segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Esgoto pode voltar às casas como energia elétrica ( pauta 2015)


O primeiro leilão do país para colocar na rede de distribuição o biogás gerado no processo de tratamento sanitário de dejetos orgânicos será realizado em abril pela Sabesp.

Nivaldo Souzaredacao@brasileconomico.com.br
Estação de tratamento de Barueri: potencial de 9 gigawats a partir do biogás
Apesar de o Brasil ainda ter um grande déficit sanitário em sua rede de coleta e tratamento de esgoto - apenas 52,5% dos domicílios contam com o serviço, conforme levantamento realizado pelo IBGE em 2008 -, o país começa a desenvolver projetos de utilização de resíduos na geração de energia a partir do gás metano liberado por bilhões de litros de detritos orgânicos.
Iniciativas antes restritas a experiências acadêmicas entram agora em uma fase de exploração comercial, a exemplo do que acontece em países asiáticos e europeus, como China, Dinamarca e Alemanha, que têm o biogás como fonte de suas matrizes energéticas.
É com esse viés, ao mesmo tempo econômico, de desenvolvimento tecnológico e adequação técnica de processos que envolvem as engenharias civil, elétrica e química, que a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) lançará em abril um edital de concorrência para receber uma usina térmica em sua Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Barueri, na Grande São Paulo.
A meta da empresa do governo paulista é, até 2016, fornecer mensalmente 30 milhões de metros cúbicos (m³) de biogás gerados nos tanques de biodigestão da maior unidade de tratamento sanitário da América do Sul - onde a cada segundo deságuam 7 mil litros de esgoto.
"Já tivemos algumas experiências prévias e agora vamos dar um grande salto", diz o assessor de meio ambiente da Sabesp, Marcelo Morgado.
Da academia para o mercado
O arranque comercial do biogás dado pela Sabesp foi ensaiado entre entre 2002 e 2005, com o projeto experimental Energ-Biog, coordenado pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) - com R$ 150 mil em recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O experimento foi responsável pela instalação de uma microturbina para geração de energia a partir da queima do metano resultante do processo de secagem da massa orgânica do esgoto recebido na ETE Barueri. O gás resultante do lodo processado pelo equipamento produzia modestos 30 quilowatts para abastecer a ETE.
Hoje, a estação produz 3 megawatts (MW) com 35 mil m³ de biogás gerados diariamente. Economia significativa para os 11 MW consumidos pela unidade todo mês. Contudo, como maior compradora individual de energia de São Paulo - cerca de 1,9% de toda eletricidade consumida no estado -, a estatal diz ser mais viável negociar a compra do insumo no mercado livre. Daí querer ser fornecedora de biogás para a cogeração, o que pode lhe render o caixa necessário para cumprir a meta de atender todos os 365 municípios de sua rede com água e esgoto tratado até 2018.
"A venda do biogás será uma forma de explorar o potencial energético da estação de tratamento e ser remunerado por isso", aponta o assessor.
A estratégia pode servir de modelo a outras ETEs país afora via uma Sabesp que, com seu projeto de gestão de valor agregado, quer vender tecnologia em saneamento. "Estamos abrindo a janela de novos negócios", indica Morgado.
Para Marco Seidenberg, engenheiro da superintendência de novos negócios da Sabesp, o potencial enérgico da ETE Barueri é de 9 gigawatts.
"O volume vai depender da tecnologia adotada pela empresa que vencer a concorrência", diz.
O custo do projeto ainda está sendo avaliado - deve incluir a construção de um gasoduto, da termoelétrica e de equipamentos.
"Depois do processo térmico, a energia poderá ser conectada à rede da AES Eletropaulo e ser transferida até o destino", explica Seidenberg.
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Fonte que mais cresce no Brasil, eólica já responde a 4,5% da energia nacional - ECoD


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Parque eólico no litoral cearense. Brasil começa o ano com 241 empreendimentos
Foto: Otávio Nogueira
O ano de 2014 foi muito positivo para o Brasil em relação as fontes renováveis de energia. Os últimos leilões fizeram com que o país integrasse, pela primeira vez, o ranking das dez nações mais atraentes do mundo para investimentos nesse setor, de acordo com levantamento da consultoria EY.
Fonte que mais cresce no Brasil, a energia eólica atingiu, na primeira semana de janeiro, a marca de 6 gigawatts (GW) de potência instalada e uma participação de 4,5% na matriz elétrica brasileira.
Com a entrada em funcionamento de quatro novos parques na Bahia, essa fonte renovável começa o ano com 241 parques eólicos distribuídos por 11 estados, segundo dados do último boletim do setor, divulgado na sexta-feira (9) pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Os 6 GW representam mais de 90 mil empregos gerados, 10 milhões de residências abastecidas mensalmente e 5 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas.
No final de 2012, o Brasil dispunha de uma capacidade instalada de 2,5 GW. Em apenas dois anos, a potência instalada do país mais que duplicou com a instalação de 3,5 GW.
Até 2018, a expectativa é que a participação da energia eólica na matriz energética brasileira salte para 8%, com a contratação e instalação de pelo menos 2 GW de potência a cada ano.
Bons ventos
“Pelas perspectivas do Governo, a eólica deve atingir 22,4 GW de potência instalada em 2023, e as previsões do setor indicam um crescimento ainda maior, que alcança 25,6 GW”, avalia a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Silva Gannoum.
Os 6 GW representam para o país mais de 90 mil empregos gerados, 10 milhões de residências abastecidas mensalmente e 5 milhões de toneladas de emissões de CO2 evitadas.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Curiosidades · Prefeitura de SP trata como lixo a madeira nobre das árvores caídas



(16/01/2015)

Elas derrubaram postes elétricos e interromperam ruas. Fora esses problemas, as mil árvores que caíram no município de São Paulo nos últimos 15 dias ainda tiveram um destino inglório: virar lixo e acabar soterrada em aterros sanitários.
 
O UOL acompanhou o trabalho de remoção das árvores feito pela prefeitura, coletou galhos e buscou identificar de que espécie se tratava.

Dos sete exemplares submetidos à análise dos botânicos do Herbário Municipal, cinco foram apontados como de gêneros de madeira boa: jacarandá, angico, mirindiba, sibipiruna e pau ferro. Apenas duas amostras eram de material de pouca utilidade industrial: tipuana e flamboyant.

Não há nenhum tipo de triagem ou seleção por parte da prefeitura, tratando caules de madeira de lei da mesma maneira que galhos com cupins. Só uma parte mínima das ramagens é triturada para virar adubo nos três viveiros de plantas da cidade e nas ações de arborização.

Para a prefeitura, porém, os troncos recolhidos nas vias públicas são "considerados lixo orgânico". "Normalmente, só ocorre queda de árvores que estejam em mau estado fitossanitário, por isso não existe nenhum tipo de seleção dos troncos", respondeu a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras por meio de e-mail

Das mais de vinte árvores tombadas que a reportagem do UOL registrou, apenas um eucalipto e uma tipuana estavam infestados por cupins. As árvores cujas madeiras são classificadas como "de lei" têm dureza e proteção naturais contra os animais xilófagos (comedores de madeira).

Contrariando a justificativa oficial, especialistas apontam vários fatores para tantas plantas tombadas durante tempestade, entre eles, podas mal-feitas e sufocamento das raízes nas calçadas.

Funcionários proíbem pessoas de retirar madeira
A prefeitura usa o mesmo motivo para proibir que as pessoas possam retirar pedaços de madeiras para utilizar. "Já houve casos em que munícipe solicitou tronco às equipes de áreas verdes, porém, por questões sanitárias, não foi possível atender, pelo fato de a madeira estar infectada", respondeu o órgão responsável pela poda e conservação.

Apesar dessa determinação, os troncos e os ramos ficaram tantos dias nas ruas que qualquer pessoa interessada poderia retirar.

"Eu liguei, e o atendente falou que demorariam até cinco dias úteis para retirar. Levou mais de dez dias", reclamou Drago Ziukovic, que trabalha em escritório na avenida Brigadeiro Luis Antônio. Em bairros como Pinheiros e Moema, há árvores que caíram em 2014 que ainda estão no chão.

Entre as árvores identificadas pelos botânicos, está o jacarandá, que é usada na fabricação de móveis, instrumentos musicais e pisos. Já o angico, por ser resistente a brocas e cupins, é muito usado em tacos, vigas e caibros.

Por seu lado, o pau ferro, como o próprio nome diz, é muito duro e é usado na construção civil e também na produção de violões, violinos e até óculos. A mirindiba é madeira de lei e pode ser empregada na indústria moveleira. Já a sibipiruna pode servir para construção civil e para itens de decoração.

Há em outras cidades brasileiras iniciativas para o reaproveitamento dessas madeiras, seja pela própria prefeitura ou por ONGs ou indústrias. Em São Paulo, uma lei de 2008, de autoria do vereador Gilberto Natalini (PV) e assinada pelo prefeito anterior, Gilberto Kassab (PSD), institui o aproveitamento desse material seja como adubo, lenha, combustível, utensílio doméstico ou artesanato, mas pouco avançou essa iniciativa.

Alguns parques da cidade, como o Ibirapuera ou Luz, aproveitam a madeiras de suas árvores tombadas para fazer mesa e cadeiras para os frequentadores.

Mas a grande maioria das lenhas seguiu seu cortejo até o aterro da Pedreira, perto da divisa com Guarulhos, para ser enterrado como entulho. A região é uma clareira à beira do Parque Estadual da Cantareira.

Para quem se aproxima de lá, o cheiro de lixo contrasta com a paisagem verde da floresta. Após algumas curvas, aparece os morros escalonados que formam o aterro.

A madeira é compactada e enterrada. No lugar, de virar móveis se transforma em chorume e gás metano. A empresa responsável pelo aterro afirma que processa esses dois materiais para evitar a contaminação do ar e do solo.  


Fonte: UOL notícias