RIO - A Petrobras registrou no ano passado um lucro líquido de R$ 106,668 bilhões (ou US$ 19,875 bilhões). É o maior de sua história e superior ao ganho de R$ 7,10 bilhões (US$ 1,141 bilhão) obtido em 2020.
Especialistas projetavam um lucro em torno de R$ 100 bilhões no ano passado. A empresa também elevou os dividendos relativos ao exercício de 2021. Agora, vai distribuir R$ 101,4 bilhões, dos quais 28,67% vão para União.
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Segundo analistas, o ganho foi influenciado pelo aumento do preço do petróleo no mercado internacional, corte de custos e aumento da vendas de combustíveis. Segundo a estatal, o "aumento expressivo" do lucro se deve principalmente à alta de 77% do preço do barril do petróleo em reais, aliado a maiores volumes de venda no mercado interno e melhores margens de derivados.
"Além disso, houve reversão de impairment de R$ 16,9 bilhões (devido à revisão das projeções do preço médio do brent de curto prazo)", disse a estatal.
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Em carta aos acionistas, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que a empresa "gerou resultados consistentes, mostrando que uma empresa saudável e comprometida com a sociedade é capaz de crescer, investir, gerar empregos, pagar tributos e retornar dinheiro aos seus acionistas, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do país".
Em 2021, a Petrobras vendeu 409 mil barris de gasolina por dia, alta de 19,1%. As vendas de diesel alcançaram 801 mil barris por dia, avanço de 16,7%. A venda de óleo combustível saltou 51% e a de gás natural aumentou 25%, sob impacto de maior uso de usinas termelétricas no país por causa da crise hídrica.
A receita de vendas da estatal ficou em R$ 452,668 bilhões em 2021, alta de 66,4% em relação ao ano anterior.
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- O superlucro da Petrobras reflete o aumento das vendas de derivados no mercado interno e pela pujante elevação dos preços de derivados no mercado interno, os quais acompanhara a política de preços de paridade de importação (PPI) da companhia - disse o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma dos Santos.
Desafios para 2022
A empresa explicou que a receita líquida cresceu 66% em relação ao ano anterior devido à alta do petróleo e da demanda das vendas no mercado interno. "Destaque também para o aumento nas vendas de gás natural e energia elétrica, tendo em vista o aumento do despacho termelétrico em 2021 e a recuperação da demanda do segmento industrial", destacou. Rafael Chacur, sócio e analista da SFA Investimentos, destacou o aumento no preço do petróleo:
- Um dos fatores principais para puxar a receita da companhia é o avanço no preço do Brent, que permaneceu acima de US$ 80 o barril na maior parte do quarto trimestre de 2021 - disse Chacur.
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A estatal registrou em 2021 uma produção de 2,77 milhões de barris de óleo equivalentes diários. Foi uma queda de 2,2% em comparação com o ano anterior.
Apesar do lucro recorde, Chacur lista desafios para a estatal:
- A Petrobras reportou uma produção mais baixa, impactada por paradas de manutenção. Creio que o principal desafio para 2022 seja manter sua estratégia de desinvestimento, tendo em visto a aproximação do cenário eleitoral - afirmou Chacur.
Alta de 188% na importação de GNL
Em 2021, o custo dos produtos vendidos cresceu 57% refletindo, principalmente, maiores gastos com importações, fruto de maiores volumes de petróleo, derivados e gás natural e de maiores preços de Brent e de GNL (gás em estado líquido).
"Vale destacar o aumento do GNL na composição das compras de gás natural, tendo em vista o aumento de 188% no volume de importações de GNL para atendimento da demanda crescente, associado ao aumento de 226% nos custos de aquisição em reais", disse a estatal.
Ilan Arbetman , analista de research da Ativa Investimentos, a Petrobras teve um resultado sólido, com forte geração de caixa.
-Número veio em linha com a expectativa, já que a empresa vem focando no pré-sal, que responde por 70% da produção. Hoje, a companhia tem tecnologia para explorar petróleo a baixo custo, o que ajuda em suas margens - disse ele.
A empresa reforçou seu caixa com venda de ativos de US$ 4,8 bilhões em 2021, incluindo a conclusão da venda da RLAM, que representa cerca de 13% da capacidade de refino do Brasil, pelo valor de US$ 1,8 bilhão, e conclusão da oferta das ações da Petrobras Distribuidora no valor de US$ 2,2 bilhões.
Em 31 de dezembro de 2021, a dívida bruta alcançou US$ 58,7 bilhões, 1% inferior a 30 de setembro de 2021, principalmente em função de pré-pagamentos e amortizações de dívidas. No ano de 2021, a redução foi de 22%.
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