sábado, 26 de março de 2022

Hélio Schwartsman - Nova pesquisa injeta realidade nas mentes de petistas exaltados, FSP

 "Hýbris", o termo grego para "soberba", é um troço complicado. Há pouco, petistas mais entusiasmados falavam numa vitória de Lula já no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada esta semana, que mostra uma redução da vantagem do petista sobre Bolsonaro, serve para injetar um pouco de realidade nas mentes mais exaltadas.

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Festival Lula Livre, na praça Nossa Senhora do Carmo, no Recife - Leo Caldas - 17.nov.2019/Folhapess

Derrotar um político que concorre à reeleição nunca é fácil. A taxa de sucesso na recondução de governantes ao cargo é da ordem de 80%, considerada uma base de quase 3.000 pleitos realizados em diversas partes do mundo ao longo dos últimos dois séculos e meio. Se quisermos ser mais específicos, o quadro fica ainda mais desafiador. Desde a redemocratização, 100% dos presidentes brasileiros que tentaram a reeleição a obtiveram. Verdade que o N é pequeno, apenas três: FHC, Lula, Dilma.

Jair Bolsonaro tem três forças a favor de sua candidatura e duas contra. A pandemia, embora não tenha acabado, está ficando menos mortífera e menos disruptiva. E, quanto mais nos afastamos dos momentos críticos, menos peso o eleitor deverá dar ao desempenho criminoso do presidente na gestão dessa crise. Outro fator benéfico para Bolsonaro é o Auxílio Brasil de R$ 400. Programas como esse rendem votos no Brasil. Aconteceu com o PT, deve acontecer com Bolsonaro.

Há, por fim, o antipetismo. O fenômeno ainda apareceu com força nas eleições municipais de 2020. Seria ingenuidade imaginar que simplesmente foi embora. Bolsonaro vai tentar atiçá-lo e deve colher frutos.

Contra Bolsonaro temos a inflação, que tende a ser tóxica para candidaturas situacionistas. Nada indica que ela cairá rápida e substancialmente. Temos também o que eu chamaria de análise objetiva. Quem se dispuser a avaliar desapaixonadamente as realizações de seu governo concluirá que ele é o pior presidente da história do país. Mas a objetividade não tem muito peso eleitoral. Melhor apostar na inflação.

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