domingo, 17 de março de 2024

O que fazer com políticos extremistas quando Bolsonaro for preso, Celso Rocha de BArros, FSP

 Com a divulgação dos depoimentos da operação Tempus Veritatis, já está claro que Jair Bolsonaro vai ser preso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, durante evento de lançamento da pré-candidatura do deputado Alexandre Ramagem, na quadra da escola de samba Mocidade, na zona oeste do Rio de Janeiro
O ex-presidente Jair Bolsonaro, durante evento de lançamento da pré-candidatura do deputado Alexandre Ramagem, na quadra da escola de samba Mocidade, na zona oeste do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Freire Gomes e brigadeiro Baptista Jr., contaram à Polícia Federal que Bolsonaro passou o período entre a derrota para Lula e a fuga para a Disney lhes propondo golpe de Estado.

Em duas reuniões, uma em 7 de dezembro, presidida pelo próprio Jair, e outra em 14 de dezembro, presidida pelo ministro da defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio, minutas da declaração de golpe (com as limitações correspondentes de liberdade) foram apresentadas aos comandantes das Forças. O da Marinha, Almirante Garnier, teria aceitado, segundo depoimento de seus dois colegas.

Esses testemunhos batem perfeitamente com outras provas de que a polícia já dispõe, como as trocas de mensagens de Mauro Cid e Braga Netto.

Ainda há muito o que investigar na escalada golpista de 2022, muitos personagens cujos papéis ainda precisam ser esclarecidos, mas já está provado que Bolsonaro infringiu os artigos 359-L e 359-M do Código Penal: tentou, por meio de violência, abolir o Estado de Direito e derrubar o governo legitimamente constituído.

Se tudo correr normalmente, Jair Bolsonaro será preso, e não será por pouco tempo.

Daí em diante, o que se deve fazer com políticos que, dentro das instituições democráticas, continuam reivindicando a herança bolsonarista?

Para começo de conversa, todo político bolsonarista agora precisa ser confrontado com os depoimentos de Freire Gomes e Baptista Jr. Eles acham que os comandantes estão mentindo? Não acho que político bolsonarista tenha direito de voltar a falar com a imprensa, se não responder isso primeiro.

Os que disserem que não, os comandantes não mentiram, devem ser forçados a encarar a consequência lógica de sua afirmação. Se os comandantes não mentiram, Bolsonaro tentou destruir a liberdade brasileira. Os políticos bolsonaristas continuarão apoiando Jair mesmo agora que a tentativa de golpe foi provada? Se continuarem, vamos tratá-los como políticos normais?

A bancada bolsonarista no Congresso participou ativamente da articulação golpista. Falei disso na coluna de 6 de janeiro último, quando contei como foi a reunião de 30 de novembro de 2022, em pleno Congresso Nacional, em que bolsonaristas pediram abertamente por golpe de estado para uma plateia que incluía o terrorista da véspera de Natal.

Agora vejam: a polícia certamente não vai conseguir prender todos os militares golpistas. Eu tenho o direito de suspeitar que parlamentares bolsonaristas sabem quem eles são. O caso mais óbvio são os filhos políticos de Bolsonaro, que podem perguntar para o pai.

Vamos mesmo deixar políticos extremistas, com contatos entre militares extremistas, participarem do nosso debate público normalmente? É para já deixar o próximo golpe encomendado?

Comissões fundamentais no Congresso Nacional vão mesmo ser presididas por seguidores desse elemento que, segundo os comandantes do Exército e da Aeronáutica, tentou destruir a democracia brasileira?

Governador Tarcísio, secretário Derrite: é cada vez mais claro que apoiar Bolsonaro é apoiar o crime. Se continuarem com isso, pelo menos desistam da lenga-lenga moralista quando saírem para matar pobre.

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