A redução da taxa básica de juros, a Selic, a partir do segundo semestre do ano passado deu novo fôlego à concessão de financiamentos para a implantação de sistemas de captação de energia solar.
O cenário começou a mudar em novembro, com uma ajuda relevante das ondas de calor intenso, quando o consumo de energia sobe com ventiladores e ares condicionados trabalhando ininterruptamente.
A melhora deu gás aos pedidos de financiamento e simulações. O Itaú Unibanco terminou 2023 com 43% mais contratos de crédito na linha para energia solar, que financia a compra e a instalação de placas fotovoltaicas.
Segundo o banco, cresceu, no ano passado, a base de integradores —como são chamadas as empresas que atendem os consumidores com o projeto e instalação dos sistemas— parceiros e credenciados em suas bases.
"O financiamento é um importante meio de viabilizar soluções sustentáveis", diz Gustavo Andres, diretor do Itaú Unibanco.
Carolina Reis, diretora da plataforma Meu Financiamento Solar, ligada ao banco BV, diz que o segmento sofreu entre abril e setembro do ano passado. Como os valores para implantar um sistema são altos (um projeto residencial bate facilmente a marca de R$ 10 mil), o crédito é fundamental.
"É um setor movido por financiamento", afirma. A partir de outubro, a plataforma passou a receber mais simulações e em novembro já registrou alta de 20% nas consultas, na comparação com o mês anterior.
Levantamento feito pela plataforma nos balanços de Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) mostra que de janeiro a junho foram abertas 400 mil novas instalações de unidades consumidoras. De julho a dezembro, foram 600 mil. Os números consideram todos os tipos de conexão (doméstica ou empresarial).
Neste ano, em janeiro e fevereiro, a plataforma estima que 200 mil unidades consumidoras tenham passado a usar sistemas de energia solar.
No financiamento feito pelo Banco BV, as condições variam de acordo com o escore de crédito do consumidor, em um modelo de "preço por risco", mas pode ficar em até 1,13% ao mês. A carência é de 120 dias, e o parcelamento pode chegar a 96 meses para fazer a parcela chegar próxima do valor que o consumidor pagava pela energia elétrica convencional.
A linha financia o serviço de instalação e a compra dos equipamentos e pode cobrir apenas os equipamentos. Segundo Carolina Reis, há quem prefira pagar à vista pelo serviço de instalação e financiar somente a compra do sistema.
A Caixa Econômica Federal tem uma linha de crédito pessoal para energia renovável com taxas mensais a partir de 1,69% e prazo de 60 meses para pagar. A carência é de seis meses. Segundo o banco, o volume de contratações segue estável. Em 2023, foram fechadas 1.203 contratações dessa linha.
No Banco do Brasil, o valor mínimo para a contratação da linha BB Crédito Energia Renovável é de R$ 5.000, e o máximo, R$ 100 mil. O prazo de pagamento é de 96 meses, e a carência é de 180 dias (seis meses). Segundo o banco, a taxas de juros variam de acordo com o perfil do cliente e o prazo do financiamento.
No ano passado, o BB concedeu R$ 2,5 bilhões para projetos de energia renovável para pessoas físicas e jurídicas, uma alta de 22% na comparação como o ano anterior. Para PJs, a linha prevê 12 meses de carência, financiamento de 90% do valor do projeto e parcelamento em até 15 anos.
No Centro-Oeste, o FCO Empresarial prevê financiamento do valor total do projeto, 20 anos para pagar e carência de cinco anos.
Assim como o BV, o Santander também tem uma fintech, a SIM, por meio da qual tem uma linha para a compra de placas solares. A "Energia Sim" concede crédito a pessoas físicas. O banco não informou quais as taxas de juros. A carência para o primeiro pagamento é de 120 dias, e o parcelamento é em até 96 vezes.
O intervalo entre a contratação do financiamento e a instalação do sistema de energia fotovoltaica é de três meses.
No Bradesco, cerca de 95% das contratações são feitas por pessoas físicas. As condições são parecidas com as oferecidas pelos demais bancos, como o prazo do financiamento, de 96 meses. No último ano, esse tipo de crédito cresceu 70% na carteira da instituição.
O banco diz também ofertar consórcios para viabilizar a implantação de sistemas de energia solar. De 2022 para 2023, o volume de cartas comercializadas para produtos fotovoltaicos dobrou.
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