Quatro meses depois, ainda que em menor extensão, a cidade de São Paulo volta a enfrentar um exasperante apagão de longo prazo, por dias a fio e a provocar um sem-fim de tormentos e prejuízos a dezenas de milhares de paulistanos.
Se em novembro passado um temporal deixou mais de 2 milhões de pessoas sem luz, principalmente na zona sul e com o martírio se arrastando por uma semana para boa parte delas, desta vez a incúria atingiu moradores e estabelecimentos da região central.
Para piorar, as causas de mais um blecaute prolongado —que começou na segunda-feira (18), atingiu novas ruas na quinta (21) e avançou para o fim de semana sem previsão de restabelecimento total— também seguiam na penumbra.
A concessionária responsável Enel culpou a estatal Sabesp, que teria atingido acidentalmente cabos da rede subterrânea durante uma escavação —a empresa de saneamento nega, e o governo federal determinou que a Agência Nacional de Energia Elétrica investigue.
Já os repiques na queda de energia foram atribuídos pela Enel à alta no consumo em razão do forte calor, "o que dificultou a recomposição da redes subterrâneas".
Enquanto tudo permanece nebuloso, os transtornos são evidentes: a Santa Casa teve de dispensar pacientes; a comida estraga e há falta de água em edifícios; moradores não conseguem estudar, trabalhar, carregar seus celulares ou até alcançar os andares mais altos; geradores se espalham pelas calçadas; bares, restaurantes e lojistas contabilizam suas perdas.
A Enel deve urgentes esclarecimentos aos paulistanos sobre os motivos do colapso, sua real capacidade operacional (o enxugamento de 35% dos funcionários levanta dúvidas legítimas) e, não menos importante, se dispõe de um plano de contenção para que crises do tipo não se tornem um pesadelo recorrente na cidade.
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