O presidente Jair Bolsonaro (PL) encontrou uma saída para demitir o general da reserva Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobras e indicar para seu lugar o consultor Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
-- O governo retirou Silva e Luna e incluiu Pires da lista de indicados para o CA, que será eleito entre 13 e 14 de abril. E o presidente da empresa precisa ser membro do conselho. Também foi retirado da lista Murilo Marroquim, e incluído Eduardo Karrer, ex-executivo do grupo EBX, de Eike Batista.
-- A troca no comando da Petrobras aconteceu no exato momento em que Bolsonaro exonerou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, envolvido em um escândalo de corrupção com pastores evangélicos. Para analistas, foi uma estratégia do presidente para tirar o escândalo do foco.
-- Nesta semana, Adriano Pires disse que era “muito baixo” o risco de Bolsonaro intervir na Petrobras – ou seja, demitir Silva e Luna – por duas razões.
-- “A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito tanto a diretoria quanto o conselho de administração tomarem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, ele seria acusado de fazer a mesma política que Lula fez”, escreveu.
-- O principal motivo para a fritura que Bolsonaro fez de Silva e Luna é a política de preços dos combustíveis da Petrobras, baseada desde 2016 no Preço de Paridade de Importação (PPI). Mas Pires também é defensor do PPI. Em artigo publicado no início de março, disse que o controle dos preços dos combustíveis é um “tiro no pé”.
Combustíveis. O consultor defende a criação de um fundo de estabilização para os combustíveis, o que não agrada o ministro da Economia, Paulo Guedes – hoje, essa proposta está no projeto do PT, aprovado no Senado Federal.
-- Adriano Pires também criticou a decisão de zerar a alíquota de importação do etanol. “Vamos acabar desincentivando investimentos no setor sucroalcooleiro no Brasil. Mais uma trapalhada do Ministério da Economia”.
Gasodutos. Pires também defendeu a implantação de termelétricas a gás natural em regiões do país onde não há gasodutos. A polêmica medida acabou incluída na lei de privatização da Eletrobras.
-- Conhecido por sua posição pró-iniciativa privada, Pires foi um dos idealizadores do financiamento público de gasodutos – o Brasduto – para ampliar a malha de transporte. Para ele, a medida pode ampliar a oferta de gás, um energético menos poluente que o petróleo.
-- Mais recentemente, defendeu que os recursos da comercialização do óleo do pré-sal, pela PPSA, são um “poderoso combustível para turbinar a economia” e “modernizar nossa tão precária infraestrutura”.
-- “Obviamente, não estamos propondo a criação de novas estatais, tampouco um Estado construtor de portos, estradas ou gasodutos”, afirma. Mas o Estado deve ser “indutor dos investimentos greenfield, dando o start para que, num segundo momento, venha o investimento privado”.
-- Pires integrou o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) durante parte do governo de Michel Temer. Mas renunciou ao cargo no início do governo Bolsonaro, após o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enxergar um "evidente conflito de interesses entre as atividades privadas” do consultor e as deliberações do CNPE.
-- Os papéis da Petrobras, que já estavam em baixa com a queda do petróleo, caíram ainda mais com a demissão de Silva e Luna. As ações ordinárias cederam 2,63% (R$ 34,08) e as preferenciais, 2,17% (R$ 31,60). O Globo
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