- 18 de setembro de 2010 |
- 22h36 |
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Carolina Dall’Olio
Eles são solteiros, divorciados ou viúvos. Priorizam o trabalho e, como resultado, têm mais chances de ascender profissionalmente. Os salários costumam ter como único destino seu sustento e bem-estar. Pelo comportamento, perfil de consumo e também pelo papel cada vez mais relevante que desempenham na economia, eles estão modificando rapidamente a cara da cidade.
Hoje, 7,194 milhões de brasileiros vivem sozinhos, 1,645 milhão deles no Estado de São Paulo. É como se, num edifício com 100 apartamentos, 12 fossem ocupados, cada um, por um único morador. Em menos de uma década, o grupo dos sozinhos cresceu mais de 50%. E só tende a aumentar. “Com mais renda e mais emprego, muitos jovens podem sair da casa dos pais ou então mudam de cidade em função do trabalho”, justifica Maria Lucia Vieira, coordenadora da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad/ IBGE). “O envelhecimento da população e profissionalização da mulher, postergando o casamento, também reforçam a tendência.”
As pessoas que vivem sós reúnem características que combinam muito bem com o desenvolvimento econômico de uma cidade. Independentemente da renda que têm, o que chama atenção em seu perfil é a maneira como gastam seu dinheiro. “Diferentemente dos casados, esse público tem menos compromissos financeiros, como escola dos filhos ou mesmo o sustento de outro cônjuge”, explica Renato Trindade, que coordenou uma pesquisa da Bridge Research sobre os solteiros paulistanos. “Portanto, têm um poder de consumo maior.”
Eles investem apenas em si. Por isso, quando a relações públicas Paloma Costoya, de 25 anos, mudou de emprego e passou a ganhar “bem mais”, ela logo soube para onde iria o dinheiro extra: para as prestações da casa própria (hoje ela paga aluguel) e para as muitas baladas do fim de semana. Paloma gasta cerca de R$ 500 por mês só para se divertir. “Eu sou solteira e trabalho tanto que, quando tenho um tempo livre, quero mais é aproveitar”, argumenta. Mesmo assim, ainda sobra dinheiro para custear sozinha todas as despesas do apartamento em que mora no Ipiranga e também para financiar a próxima casa em que pretende viver.
Consumidores como Paloma têm transformado o mercado imobiliário paulistano. Antes dominada por lançamentos com três ou quatro dormitórios, a cidade agora começa a assistir uma multiplicação dos imóveis menores, de um dormitório. De acordo com o Sindicato da Habitação (Secovi-SP), foram entregues 1.632 unidades na capital no primeiro semestre de 2010, um crescimento de 371% em relação ao mesmo período do ano passado.
“O mercado imobiliário é o mais impactado por esse público, mas o setor de comércio e serviços também está se modificando em função deles”, afirma Luiz Goes, sócio da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. Nos últimos cinco anos, a indústria já reduziu a embalagem dos alimentos pela metade do tamanho original. A oferta de serviços para atender a esse público – desde novos restaurantes, bares e boates até pacotes de turismo especificamente direcionados a solteiros – também não para de crescer.
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