Coluna Econômica - 09/03/2012
Entrevista relevante a de Edward Mott, fundador e CEO da Oxford Capital Partners, a Humberto Sacomandi, do Valor Econômico, alerta: o tsunami monetário mundial mal começou.Trata-se do movimento dos bancos centrais da Europa, Inglaterra, Japão e Estados Unidos, de injetar dinheiro na economia global, visando prevenir a crise bancária. A economia global já foi irrigada em US$ 4,7 trilhão, mas o volume maior desses recursos mal começou a circular, segundo Mott. O que aconteceu até agora não passa de uma marolinha.***É um movimento que não terminou. Em 21 de dezembro o BCE (Banco Central Europeu) emprestou € 489 bilhões a 523 bancos; na semana passada, mais € 529,5 bilhões a 800 bancos. O prazo foi de três anos a taxas de 1% ao ano, abaixo da inflação da zona do euro, que é de 2,6% ao ano.Foi alcançado o objetivo maior, de reduzir o prêmio pago pelos governos nacionais na rolagem de suas dívidas. Mas o crédito não chegou às empresas. A maior parte dos recursos está sendo aplicado em títulos da dívida dos países mais seguros e em depósitos no próprio BCE.Pelos cálculos de Mott, mais da metade dos empréstimos do BCE está depositada no próprio banco, rendendo apenas 0,25% ao ano. Se recebem a taxas de 1% ao ano e aplicam a 0,25%, obviamente os bancos estão perdendo dinheiro. Isso se deve à cautela excessiva, para o caso de, por exemplo, um default caótico da Grécia.Conclusão de Mott: é o maior volume de liquidez empoçada da história.***É esse medo que tem impedido um fluxo maior de recursos para os emergentes Vai chegar um momento em que de algum modo se resolverá a situação grega e o risco internacional cairá.Haverá três fatores impulsionando uma bolha próxima:1. A redução do risco sistêmico global.2. O diferencial de juros entre países desenvolvidos e emergentes.3. A perspectiva de valorização dos ativos dos emergentes, antes do próximo crash.***Esses movimentos já foram exaustivamente estudados na literatura econômica, especialmente após as diversas bolhas ocorridas dos anos 80 para cá.1. Os gestores de fundos colocam a mão no gatilho, esperando o início do ciclo.2. Dado o tiro de largada saem correndo, apostando na valorização adicional dos ativos da vez (os emergentes). Quem chegar primeiro ganha na valorização.3. Entram no jogo com todos os sentidos ligados. Ao primeiro sinal de fim do ciclo de alta, começará a corrida. Quem sair primeiro, ganha – ao vender seus ativos no pico. Quem demorar, perde. Daí porque a corrida será louca.Esse desenho de um novo “crash” é tão previsível quanto as crises a que o Brasil se expos nos anos 90. A cada crise, em vez de corrigir o câmbio, o governo FHC promovia um aperto fiscal, derrubava a atividade econômica e a economia permanecia exposta aos novos movimentos especulativos.***Desta vez há um diagnóstico maduro – até em função do aprendizado com as velhas crises -, uma consciência clara dos riscos do grande tsunami, estudos exaustivos sobre prós e contra de medidas a serem adotadas.Falta começar a agir. Não dá mais para adotar medidas convencionais contra um tsunami que já apontou no horizonte.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Aguardando o tsunami monetário
Grito de alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros
Grito de alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros -Manifesto das Centrais sindicais e do empresariado
A estagnação da indústria de transformação em 2011 é algo extremamente grave e preocupante. Por este motivo, entidades patronais e de trabalhadores se unem para ressaltar que apesar do forte crescimento do consumo, o setor industrial reduziu drasticamente a geração de empregos, agudizando ainda mais o processo de desindustrialização no Brasil.
Juros altos, câmbio valorizado, guerra fiscal favorecendo as importações, entre outros fatores, incentivam artificialmente a entrada de produtos importados, fazendo com que a indústria pouco contribuísse para o crescimento do PIB em 2011. Como consequência, o crescimento total da economia deverá ficar abaixo de 3%, após crescimento de 7,5% em 2010.Esses dados revelam o descompasso entre as ações promovidas pelo governo, e a realidade da indústria que demanda medidas emergenciais e efetivas.
A desindustrialização não se iniciou nos últimos anos, mas vem se intensificando desde 2008. Em 1985, a indústria de transformação representou 27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual situação, chegaremos ao fim de 2012 com menos de 15%. O declínio da indústria coloca o país numa situação perigosa e vulnerável, com dificuldade de gerar empregos de qualidade e salários decentes para as presentes gerações e para as vindouras. Não se pode ignorar o impacto futuro que a redução da atividade da indústria brasileira, e da capacidade de consumo dos trabalhadores afetados, poderá ter sobre a expansão sustentável do emprego no comércio e serviços.
Não há como negar a importância da indústria para a transformação social de uma nação e a melhoria nas condições de vida de seus habitantes. Educação de qualidade, serviço de saúde eficiente, maior oferta de habitação e transporte, segurança e salários dignos são realidades dos habitantes de países ricos, que não descuidam de sua indústria, pelo contrário, defendem-na e incentivam-na com unhas e dentes, pois sabem que o setor industrial é vital para o desenvolvimento e bem estar da sociedade, senão, vejamos a atual posição do governo norte-americano conclamando para a defesa e recuperação da indústria de seu país.
Infelizmente o Brasil não tem dado a devida atenção àquilo que arduamente construiu. Basta lembrar que em 1980 o parque industrial brasileiro era equivalente aos parques de Tailândia, Malásia, Coréia do Sul e China somados. Em 2010, a indústria brasileira representou menos de 8% em comparação com as indústrias desses mesmos países.
Estamos regredindo e voltando a ser uma economia produtora e exportadora de produtos primários, cujas cotações dependem dos humores da economia internacional. As mercadorias importadas invadem nosso mercado, enquanto as exportações de produtos industrializados se reduzem. Em 2011, o déficit na balança comercial de manufaturados foi de US$ 93 bilhões.
Em 2030 o Brasil contará com uma população economicamente ativa de 150 milhões de pessoas. Precisamos, desde já, fortalecer os setores que serão capazes de gerar emprego de qualidade para esse contingente de brasileiros. As atividades do setor financeiro, da moderna agricultura e da extração mineral expandiram-se e tornaram-se economicamente importantes, porém sem uma
indústria pujante não teremos capacidade de gerar postos de trabalho decentes na quantidade que o Brasil demandará no futuro próximo.
O ano de 2012 se inicia com a atividade industrial estagnada, com perspectivas de crescimento anual próximo a zero. Neste cenário, mesmo que a demanda continue em expansão, novamente a economia brasileira como um todo não terá forças para crescer acima de 3%.
A sociedade brasileira não pode se comportar de forma passiva e resignada ante a tudo isso, como se décadas de desenvolvimento e a história nada significassem. Neste momento de crise internacional, crescimento de demanda é uma das coisas mais raras do mundo. Precisamos garantir que a demanda brasileira seja atendida pela produção brasileira, gerando empregos de qualidade e melhorando a distribuição de rendano Brasil.
Visando contribuir para a construção de um Brasil próspero e com boas oportunidades para todos, é que estamos reunidos - representantes dos trabalhadores e dos empresários - para este alerta em defesa da produção brasileira e de um ambiente econômico favorável ao crescimento.
Assinam este manifesto:
FIESP/CIESP, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB, CNM/CUT, Sindicato Metalúrgicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, SINAFER, SIMEFRE, SINDITEXTIL/ABIT, ABINEE, ABIMAQ, ABIQUIM, ABIPEÇAS, SICETEL, FIEP, FIEMG.
MEDIDAS EMERGÊNCIAIS PARA RETOMADA DA INDÚSTRIA NACIONAL
I - MEDIDAS MACROECONÔMICAS1- Redução da taxa básica de juros;
2- Redução do Spread;
3- Adotar medidas urgentes para atenuar a sobrevalorização cambial.
II- INVESTIMENTO PRODUTIVO COMO PROMOTOR DO CRESCIMENTO ECONÔMICO4- Desoneração integral do investimento produtivo de todos os tributos federais e estaduais;
5- Conteúdo local mínimo efetivoem todas as compras governamentais e privadas quando beneficiadas por financiamento público e/ou incentivos fiscais, e em setores estratégicos;
6- Disponibilização de linhas de financiamento com volume adequado e custos isonômicos aos concorrentes internacionais;
7- Perenização do PSI
8- Incentivar linhas de financiamento de longo prazo pelo setor bancário público e privado.
9- Utilização do compulsório não remunerado como instrumento de incentivo ao desenvolvimento de linhas privadas de financiamento de longo prazo.
10-Utilização das compras governamentais, inclusive da Petrobras, como indutoras da produção nacional, da agregação de valor e da geração de emprego e renda, com aplicação de margensde preferência para todos os setores industriais em percentuais que efetivamente incentivem a produção nacional.
11-Inovação tecnológica: extensão dos incentivos fiscais a todas as empresas, independente do regime de tributação (simples, lucro presumido e lucro real) da indústria de transformação, e oferta de financiamento com volume adequado e custos isonômicos aos que dispõem os concorrentes internacionais.
III- DEFESA COMERCIAL - INVERSÃO DO ATUAL QUADRODEINVASÃO DAS IMPORTAÇÕES NO MERCADO BRASILEIRO12-Fortalecimento das estruturas do MDIC relacionados à defesa comercial (DECOM, DECEX e DEINT), assegurando os recursos humanos e materiais necessários.
13- Disponibilizar as informações das operações de importação e exportação, como forma da sociedade fiscalizar operações de comércio exterior;
14- Incrementar o uso de instrumentos de defesa comercial, incluindo medidas compensatórias, licenças não automáticas, valoração aduaneira, salvaguardas e antidumping.
15-China: manter o tratamento como economia que não opera em condições predominantes de mercado e definir medidas de defesa comercial específicas.
16- Implementar a abertura e a aplicação de medidas de defesa comercial comfundamento em ameaça de dano.
17- Aprofundar a regulamentação técnica, sanitária e fitossanitária, bem como assegurar a fiscalização de seu comprimento por parte das importações.
IV - FIM DOS INCENTIVOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES18- Guerra dos portos: Aprovação da resolução 72 do Senado Federal, com definição na própria resolução do conceito de industrialização conforme art.4º, inciso I, do RIPI, e alíquota residual de 4% na origem.
19- Regimes tributários especiais: Fim dos incentivos concedidos às importações.
V- CRESCIMENTO INDUSTRIAL COMO PRIORIDADE DA POLÍTICA ECONÔMICA – METAS E CONTRAPARTIDAS20-Criação de metas anuais de aumento do nível de emprego na indústria de transformação.
21-Definição de metas anuais de crescimento da produção física e da taxa de investimento da indústria de transformação.
22- Incorporação dessas metas como objetivo prioritário da política econômica.
Juros altos, câmbio valorizado, guerra fiscal favorecendo as importações, entre outros fatores, incentivam artificialmente a entrada de produtos importados, fazendo com que a indústria pouco contribuísse para o crescimento do PIB em 2011. Como consequência, o crescimento total da economia deverá ficar abaixo de 3%, após crescimento de 7,5% em 2010.Esses dados revelam o descompasso entre as ações promovidas pelo governo, e a realidade da indústria que demanda medidas emergenciais e efetivas.
A desindustrialização não se iniciou nos últimos anos, mas vem se intensificando desde 2008. Em 1985, a indústria de transformação representou 27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual situação, chegaremos ao fim de 2012 com menos de 15%. O declínio da indústria coloca o país numa situação perigosa e vulnerável, com dificuldade de gerar empregos de qualidade e salários decentes para as presentes gerações e para as vindouras. Não se pode ignorar o impacto futuro que a redução da atividade da indústria brasileira, e da capacidade de consumo dos trabalhadores afetados, poderá ter sobre a expansão sustentável do emprego no comércio e serviços.
Não há como negar a importância da indústria para a transformação social de uma nação e a melhoria nas condições de vida de seus habitantes. Educação de qualidade, serviço de saúde eficiente, maior oferta de habitação e transporte, segurança e salários dignos são realidades dos habitantes de países ricos, que não descuidam de sua indústria, pelo contrário, defendem-na e incentivam-na com unhas e dentes, pois sabem que o setor industrial é vital para o desenvolvimento e bem estar da sociedade, senão, vejamos a atual posição do governo norte-americano conclamando para a defesa e recuperação da indústria de seu país.
Infelizmente o Brasil não tem dado a devida atenção àquilo que arduamente construiu. Basta lembrar que em 1980 o parque industrial brasileiro era equivalente aos parques de Tailândia, Malásia, Coréia do Sul e China somados. Em 2010, a indústria brasileira representou menos de 8% em comparação com as indústrias desses mesmos países.
Estamos regredindo e voltando a ser uma economia produtora e exportadora de produtos primários, cujas cotações dependem dos humores da economia internacional. As mercadorias importadas invadem nosso mercado, enquanto as exportações de produtos industrializados se reduzem. Em 2011, o déficit na balança comercial de manufaturados foi de US$ 93 bilhões.
Em 2030 o Brasil contará com uma população economicamente ativa de 150 milhões de pessoas. Precisamos, desde já, fortalecer os setores que serão capazes de gerar emprego de qualidade para esse contingente de brasileiros. As atividades do setor financeiro, da moderna agricultura e da extração mineral expandiram-se e tornaram-se economicamente importantes, porém sem uma
indústria pujante não teremos capacidade de gerar postos de trabalho decentes na quantidade que o Brasil demandará no futuro próximo.
O ano de 2012 se inicia com a atividade industrial estagnada, com perspectivas de crescimento anual próximo a zero. Neste cenário, mesmo que a demanda continue em expansão, novamente a economia brasileira como um todo não terá forças para crescer acima de 3%.
A sociedade brasileira não pode se comportar de forma passiva e resignada ante a tudo isso, como se décadas de desenvolvimento e a história nada significassem. Neste momento de crise internacional, crescimento de demanda é uma das coisas mais raras do mundo. Precisamos garantir que a demanda brasileira seja atendida pela produção brasileira, gerando empregos de qualidade e melhorando a distribuição de rendano Brasil.
Visando contribuir para a construção de um Brasil próspero e com boas oportunidades para todos, é que estamos reunidos - representantes dos trabalhadores e dos empresários - para este alerta em defesa da produção brasileira e de um ambiente econômico favorável ao crescimento.
Assinam este manifesto:
FIESP/CIESP, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB, CNM/CUT, Sindicato Metalúrgicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, SINAFER, SIMEFRE, SINDITEXTIL/ABIT, ABINEE, ABIMAQ, ABIQUIM, ABIPEÇAS, SICETEL, FIEP, FIEMG.
MEDIDAS EMERGÊNCIAIS PARA RETOMADA DA INDÚSTRIA NACIONAL
I - MEDIDAS MACROECONÔMICAS1- Redução da taxa básica de juros;
2- Redução do Spread;
3- Adotar medidas urgentes para atenuar a sobrevalorização cambial.
II- INVESTIMENTO PRODUTIVO COMO PROMOTOR DO CRESCIMENTO ECONÔMICO4- Desoneração integral do investimento produtivo de todos os tributos federais e estaduais;
5- Conteúdo local mínimo efetivoem todas as compras governamentais e privadas quando beneficiadas por financiamento público e/ou incentivos fiscais, e em setores estratégicos;
6- Disponibilização de linhas de financiamento com volume adequado e custos isonômicos aos concorrentes internacionais;
7- Perenização do PSI
8- Incentivar linhas de financiamento de longo prazo pelo setor bancário público e privado.
9- Utilização do compulsório não remunerado como instrumento de incentivo ao desenvolvimento de linhas privadas de financiamento de longo prazo.
10-Utilização das compras governamentais, inclusive da Petrobras, como indutoras da produção nacional, da agregação de valor e da geração de emprego e renda, com aplicação de margensde preferência para todos os setores industriais em percentuais que efetivamente incentivem a produção nacional.
11-Inovação tecnológica: extensão dos incentivos fiscais a todas as empresas, independente do regime de tributação (simples, lucro presumido e lucro real) da indústria de transformação, e oferta de financiamento com volume adequado e custos isonômicos aos que dispõem os concorrentes internacionais.
III- DEFESA COMERCIAL - INVERSÃO DO ATUAL QUADRODEINVASÃO DAS IMPORTAÇÕES NO MERCADO BRASILEIRO12-Fortalecimento das estruturas do MDIC relacionados à defesa comercial (DECOM, DECEX e DEINT), assegurando os recursos humanos e materiais necessários.
13- Disponibilizar as informações das operações de importação e exportação, como forma da sociedade fiscalizar operações de comércio exterior;
14- Incrementar o uso de instrumentos de defesa comercial, incluindo medidas compensatórias, licenças não automáticas, valoração aduaneira, salvaguardas e antidumping.
15-China: manter o tratamento como economia que não opera em condições predominantes de mercado e definir medidas de defesa comercial específicas.
16- Implementar a abertura e a aplicação de medidas de defesa comercial comfundamento em ameaça de dano.
17- Aprofundar a regulamentação técnica, sanitária e fitossanitária, bem como assegurar a fiscalização de seu comprimento por parte das importações.
IV - FIM DOS INCENTIVOS FISCAIS ÀS IMPORTAÇÕES18- Guerra dos portos: Aprovação da resolução 72 do Senado Federal, com definição na própria resolução do conceito de industrialização conforme art.4º, inciso I, do RIPI, e alíquota residual de 4% na origem.
19- Regimes tributários especiais: Fim dos incentivos concedidos às importações.
V- CRESCIMENTO INDUSTRIAL COMO PRIORIDADE DA POLÍTICA ECONÔMICA – METAS E CONTRAPARTIDAS20-Criação de metas anuais de aumento do nível de emprego na indústria de transformação.
21-Definição de metas anuais de crescimento da produção física e da taxa de investimento da indústria de transformação.
22- Incorporação dessas metas como objetivo prioritário da política econômica.
terça-feira, 6 de março de 2012
A mudança no modelo chinês
Coluna Econômica - 06/03/2012
A China decidiu radicalizar a mudança do seu modelo econômico e dividir o bolo, isto é, focar mais no mercado interno como motor do desenvolvimento. Significa, de um lado, reduzir as expectativas de crescimento, baixando para 7,5% este ano – abaixo do número mágico de 8,5%.
É interessante comparar o modelo chinês com o Brasil Grande dos anos 70.
Em ambos os casos, eram governos autárquicos, com plenas condições de monitorar a economia, definir vencedores e impor as regras do jogo.
O Brasil dos anos 70 definiu o mercado externo como a grande mola do crescimento. Por outro lado, abandonou o mercado interno, contentando-se apenas com a nova classe média operária que surgia no bojo da nova industrialização. Foi quando surgiu a teoria do “bolo” – de crescer primeiro para dividir depois.
Quando sobreveio a crise internacional, a única âncora na qual a economia brasileira se apoiou foi na construção civil e no amplo endividamento público: não havia mercado interno capaz de cobrir a crise do modelo anterior.
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Já a China há anos vem arrostando os limites de crescimento. Tem problemas enormes com o meio ambiente, com o abastecimento de água, com as disparidades regionais, com a tensão interna
O lado interessante do modelo chinês é a extrema competência do Partido Comunista, de extravasar as tensões internas de duas formas.
Uma, permitindo a alternância de linhas econômicas, tal e qual numa democracia ocidental – a um governo “neoliberal” sempre sucede um governo “populista”.
A segunda maneira é a de permitir canais de crítica a decisões do governo, desde que não se coloque como alvo o próprio Partido.
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Na verdade, as etapas do desenvolvimento chinês – desde Mao – tem obedecido a uma racionalidade enorme, em que pese as loucuras da Revolução Cultural. Mao massificou os serviços sociais, especialmente educação e saúde, fornecendo apenas o básico, mas para uma população enorme.
Em cima dessa base inicial, os sucessores investiram em ensino técnico, superior e aprenderam os princípios capitalistas através de um processo gradativo de criar regiões especiais, em que se experimentassem as regras de mercado.
De início atraíram as grandes multinacionais devido ao câmbio super-desvalorizado e mão-de-obra de baixo custo. Mas o alvo de médio prazo sempre foi o mercado interno chinês.
De início atraíram as grandes multinacionais devido ao câmbio super-desvalorizado e mão-de-obra de baixo custo. Mas o alvo de médio prazo sempre foi o mercado interno chinês.
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À medida em que a foi sendo criada uma classe média quase ocidentalizada, a maneira de mantê-la sob controle foram as expectativas de melhoria de emprego e de salário.
Agora, o PC deu-se conta de que não bastaria o crescimento acelerado para o atendimento das demandas dessa enorme população. E passou a investir em serviços públicos e a descomprimir gradativamente as pesadas condições de trabalho em muitas regiões – que têm sido objeto de denúncias internacionais variadas.
Vai-se ter uma população com a renda crescendo, os hábitos de consumo modernizando-se.
A diferença do Brasil atual é que ambas as economias se basearão no seu mercado interno: mas apenas uma (a China) têm um parque industrial capaz de se beneficiar desse boom.
Pedidos de falência voltam a subir
O número de empresas com falências requeridas teve a segunda alta consecutiva no mês de fevereiro, segundo levantamento divulgado pela consultoria Serasa Experian. Ao todo, foram feitos 152 pedidos em todo o país, 24 a mais do que o total registrado em janeiro e 32 acima do apurado em dezembro. As micro e pequenas empresas lideraram o número de pedidos em fevereiro deste ano, com 79 dos 152 registros no mês. Médias e grandes empresas, respectivamente, tiveram 46 e 27 requerimentos cada.
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