terça-feira, 7 de março de 2017

Sororidade, substantivo feminino, O Globo

RIO — Um substantivo feminino ausente de dicionários clássicos de língua portuguesa vem sendo repetido com vigor entre jovens mulheres que militam pela igualdade de gênero. Disseminada em redes sociais, a palavra é salpicada em frases como “A sororidade pode salvar vidas”, “Sororidade gera sororidade” ou, ainda, “Estamos aqui umas pelas outras. Isso é sororidade”. Numa definição corrente na internet, “sororidade” se refere a uma espécie de pacto entre mulheres relacionado às dimensões ética, política e prática do feminismo contemporâneo. Ou, simplesmente, uma aliança baseada na empatia e no companheirismo.
O termo, uma espécie de antônimo da suposta rivalidade existente entre elas, atingiu, este mês, marcado pelo Dia da Mulher, o seu mais alto patamar de popularidade no Google Trends, que mede o volume de pesquisas no buscador, em 12 anos. No Twitter, foram 1.600 menções até o dia 17, quase o dobro do total de março de 2015, quando a palavra foi usada 900 vezes por usuários, de acordo com levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV) a pedido do GLOBO. A popularidade repentina está ligada à recente expansão de correntes diversas do feminismo, sugerem estudiosas de gênero. Para elas, o sentimento expresso pelo termo é um instrumento para a conquista da igualdade entre mulheres e homens.
— A expressão tem se disseminado com a expansão recente dos feminismos, inclusive entre as jovens mulheres, e com a consciência de que a sororidade é um caminho importante para enfraquecer a misoginia ainda dominante em nossa cultura que, inclusive, incita a rivalidade entre as mulheres — analisa Ana Liési Thurler, integrante do grupo de pesquisa Vozes Femininas, da Universidade de Brasília (UNB). — Mergulhadas acriticamente na sociedade, muitas vezes, não nos damos conta dos processos misóginos em nosso entorno.
Ana define sororidade como “acolhimento, empoderamento, solidariedade entre mulheres”. A socióloga explica que o termo tem origem em soror, cujo significado é “irmã”, em latim. Nos Estados Unidos, por sua vez, sororities são organizações sociais em universidades: as fraternidades integradas por meninas.
— A misoginia — e a sororidade, seu antídoto — torna-se também um fenômeno político, já que envolve a distribuição de poderes na sociedade — acrescenta a professora.
Para Ligia Baruch, mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o conceito contribui para a igualdade de gênero na medida em que implica uma reflexão sobre a importância das mulheres não julgarem ou criticarem umas às outras.
— Não sei ao certo quando essa ideia da rivalidade entre as mulheres surgiu, me parece mais um desses clichês populares que são perpetuados automaticamente sem maiores reflexões, pois também há rivalidade entre os homens. Faz parte da competição do humano pela sobrevivência. É um mecanismo primitivo útil em situações extremas, mas a colaboração também é um mecanismo útil e mais sofisticado — opina. — A rivalidade masculina é mais enfatizada nos esportes e no trabalho, e a feminina, na questão da competição pelo mercado matrimonial. São resquícios de uma visão patriarcal e machista.
Ligia sugere que a aliança entre mulheres seja incorporada no dia a dia, com atitudes de cooperação que favoreçam condições para que elas assumam posições de poder.
— Mas essas atitudes colaborativas também precisam acontecer entre homens e mulheres, principalmente dos parceiros em relação a uma divisão real das tarefas de casa e cuidado dos filhos — ressalta.
A psicóloga credita a disseminação do termo à emergência de uma nova onda do feminismo protagonizada por jovens mulheres conectadas às redes sociais e às ferramentas tecnológicas, que favorecem as articulações de ideias e práticas. A exemplo disso, a jornalista Babi Souza recém-lançou o livro “Vamos juntas? — O guia da sororidade para todas” (Editora Galera), aos 25 anos. O livro é fruto de um projeto criado pela jovem na internet, cuja proposta é unir mulheres contra o assédio e outros tipos de violência. Numa noite, voltando do trabalho, Babi percebeu que ela e outras mulheres poderiam vencer a sensação de insegurança ao andarem sozinhas na rua se caminhassem lado a lado. A página do movimento recebeu mais de cinco mil curtidas nas 24 horas seguintes ao seu lançamento. Hoje, um terço das seguidoras não passa dos 18 anos, e as mais engajadas estão entre os 13 e 14 anos.
— Depois de criar o projeto, fizemos uma pesquisa perguntando o que fazia as mulheres sentirem tanto medo ao andar na rua. A alternativa que teve maior número de respostas foi “o machismo”. Muitas das que participaram disseram que nunca tinham parado para pensar nisso — conta a jornalista, que, no livro, dá as dicas (que ilustram esta reportagem) de como praticar a sororidade.
Outra campanha a incentivar a solidariedade feminina é a #MaisAmorEntreNós. A ideia é que meninas ajudem umas às outras em tarefas do dia a dia ou com apoio emocional numa espécie de corrente. Nas redes, usuárias se dispõem gratuitamente a apoiar outras usuárias cuidando de seus bebês por algumas horas, auxiliando em questões jurídicas, ensinando habilidades como idiomas e fotografia ou mesmo fazendo companhia e dando abraços.
De acordo com o levantamento do DAPP, da FGV, as menções a “sororidade” aparecem sobretudo ao lado de termos como “mulheres”, “mina”, “empatia”, “feminista” e a expressão “não quero flores”. Para Babi Souza, embora o termo ainda não seja amplamente conhecido, mesmo entre alguns grupos de meninas, o sentimento a que ele se refere é notório.
— Ainda há esse estranhamento em relação à palavra, mas algo que me deixa surpresa é que, quando comento a ideia de desconstruir a rivalidade entre mulheres, raramente ela não é aceita. Algo nos diz que isso não faz sentido e não nos fortalece. Não raro, meninas me falam que já procuravam se aproximar de outras meninas na rua quando se sentiam inseguras, mesmo sem pensar muito nisso. A ideia de sororidade já está dentro das mulheres, mesmo que inconscientemente.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/sororidade-substantivo-feminino-18959230#ixzz4ah6w9JzO 
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06.03.17 | Eficiência energética: a oportunidade em meio ao aumento na conta de energia Fonte: Folha de São Paulo - 05.03.2017 * Por André Nahur São Paulo - É tempo de bandeira amarela! O símbolo, que mais uma vez aparece na conta de energia, avisa que o consumidor final brasileiro deverá lidar novamente com tarifas mais altas de energia, agora com valor reajustado. Junto ao alerta, porém, este domingo (5) relembra que é possível deixar o caminho menos custoso. Hoje é Dia Mundial da Eficiência Energética. A data, ainda pouco conhecida no Brasil, foi criada há 19 anos na Áustria, durante a primeira conferência internacional sobre o tema, buscando ampliar o conhecimento geral sobre o uso consciente de energia e contribuir para a solução da crescente crise energética, que – longe de ser uma exclusividade tupiniquim – assola a todo o planeta. Ineficiência energética ocorre no desperdício de recursos ou uso de equipamentos que gastam mais do que deveriam. Para cumprir o prometido no Acordo de Paris e dar sua parcela justa nas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), países de todo o mundo têm investido em formas de energia que não emitam ou emitam menos desses gases. Buscar mais fontes e menos perdas é essencial para permitir o crescimento econômico sem comprometer a segurança climática e ainda dar acesso a mais de 1,5 bilhão de pessoas que não possui eletricidade no mundo. No Brasil, de acordo com a Abesco (Associação Brasileira de Empresas de Serviço de Conservação de Energia), cerca de 50 mil gigawatts-hora por ano são gastos por falta de eficiência. Isso equivale à capacidade plena de usina de Itaipu e uma economia de R$ 12 bilhões (a preços de 2014). Ações individuais de uso consciente dos recursos são essenciais e o movimento A Hora do Planeta, que acontece no próximo dia 25, é um bom momento para lembrar de bons hábitos, como um menor tempo no banho, desligar luzes de cômodos que não estão sendo usados ou diminuir o uso de veículos individuais motorizados. Porém, para que o resultado seja expressivo, é crucial o envolvimento do governo. Em relatório do International Energy Efficiency Scorecard com as principais economias consumidoras de energia, o Brasil aparece em penúltimo em políticas para eficiência energética, à frente apenas da Arábia Saudita. Boas iniciativas existem, como é o caso do Selo Procel (criado em 1993) ou do Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf). Nela, o Brasil prevê reduzir 10% no consumo até 2030, o equivalente a uma economia de 106 TWh e redução de 30 milhões de toneladas de CO2 naquele ano. Falta implementar e pensar a energia desde o início, como em sistemas de transporte mais eficientes ou construção de edifícios que aproveitem luminosidade e ventilação naturais sem depender de ar condicionado, o grande vilão do aquecimento global nas residências. Países como Austrália, Estados Unidos e Reino Unido tiveram bons resultados na criação de políticas e modelos de eficiência energética para a construção civil. O investimento em sistemas de mini e microgeração de energia elétrica também é interessante, pois diminui a demanda de energia de grandes centrais hidrelétricas e termelétricas, com benefícios para o planeta, empregos para o país e redução de tarifa para o consumidor. O WWF-Brasil, por meio do seu programa Mudanças Climáticas e Energia, desenvolve estudos, ações e campanhas buscando que o ser humano tenha qualidade de vida, vivendo em harmonia com a natureza. Acreditamos que há boas oportunidades em cada crise e esperamos que esta bandeira amarela possa também acenar novas e mais sustentáveis alternativas para o setor elétrico. * André Nahur, biólogo e coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil

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Fonte: Folha de São Paulo - 05.03.2017

* Por André Nahur

São Paulo - É tempo de bandeira amarela! O símbolo, que mais uma vez aparece na conta de energia, avisa que o consumidor final brasileiro deverá lidar novamente com tarifas mais altas de energia, agora com valor reajustado.

Junto ao alerta, porém, este domingo (5) relembra que é possível deixar o caminho menos custoso. Hoje é Dia Mundial da Eficiência Energética.

A data, ainda pouco conhecida no Brasil, foi criada há 19 anos na Áustria, durante a primeira conferência internacional sobre o tema, buscando ampliar o conhecimento geral sobre o uso consciente de energia e contribuir para a solução da crescente crise energética, que – longe de ser uma exclusividade tupiniquim – assola a todo o planeta.

Ineficiência energética ocorre no desperdício de recursos ou uso de equipamentos que gastam mais do que deveriam. Para cumprir o prometido no Acordo de Paris e dar sua parcela justa nas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), países de todo o mundo têm investido em formas de energia que não emitam ou emitam menos desses gases.

Buscar mais fontes e menos perdas é essencial para permitir o crescimento econômico sem comprometer a segurança climática e ainda dar acesso a mais de 1,5 bilhão de pessoas que não possui eletricidade no mundo.

No Brasil, de acordo com a Abesco (Associação Brasileira de Empresas de Serviço de Conservação de Energia), cerca de 50 mil gigawatts-hora por ano são gastos por falta de eficiência. Isso equivale à capacidade plena de usina de Itaipu e uma economia de R$ 12 bilhões (a preços de 2014).

Ações individuais de uso consciente dos recursos são essenciais e o movimento A Hora do Planeta, que acontece no próximo dia 25, é um bom momento para lembrar de bons hábitos, como um menor tempo no banho, desligar luzes de cômodos que não estão sendo usados ou diminuir o uso de veículos individuais motorizados.

Porém, para que o resultado seja expressivo, é crucial o envolvimento do governo.

Em relatório do International Energy Efficiency Scorecard com as principais economias consumidoras de energia, o Brasil aparece em penúltimo em políticas para eficiência energética, à frente apenas da Arábia Saudita.

Boas iniciativas existem, como é o caso do Selo Procel (criado em 1993) ou do Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf). Nela, o Brasil prevê reduzir 10% no consumo até 2030, o equivalente a uma economia de 106 TWh e redução de 30 milhões de toneladas de CO2 naquele ano.

Falta implementar e pensar a energia desde o início, como em sistemas de transporte mais eficientes ou construção de edifícios que aproveitem luminosidade e ventilação naturais sem depender de ar condicionado, o grande vilão do aquecimento global nas residências.

Países como Austrália, Estados Unidos e Reino Unido tiveram bons resultados na criação de políticas e modelos de eficiência energética para a construção civil.

O investimento em sistemas de mini e microgeração de energia elétrica também é interessante, pois diminui a demanda de energia de grandes centrais hidrelétricas e termelétricas, com benefícios para o planeta, empregos para o país e redução de tarifa para o consumidor.

O WWF-Brasil, por meio do seu programa Mudanças Climáticas e Energia, desenvolve estudos, ações e campanhas buscando que o ser humano tenha qualidade de vida, vivendo em harmonia com a natureza. Acreditamos que há boas oportunidades em cada crise e esperamos que esta bandeira amarela possa também acenar novas e mais sustentáveis alternativas para o setor elétrico.

* André Nahur, biólogo e coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil

Trem entre SP e Campinas só depende de liberação de terrenos da União, diz Alckmin


André Borges ,
O Estado de S.Paulo
07 Março 2017 | 18h31
BRASÍLIA - A viabilidade da licitação do trem de passageiros de média velocidade para interligar Campinas e São Paulo depende da liberação, pelo governo federal, da "faixa de domínio" da ferrovia de carga que já liga as duas cidades. 
Segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o projeto depende apenas dessa confirmação do governo para que a oferta de parceria público-privada (PPP) do empreendimento seja apresentada ao mercado. "É um projeto extremamente importante. E sua viabilidade depende do terreno", disse Alckmin ao 'Estado'. 

Foto: José Luís da Conceição/Governo de São Paulo
Batida entre trens da CPTM deixa feridos na Estação Barueri
Linha 7 da CPTM seria incorporado ao projeto "para ajudar no funding" da proposta comercial
"O estudo que nós fizemos mostra que cabe mais uma linha do trem de carga, dá para dobrar a capacidade, além das duas linhas do trem de média velocidade, na mesma faixa de domínio", comentou o governador, que confirmado ter entregado a proposta do projeto nas mãos do presidente Michel Temer no mês passado. "Só estamos aguardando o governo federal dar um ok, que ele concorda."
Alckmin confirmou que pretende incluir na licitação do trem de média velocidade o trecho 7 da CPTM, que seria incorporado ao projeto "para ajudar no funding" da proposta comercial. "Estamos otimistas. O grande problema hoje é o custo do terreno. É muito cara a desapropriação. Se temos a faixa de domínio, já viabiliza o projeto", disse.
O governo paulista não descartou ainda a possibilidade de a PPP ter contrapartidas financeiras da União, reunindo governos federal e estadual e a iniciativa privada no mesmo projeto. A renovação das concessões de ferrovias federais pode ser uma alternativa para injetar recursos no projeto de São Paulo. "Isso seria o ideal", comentou Alckmin. 
O projeto tem sido assessorado por técnicos do Banco Mundial. Trens de velocidade são aqueles que fazem viagem de até 200 km por hora, em média. O traçado pretendido pelo projeto é o mesmo que estava inserido no plano do trem de alta velocidade, que era defendido pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff. 
Não há valores fechados sobre o empreendimento. A se basear pelo custo de outro projeto previsto para ligar Brasília a Goiânia, os 135 km de trilhos que ligariam São Paulo à Campinas e Americana teriam custo aproximado de US$ 5,5 bilhões. Diversos fatores, no entanto, podem influenciar diretamente nesses custos, como a escolha da tecnologia que será usada e as desapropriações necessárias no traçado do trem.