sexta-feira, 4 de março de 2016

Governo de SP fará 15 reuniões para discutir reorganização de escolas


 
    
 postado em 04/03/2016 08:55

São Paulo, 04 - A reorganização das escolas estaduais de São Paulo será rediscutida em 15 encontros regionais com estudantes no Estado. Serão feitas audiências públicas em diferentes cidades, em colégios e diretorias de ensino, para recolher a opinião dos alunos sobre a nova configuração da rede estadual A medida original, que previa o fechamento de 94 colégios e a transferência de 311 mil alunos, foi suspensa pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em dezembro, após uma série de protestos e a ocupação de 196 escolas por alunos.

A nova estratégia da Secretaria Estadual da Educação tenta atender a uma demanda dos estudantes, que reclamaram da falta de diálogo durante a implementação da medida - argumento também usado pelo Ministério Público Estadual e pela Defensoria Pública na ação que barrou a reorganização na Justiça. A proposta, feita pelo então secretário da Educação Herman Voorwald, que deixou a pasta em dezembro, tinha como objetivo separar as unidades em ciclos únicos (anos iniciais, anos finais e ensino médio).

Os encontros, batizados de "A Escola que Queremos", terão início no dia 10, em Bauru, no interior do Estado. Também estão previstas visitas às escolas que foram ocupadas no ano passado, mas a secretaria não confirmou quantas. A pasta tem dito que a ideia é discutir "caso a caso".

Justiça

A secretaria explicou ao Estado a iniciativa após questionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo que, por decisão da juíza Carmen Cristina Fernandez Teijeiro e Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a pasta "se manifestasse quanto à eventual manutenção do propósito de implementar o projeto de reorganização escolar".

A explicação foi causada por uma ordem estabelecida na ação de autoria do Ministério Público e da Defensoria, que teve início no ano passado. Nesse processo, a Apeoesp, maior sindicato de professores, apontou que o Estado estaria fechando 1,3 mil classes, informação não confirmada pela pasta.

As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A China além da economia, Moises Naim in OESP


Em coluna anterior, descrevi as dificuldades econômicas que a China enfrenta. O menor crescimento econômico em 25 anos, fuga em massa de capitais, imensas dívidas impossíveis de cobrar e forte queda da bolsa de valores são algumas evidências de que a macroeconomia do gigante asiático não anda bem. Nesta coluna, complemento a análise mostrando alguns sintomas de que as coisas no plano microeconômico também estão se complicando na China.
Convulsões macroeconômicas sempre geram turbulências em outras áreas. A seguir, alguns fatos peculiares no plano micro com consequências para a macroeconomia da China, seu governo, sua população e, inevitavelmente, para todos nós.
Repressão. Em janeiro de 2011, duas greves trabalhistas foram realizadas na China. Este ano, já foram 503. Segundo o Boletim Trabalhista Chinês, em 2015 ocorreram 2.774 greves, o dobro em relação a 2014. Com o aumento dos conflitos trabalhistas, o governo passou a reprimir com força líderes dos trabalhadores. Dezenas foram detidos. 
Zeid Ra’ad al-Hussein, funcionário do alto escalão da ONU na área dos direitos humanos e da Conferência Sindical Internacional, denunciou essas detenções e exigiu a libertação dos ativistas. Eli Friedman, Aaron Halegua e Jerome Cohen, três estudiosos especializados na situação trabalhista na China, escreveram no Washington Post: “Desde que surgiram, há 20 anos, as organizações trabalhistas chinesas têm sofrido sistemáticos ataques e pressões do governo: auditorias fiscais, violência mafiosa e contínuos interrogatórios pelos órgãos de segurança. Mas a recente repressão é mais séria. Ao que parece, o Partido Comunista está decidido a acabar com o ativismo dos sindicatos para sempre. É uma cruel ironia o fato de um Partido Comunista reprimir os trabalhadores”.
Sumiços. Guo Guangchang é chamado de Warren Buffet chinês. É um bilionário que controla a maior empresa privada da China, a Fosun. Em dezembro, ele desapareceu. O empresário estaria “auxiliando as autoridades em determinadas investigações”. Alguns dias depois, sem maiores explicações, reapareceu para presidir a assembleia de acionistas da sua companhia. O caso de Yang Zezhu, um conhecido líder do setor financeiro chinês, foi muito pior. Em janeiro, ele se matou, jogando-se de uma janela. Deixou uma nota explicando que o motivo do seu suicídio era uma investigação que vinha sendo realizada pelo órgão disciplinar do Partido Comunista por “questões pessoais”. 
São dois exemplos de um crescente número de empresários importantes que “desapareceram”, renunciaram subitamente aos seus postos, emigraram ou foram detidos. A lista abrange o grupo mais seleto do setor empresarial. Sabemos que uma das prioridades do presidente Xi Jinping é a luta contra a corrupção. O desaparecimento e a detenção de empresários é, sem dúvida, manifestação dessa cruzada. Mas, além disso, mostra que a luta contra a corrupção serve também para eliminar possíveis rivais e consolidar o poder.
Livros também estão desaparecendo. Os livros contábeis. A polícia chinesa teve de usar retroescavadeiras para extrair de um poço muito profundo 1.200 livros contábeis relativos a uma das maiores fraudes financeiras da China. Ding Ning, 34 anos, é o fundador da Ezubao, empresa de investimentos muito conhecida do país. A Ezubao prometia 15% de rendimento anual a quem depositasse ali seu dinheiro. Muitos o fizeram. E perderam US$ 7,6 bilhões que, segundo se sabe agora, Ding usou para fins pessoais. Essa fraude foi a maior e mais visível entre as que infestam o setor financeiro chinês.
E editores, livreiros e escritores... Lee Bo, de 65 anos, cidadão britânico residente em Hong Kong e acionista da editora Causeway Bay Books, também desapareceu em dezembro. Sua mulher procurou a polícia dizendo que Lee havia sido sequestrado e levado para Pequim. Alguns dias depois, retirou a denúncia e explicou que o marido viajara voluntariamente para ajudar a polícia chinesa em uma investigação. 
Outras quatro pessoas ligadas à mesma editora estão desaparecidas desde o ano passado. Um pequeno detalhe: a empresa é conhecida por publicar livros muito críticos dos dirigentes chineses.
Outro editor, Yiu Man, de 73 anos, preparava a publicação de um livro que leva o título de O Poderoso Chefão Chinês Xi Jinping, do escritor dissidente Yu Jie. Não conseguiu terminar o trabalho pois foi condenado a 10 anos de prisão. Seu crime? Ter levado algumas latas de tinta industrial de Hong Kong para Shenzhen sem pagar as taxas devidas.
Censura, propaganda, ocultação de informações, perseguição de dissidentes, ativistas, empresários ou qualquer pessoa que proteste contra o governo. Essas são algumas das respostas de Pequim para as consequências sociais e políticas da sua crise econômica.
Os governos costumam agravar as crises com a sua reação. Esse é um exemplo. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É ESCRITOR VENEZUELANO E MEMBRO DO CARNEGIE ENDOWMENT EM WASHINGTON

Cardozo pode ir para AGU; procurador iria para a Justiça, Monica Bergamo


Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 27-01-2016, 16h00: Os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Jose Eduardo Cardozo (Justiça) durante Solenidade de Lançamento do PAR/2016, programa de ações articuladas de combate à crimes contra educação, no MEC. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) durante evento no Ministério da Educação
De saída do Ministério da Justiça, o ministro José Eduardo Cardozo pode ser deslocado para a AGU, a Advocacia Geral da União.
Seria uma saída encontrada pela presidente Dilma Rousseff para mantê-lo no governo.
O ministro decidiu deixar o cargo, como antecipou neste domingo (28) aFolha.
Um dos cotados para substituí-lo na pasta deve ser Wellington Cesar, procurador baiano ligado ao ministro Jaques Wagner, da Casa Civil.
Cardozo, que já ameaçou pedir demissão em outras oportunidades, sairá em um dos momentos mais delicados do governo Dilma. Bombardeada por denúncias que podem envolver a sua campanha eleitoral, em especial depois da prisão do marqueteiro petista João Santana, a presidente está cada vez mais isolada e distante até mesmo do PT, partido que a elegeu e ao qual é ainda filiada.
Cardozo deixa o cargo também em uma semana conturbada, em que novas delações premiadas podem ocorrer na Operação Lava Jato e em meio a rumores de que estariam sendo preparadas buscas e apreensões em propriedades ligadas ao ex-presidente Lula e a seus familiares.
Nas últimas semanas, a pressão sobre Cardozo, vinda do PT e de partidos da base do governo, chegou a limites "intoleráveis", segundo revelam amigos próximos do ministro.
Para o ex-presidente Lula, o ministro da Justiça é o responsável pelo avanço das investigações ao coração do PT e do Planalto por não controlar a Polícia Federal.
Representantes de setores empresariais investigados pela Lava Jato tambémengrossam o coro contra Cardozo.
Ele estaria sofrendo críticas "injustas tanto da direita quanto da esquerda". E teria concluído que "ajuda mais saindo do governo do que permanecendo no cargo", afirma um desses interlocutores à Folha.
Na última semana, parlamentares cobraram de Cardozo o resultado de inquéritos que apuram abusos de policiais federais na condução de operações em curso. Eles consideram que o Ministério da Justiça não trata dos casos com o devido rigor.