segunda-feira, 18 de março de 2024

A ilha que quer viver para sempre, Ronaldo Lemos, FSP

 Na ilha de Roatán, na costa de Honduras, há um experimento peculiar. Lá fica a sede da comunidade chamada Vitalia, formada por pessoas do mundo todo. O objetivo que une a todos é um só: viver para sempre. Seu slogan, estampado em camisetas e murais, não poderia ser mais claro: "Morrer é opcional".

Vitalia conseguiu reunir em torno de si vários dos nomes relevantes na pesquisa sobre longevidade. Sua comunidade tem uma missão: usar todos os recursos possíveis para prolongar a vida humana. Já recebeu a visita do cientista inglês Aubrey de Grey, um dos pioneiros nesse tema. E dentre seus residentes há hoje pesquisadores de várias áreas, que colaboram entre si articulando da engenharia genética às medicinas integrativas.

 Ilha está se tornando ímã para pesquisadores globais que querem acelerar projetos de longevidade.
Ilha está se tornando ímã para pesquisadores globais que querem acelerar projetos de longevidade. - Vitalia/Divulgação

A ideia é produzir avanços em longevidade que possam se tornar viáveis em pouco tempo. Não por acaso há uma movimentação de fundos de investimento em torno dos participantes do projeto.

Vim parar nessa ilha hondurenha para gravar a oitava temporada do programa Expresso Futuro, que apresento no Canal Futura (a estreia será em maio). Estou neste momento vivendo entre os residentes de Vitalia e descobrindo que o projeto é mais complexo do que aparenta.

Além da locação paradisíaca, Vitalia foi criada em cima de uma zona econômica especial de Honduras chamada Próspera. Em 2013, a Constituição do país foi modificada para autorizar a criação de áreas sujeitas a regimes especiais, com autonomia administrativa e legal. Essas áreas, chamadas ZEDEs, podem adotar leis próprias e constituir seu próprio poder judiciário. Devem, no entanto, respeitar as leis criminais e de imigração de Honduras.

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Foi nessa zona especial que Vitalia se instalou. A premissa é que a pesquisa em biotecnologia tornou-se excessivamente restritiva hoje. Isso ignora a tecnologia atual que permite um modelo de ciência open source (código aberto), descentralizada, que usa dados e conta com equipamentos e recursos de fácil acesso.

A primeira vez que escrevi sobre isso na Folha foi em 2010, no artigo "Saúde com as próprias mãos". Na época afirmei que essas práticas "popularizam o método científico e abrem caminho para que hipóteses sejam testadas fora dos meios tradicionais".

Vitalia é uma concretização disso. A zona econômica em que o projeto se desenvolve não possui uma legislação restritiva sobre pesquisas biotecnológicas. Com isso o lugar está se tornando um ímã para pesquisadores globais sedentos por acelerar seus projetos de longevidade. Mas não é só de tecnologia que o projeto acontece.

A comunidade que se formou segue os preceitos de uma vida saudável. A comida é feita de alimentos que promovem a longevidade. A prática de atividades físicas é comum. Também é comum dormir quando o sol se põe e acordar quando o sol se levanta, respeitando o ciclo circadiano.

Apesar de haver resistências políticas locais, Honduras pode se juntar ao clube dos lugares em que zonas econômicas especiais têm demonstrado resultados positivos, como na Ásia e no Oriente Médio. É uma agenda positiva para esse país de história milenar.

Já era – inteligência só orgânica

Já é – usar o termo Inteligência Artificial Geral (AGI)

Já vem – preferir o uso do termo AMI (Inteligência Avançada de Máquina), menos fantasioso

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