sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eles moram sozinhos e são grandes consumidores



Carolina Dall’Olio
Eles são solteiros, divorciados ou viúvos. Priorizam o trabalho e, como resultado, têm mais chances de ascender profissionalmente. Os salários costumam ter como único destino seu sustento e bem-estar. Pelo comportamento, perfil de consumo e também pelo papel cada vez mais relevante que desempenham na economia, eles estão modificando rapidamente a cara da cidade.
Hoje, 7,194 milhões de brasileiros vivem sozinhos, 1,645 milhão deles no Estado de São Paulo. É como se, num edifício com 100 apartamentos, 12 fossem ocupados, cada um, por um único morador. Em menos de uma década, o grupo dos sozinhos cresceu mais de 50%. E só tende a aumentar. “Com mais renda e mais emprego, muitos jovens podem sair da casa dos pais ou então mudam de cidade em função do trabalho”, justifica Maria Lucia Vieira, coordenadora da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad/ IBGE). “O envelhecimento da população e profissionalização da mulher, postergando o casamento, também reforçam a tendência.”
As pessoas que vivem sós reúnem características que combinam muito bem com o desenvolvimento econômico de uma cidade. Independentemente da renda que têm, o que chama atenção em seu perfil é a maneira como gastam seu dinheiro. “Diferentemente dos casados, esse público tem menos compromissos financeiros, como escola dos filhos ou mesmo o sustento de outro cônjuge”, explica Renato Trindade, que coordenou uma pesquisa da Bridge Research sobre os solteiros paulistanos. “Portanto, têm um poder de consumo maior.”
Eles investem apenas em si. Por isso, quando a relações públicas Paloma Costoya, de 25 anos, mudou de emprego e passou a ganhar “bem mais”, ela logo soube para onde iria o dinheiro extra: para as prestações da casa própria (hoje ela paga aluguel) e para as muitas baladas do fim de semana. Paloma gasta cerca de R$ 500 por mês só para se divertir. “Eu sou solteira e trabalho tanto que, quando tenho um tempo livre, quero mais é aproveitar”, argumenta. Mesmo assim, ainda sobra dinheiro para custear sozinha todas as despesas do apartamento em que mora no Ipiranga e também para financiar a próxima casa em que pretende viver.
Consumidores como Paloma têm transformado o mercado imobiliário paulistano. Antes dominada por lançamentos com três ou quatro dormitórios, a cidade agora começa a assistir uma multiplicação dos imóveis menores, de um dormitório. De acordo com o Sindicato da Habitação (Secovi-SP), foram entregues 1.632 unidades na capital no primeiro semestre de 2010, um crescimento de 371% em relação ao mesmo período do ano passado.
“O mercado imobiliário é o mais impactado por esse público, mas o setor de comércio e serviços também está se modificando em função deles”, afirma Luiz Goes, sócio da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. Nos últimos cinco anos, a indústria já reduziu a embalagem dos alimentos pela metade do tamanho original. A oferta de serviços para atender a esse público – desde novos restaurantes, bares e boates até pacotes de turismo especificamente direcionados a solteiros – também não para de crescer.
Paloma gasta seu sinheiro com diversão e prestação da casa própria (Foto: Paulo Pinto/AE)
Paloma gasta seu sinheiro com diversão e prestação da casa própria (Foto: Paulo Pinto/AE)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Dia da Árvore deveria se chamar Dia da Muda

Marcos Sá Corrêa - O Estado de S.Paulo  17/09/2010
O País comemora na próxima semana mais um aniversário de seu atraso ambiental. É o Dia da Árvore.
A data deitou raízes no calendário cívico nacional há quase cem anos. Pelo menos cinco décadas depois de desabrochar nos Estados Unidos. A festa começou em Nebraska em 1872, quase ao mesmo tempo em que brotavam os primeiros parques nacionais do mundo. Fazia parte de uma onda de conservação da natureza que o resto do mundo imitaria mais cedo ou mais tarde.
Aqui, ficou para mais tarde. Perdeu a chance de marcar, no fim dos século 19, a campanha contra o desmatamento do sueco Alberto Loefgren, chefe da seção de botânica da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. Loefgren queria o pacote completo. Não o plantio simbólico de mudas. Mas sobretudo os parques e o Código Florestal.
A resposta do governo saiu no começo do século 20. Reduzia-se ao Dia da Árvore, que na prática era o desmatamento de Loefgren reduzido à mínima potência. O Código Florestal e os primeiros parques nacionais, discutidos desde o Segundo Reinado e empurrados com a barriga pela República Velha, vingaram na década de 1930, às vésperas do Estado Novo. Bem depois que a moda americana se alastrara até as colônias africanas.
Nos Estados Unidos, o Dia da Árvore, que em outros lugares do Hemisfério Norte cai em março, como a primavera, acontece em 23 de setembro, para coincidir com o aniversário de Julius Morton, o cidadão de Nebraska que inventou a cerimônia. No Brasil, cai em 21 de setembro, para coincidir com a entrada da primavera, época em que uma tradição indígena muito mais renitente celebra a estação das queimadas.
Talvez por causa desse paradoxo, nosso Dia da Árvore - que, pelo decreto 55.795, chama-se Festa Anual da Árvore desde 1965 - deveria se chamar Dia da Muda. Árvore é coisa que se leva muito tempo para fazer. Muda, não. Dá fruto no dia da festa. E basta.
Como o decreto de 1965, que o País esqueceu, as mudas plantadas em 21 de setembro têm forte pendor para não crescer. Quem passou pelas escolas públicas do Rio na década de 1950, no tempo em que os alunos cantavam o Hino Nacional e hasteavam a bandeira antes de entrar na sala de aula, deve se lembrar da data como o dia em que todo mundo se perfilava em volta de um buraco no pátio, onde as professoras cravavam uma haste tenra, desfolhada, dizendo se tratar de um futuro pau-brasil - ou árvore que o valha.
Meio século depois, se uma ínfima porcentagem desses brotos tivesse crescido, as escolas públicas cariocas estariam hoje debaixo de bosques. Não em áreas cimentadas. E essa aridez não é só produto do acaso nem do cerco imobiliário que espremeu as escolas em áreas cimentadas. O Movimento Viva Rio, há dez anos, tentou doar mudas para Cieps da zona oeste, onde os prédios de Oscar Niemeyer geralmente cozinham ao sol escaldante em terrenos desérticos. Ouviu, da primeira diretora consultada, que árvore em escola só serve para os alunos se esconderem atrás do tronco, fazendo bobagens.
Mas as mudas nem por isso perdem a festa de seu dia. Amanhã, pelo menos nas rodovias de São Paulo, 120 mil miniaturas de espécies nativas serão distribuídos nos postos de pedágio pela SOS Mata Atlântica, com minuciosas instruções sobre como e onde plantá-las. Eis uma oportunidade que a educação ambiental dos estudantes brasileiros não deveria perder, seguindo o destino dessas menores até chegar a hora de virarem, de pleno direito, árvores. Daqui a três anos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

NO RÁDIO, ALCKMIN PROMETE R$ 1,4 BI PARA DESPOLUIR RIO TIETÊ



17 de setembro de 2010  08h23  atualizado às 08h31 do site Terra



Durante o horário eleitoral gratuito veiculado no rádio na manhã desta sexta-feira (17), o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, prometeu investir quase R$ 1,4 bilhão no tratamento de esgoto para ajudar na despoluição do rio Tietê. "A maior causa da poluição hoje é o esgoto sanitário. Então, com o projeto Tietê 3, nós teremos mais 1,5 milhão de pessoas na Grande São Paulo que irão ter o esgoto coletado e tratado", afirmou Alckmin.
O programa também lembrou que Geraldo, quando era deputado federal, foi quem apresentou o projeto de lei que virou o Código de Defesa do Consumidor. "Nós pretendemos descentralizar a Fundação Procon de São Paulo para as regiões administrativas do Estado e aumentar os 'Procons' municipais", disse Alckmin.
Os locutores da inserção tucana comentaram a atuação de Alckmin nos debates promovidos na TV. "Tem candidato que diz que vai fazer o que já foi feito. Ou quer fazer a mesma coisa que o Geraldo já fez. Fora que tem uns três ou quatro que parece que já entram meio combinado para acertar o Geraldo", disse Joca. "E você vê, o Geraldo está sempre equilibrado, não perde a categoria", completou.
O programa de Aloizio Mercadante utilizou falas do candidato proferidas durante o debate Folha/RedeTV! na última quarta-feira (15) com suas propostas para a educação. "Esse Estado é rico, esse Estado pode ter escola com qualidade. Nós temos que avaliar os alunos, ter reforço. Tem que ter carreira para os professores. Dezesseis anos do PSDB, 100 mil professores não têm carreira", afirmou o petista. Mercadante também cobrou as propostas do governo tucano para a CPTM. "Há quanto tempo que eles dizem que irão dar qualidade de metrô para a CPTM. Onde está essa qualidade? Em uma linha, duas talvez", criticou.
O empresário Paulo Skaf (PSB) fez críticas ao voto em Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR. ¿Se eu pintasse minha cara de palhaço, vocês votariam em mim? Claro que não, ou seja, o voto no Tiririca não é um voto a favor, é um voto contra". Para o socialista, os eleitores que pretendem votar no palhaço querem alertar os políticos que estão 'de saco cheio'. "É bom levar esse recado a sério. Do contrário, em breve poderemos ter novos Tiriricas se elegendo para o Senado, quem sabe para a prefeitura ou até mesmo para o governo", afirmou Skaf.
Fabio Feldmann, do PV, voltou a defender economia criativa, ou seja, "novas formas de gerar emprego e renda investindo em atividades como tecnologia da informação, design, moda, turismo de negócios e turismo médico¿. O candidato também falou sobre a economia de baixo carbono e a criação de programas específicos para tratamento das doenças modernas, como a obesidade, a anorexia e a depressão.
O jornalista Celso Russomanno (PP) aproveitou seu espaço para agradecer aos eleitores o carinho recebido durante as visitas que tem feito a cidades de todo o Estado e para pedir ajuda a sua campanha. "Você quer me ajudar? Eu preciso de você. Você sabe que minha campanha é humilde, com poucos recursos, porque eu sempre estive do lado dos mais fracos e humildes. Seja um voluntário na minha campanha", pediu o progressista.
O programa de Paulo Bufalo (Psol) foi o mesmo já veiculado anteriormente, no qual um locutor afirma que o partido "lutou sem vacilar contra a reforma do Código Florestal" e "defendeu no Congresso e nas ruas, a Lei da Ficha Limpa".