (>=31°API), 48,9% óleo médio (>=22 API e <31 13="" api="" e="" font="" leo="" pesado=""> 
As bacias maduras terrestres (campos/testes de longa duração das bacias do Espírito Santo, Potiguar, Recôncavo, Sergipe e Alagoas) produziram 117,8 mil boe/d, sendo 93,3 mil bbl/d de petróleo e 3,9 milhões de m³/d de gás natural. Desse total, 112,9 mil barris de óleo equivalente por dia foram produzidos pela Petrobras e 4,9 mil boe/d por concessões não operadas pela Petrobras, sendo 379 boe/d em Alagoas, 2.231 boe/d na Bahia, 45 boe/d no Espírito Santo, 2.073 boe/d no Rio Grande do Norte e 194 boe/d em Sergipe. 


Universidade e iniciativa privada são fundamentais na solução da moradia. OESP

Mariana Barros é jornalista e cofundadora do Esquina
SÉRVIO NEVES/ESTADÃO - 08/07/2009

Dez anos atrás, um edifício que podia ter tido o mesmo final trágico do Wilton Paes de Almeida, que desabou no Largo do Paissandú, viu sua sorte mudar. Era um prédio sem nome na rua Solon, no Bom Retiro, conhecido como “o cortiço da rua Solon”, nascido sem pedigree. Foi erguido na década de 1980, longe da época de ouro da arquitetura paulistana, e sem a sorte de contar com um projeto assinado ou boa história que fizesse valer algum esforço de preservação. O proprietário morreu no meio da obra, e o prédio nunca foi totalmente terminado.
Em 2002, uma turma da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP liderada pela professora Maria Ruth Amaral de Sampaio passou a trabalhar no local buscando maneiras de melhorar a vida das famílias. Nos sete andares de corredores estreitos havia tráfico, prostituição, lixo arremessado pela janela, gente morando nas escadas e até no fosso do elevador, no térreo. Pequenos incêndios eram frequentes, normalmente causados por curtos circuitos de uma rede elétrica precária. As colunas ameaçavam ruir. Mas, ao contrário de tantos outros prédios em situação semelhante, os ventos mudaram por ali.
Os estudantes fizeram o cadastramento dos ocupantes e depois o levantamento de todas as melhorias técnicas necessárias, da rede elétrica ao reforço das colunas. E, num final de Cinderela, a iniciativa foi premiada com US$ 100 mil em um concurso do Deutsche Bank, o Urban Age Award, em 2008. O dinheiro pagou pelas reformas, tornou os espaços minimamente habitáveis e fez até com que as 42 famílias moradoras escolhessem um nome para o prédio, Edifício União.
No drama do Wilton Paes de Almeida, o jogo de empurra de responsabilidades mostram que nenhuma das esferas de governo, seja municipal, estadual ou federal, tinha ou tem a mínima ideia do que fazer com edifícios como este. Imagine então lidar com os outros 70 imóveis em condições semelhantes no centro de São Paulo, segundo dados da própria prefeitura? De outro lado, movimentos de moradia, que defendem uma causa  justa e verdadeira, estão sujeitos a serem sequestrados por grupos criminosos e corruptos, que lucram em cima da miséria e desespero alheios sem oferecer nada para melhorar as condições locais ou garantir alguma segurança jurídica.
Ações como as que os estudantes realizaram no Edifício União têm um poder transformador muito importante, além de produzir a experiência necessária para formar profissionais mais completos e sensíveis às questões urbanas. E isso vale não só para alunos de arquitetura e urbanismo, mas também de engenharia, direito, economia e várias outras áreas. No caso de universidades públicas, como a USP, seria ainda uma forma de retribuir à sociedade o ensino gratuito.
Outro ponto fundamental é atrair o interesse do setor privado para a questão. Quando o Deutsche Bank premia um projeto de habitação, chancela uma boa prática e chama a atenção do mercado sobre a importância e a urgência de enfrentar os desafios como este. Os governos podem e devem fazer o mesmo, criando mecanismos para que empresários se interessem em financiar reformas de empreendimentos, desburocratizando licenças e alvarás, especialmente para retrofits e readequação de imóveis antigos. Incentivar modelos de locação social, em que o aluguel é subsidiado pelo poder público, e a aquisição de imóveis realizada por associações constituídas juridicamente são outros caminhos possíveis. Sem universidade e iniciativa privada envolvidas, continuaremos patinando sobre o descaso e o desinteresse, quando não sobre escombros.

Mariana Barros
 
é jornalista e cofundadora do Esquina

terça-feira, 1 de maio de 2018

Justiça Eleitoral cria obstáculos ao novo, Joel Pnheiro da Fonseca. FSP

Num cenário de saturação com a política, é muito positivo ter opções realmente novas no cenário, partidos sérios como o Novo e a Rede Sustentabilidade, que lutam para crescer sem jogar o jogo do troca-troca e que trazem ideias inéditas.
Uma das novidades do Novo é o processo seletivo para candidatos. 
Quem quer se lançar pelo Novo tem que apresentar currículo e passar por rodadas de entrevistas em que são avaliadas coisas como capacidade de gestão, alinhamento ideológico com a legenda e estratégia para a campanha. 
Aqueles que passam pelo crivo dos avaliadores vão então para a decisão na convenção partidária. É uma boa maneira de unir escolha política e alguns critérios técnicos, e por isso tem despertado interesse inclusive de partidos e movimentos distantes das ideias do Novo.
O TSE discorda, e por isso rejeitou a alteração no estatuto do Novo que instauraria o processo seletivo ("comissões prévias de seleção de candidato") como regra interna. 
Segundo o relator, o ministro Jorge Mussi, o processo seletivo constitui um "grave risco de escolha antidemocrática". A convenção partidária não pode ter sua escolha limitada.
A decisão é ridícula, a começar pelo que ela supõe: que a seleção de candidatos nos partidos tradicionais todos eles de cartas marcadas e decididos por cúpulas-- seria mais democrática do que um processo seletivo transparente, que visa justamente dar chance a todos em vez de se restringir a lideranças já estabelecidas. 
Pela decisão, o modelo de partido que definitivamente não tem funcionado é o único legítimo. 
Ninguém é forçado a integrar um partido; e com 35 deles no Brasil, opção não falta. É positivo que eles utilizem diferentes modelos de gestão e seleção. Cada um se organizando como acha melhor, os prós e contras de cada modelo vêm à tona: talvez uns tenham mais sucesso nas urnas, outros se mantenham coerentes à mensagem no longo prazo, etc. 
A concorrência dentro de regras pré-estabelecidas –por exemplo, de total transparência quanto ao uso do fundo partidário– gera aprendizado e progresso.
Mas aqui é o Brasil. Quando a lei vem atrapalhar o que está funcionando, o jeitinho resolve. O TSE proibiu as "comissões prévias" do Novo de vetarem candidatos. 
Mas durante a convenção que escolhe os candidatos, o diretório tem a palavra final, podendo aprovar ou rejeitar quem quiser. Todo partido funciona assim. Desse modo, os diretórios do Novo se comprometem a aprovar apenas os candidatos que tenham passado no processo seletivo. 
O processo seletivo continuará valendo, só não contará com a segurança dada pela inclusão no estatuto.
O ambiente brasileiro é ruim para quem quer criar algo novo. Assim como um empresário tem que se haver com impostos complicados e regulações estapafúrdias em vez de focar em conseguir clientes, partidos que poderiam estar focados em transmitir sua mensagem e conquistar eleitores e filiados (o que, para o Novo, um partido sem deputados no Congresso, será um grande desafio) têm que ficar a todo momento resolvendo dificuldades burocráticas e jurídicas que o próprio sistema coloca. 
Para os interesses encastelados no poder, é ótimo. Um sistema que permita liberdade e concorrência entre diferentes modelos de partido, isso sim nos tornaria mais democráticos.