David Stanway
Os investimentos de empresas chinesas no exterior em projetos que envolvem tecnologias de energia limpa ultrapassaram US$ 100 bilhões (R$ 541,87 bilhões) desde o início de 2023, segundo o grupo de pesquisa australiano CEF (Climate Energy Finance) divulgou nesta quarta-feira (2).
A China é o maior produtor e exportador mundial de produtos como painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos, com suas capacidades de investimento, inovação e fabricação liderando o mundo por uma "margem surpreendente", disse a entidade em um estudo.
A empresa é responsável por 32,5% das exportações globais de veículos elétricos, 24,1% das baterias de lítio e 78,1% dos painéis solares, mas seu domínio gerou preocupações de que esteja usando seus gigantescos excedentes de capacidade produtiva para inundar os mercados internacionais, reduzir preços e prejudicar concorrentes.
Os Estados Unidos e o Canadá já impuseram tarifas de 100% sobre os veículos elétricos fabricados na China, e a União Europeia deve votar a questão nesta semana. As importações norte-americanas de painéis solares e baterias de lítio chinesas também estão sujeitas a tarifas de 50% e 25%, respectivamente.
"Os investimentos das empresas privadas chinesas são em grande parte motivados pela necessidade de contornar as barreiras comerciais", comentou Xuyang Dong, analista da CEF e coautora do levantamento.
Dong disse que a BYD, a principal fabricante de veículos elétricos da China, está construindo uma fábrica de US$ 1 bilhão (R$ 5,42 bilhões) na Turquia para evitar uma tarifa proposta pela União Europeia de quase 40%, e a fabricante de baterias CATL está planejando fábricas na Alemanha, Hungria e outros lugares.
De acordo com um estudo separado publicado pelo Grantham Institute no Reino Unido este ano, dois terços da capacidade de tecnologia limpa da China seriam "excedentes em relação às necessidades domésticas" e estariam buscando mercados de exportação até 2030, com a capacidade total de produção de energia solar chegando a 860 gigawatts.
A China tem se mostrado insatisfeita com os aumentos das sobretaxas de importação de outros países, dizendo que as restrições aos produtos chineses prejudicam esforços de combate às mudanças climáticas.
O enviado sênior chinês para o clima, Liu Zhenmin, alertou em março que a "dissociação" da fabricação chinesa pode aumentar em 20% a conta da transição energética global.
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