Em 2016, o futuro ministro do Turismo, Celso Sabino, escreveu no Facebook que a presidente Dilma nomeou Lula para a chefia de sua Casa Civil numa "manobra" para "garantir o foro privilegiado ao homem que poderia ser preso por crimes como lavagem de dinheiro para não citar outros".
Em 2022, muita gente que pensava assim em 2016 votou em Lula.
Sabino, contudo, apagou a mensagem na semana passada, depois que se tornou pública. Ele ganha um fim de semana no Hilton Princess de Manágua se conseguir explicar a utilidade desse cancelamento.
O PERIGO AMERICANO
Quem passa pela esquina da Park Avenue com a rua 68 pode não notar aquele casarão branco. Lá dentro está o Council on Foreign Relations, um dos pilares da elite americana. Numa sala da entrada, há um exemplar da Foreign Policy, a revista que ele publica, anotada pelo bolchevique Lênin.
Ele não é mais o que foi, mas ainda é muita coisa. Depois de 20 anos no comando da instituição, Richard Haass deixou-a e deu uma entrevista na qual disse que, com a Guerra da Ucrânia, o aquecimento global, a ameaça chinesa e o risco de uma nova pandemia, o que lhe tira o sono é a situação interna dos Estados Unidos.
Haass passou pelas tramas de Washington e pelo serviço diplomático, e o que ele diz hoje pode parecer uma profecia precipitada, mas no ano que vem os americanos elegerão um novo presidente.
Se o jogo não mudar, a escolha ficará entre um retorno de Donald Trump ou a reeleição de Joe Biden, que outro dia falou que a Rússia vai mal na sua guerra com o Iraque. Quis dizer Ucrânia.
Daqui a um ano vai-se ver a importância da profecia de Haass.
Acionistas das Americanas devem depor em CPI sobre fraude
Os três grandes acionistas da rede varejista Americanas dificilmente escapam de depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito que trata da quebra da rede e da fraude que havia na sua gestão.
É provável que sejam tratados com cortesia, mas devem se preparar para responder à seguinte pergunta de um deputado: Os senhores não estavam na direção da Americanas e eu acredito nisso. Sendo um empresário bem-sucedido, o senhor não viu a fraude de dezenas de bilhões de reais. Se o senhor me diz que não sabia das malfeitorias do gerente da loja da praça Marechal Deodoro, na minha cidade, eu entenderia. O que o senhor quer que eu entenda?
O repórter Lauro Jardim revelou que os diretores da rede (nada a ver com os grandes acionistas) venderam R$ 244 milhões de ações da empresa no segundo semestre de 2022, quando ela emborcou. Um ano antes, um deles (Márcio Cruz) comprou uma casa no Jardim Pernambuco, no Leblon, por R$ 32,6 milhões, pagos à vista.
A FALTA DE SORTE DO REITOR
Mexer com estudantes não traz sorte. Em 2007, o diretor da Faculdade de Direito da USP, João Grandino Rodas chamou a tropa de choque da PM para desalojar alunos que ocupavam parte do prédio. Afrontou a lição do reitor Pedro Calmon, que disse ao comandante da tropa da PM do Rio que pretendia desocupar a Faculdade de Direito: "Aqui só se entra com vestibular".
Na semana passada, Grandino Rodas foi condenado a pagar uma indenização por ter celebrado um acordo com um banqueiro e um advogado. Os dois pagariam a reforma de um auditório, banheiros e uma sala de aulas. Em troca, ganhariam placas homenageando-os.
Grandino foi condenado por não cumprir os trâmites da faculdade. Tudo bem, mas penalizar diretores que aceitam doações e prestam as devidas contas é um desestímulo para quem pensa em dar dinheiro para as combalidas universidades públicas.
ZANIN NO STF
Cristiano Zanin é um homem de poucas palavras, mas no Supremo Tribunal Federal continuará seguindo hábitos de sua vida de advogado.
Não há registro de que tenha feito palestras remuneradas.
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