Nem só de discurso de ódio vivem as redes sociais. Na contramão do recurso usado pelos bolsonaristas, políticos descobriram o que os humoristas já sabem faz tempo: rir de si mesmo é uma poderosa arma de conexão. E de engajamento. Nos últimos dias, o governador de São Paulo, João Doria, passou a interagir no Twitter com bom humor, inclusive às provocações de seus críticos.
Na eleição de 2020, candidatos de diferentes matizes entenderam, ou foram convencidos por seus assessores, que era preciso abraçar a linguagem das redes para se comunicar com parte do eleitorado. Guilherme Boulos, do PSOL, é o melhor exemplo de sucesso nessa empreitada. Por meio de memes, quizzes e do artifício de fazer graça com temas usados para atacá-lo, conquistou eleitores fora de sua tradicional bolha e chegou ao segundo turno da corrida à Prefeitura de São Paulo.
A deputada Joice Hasselmann, candidata do PSL, transformou as ofensas que recebia em combustível para sua campanha. Não decolou, inclusive porque foi proibida de usar a personagem da Peppa Pig, mas desarmou a milícia digital que tripudiava sobre sua imagem.
No momento em que 84% dos brasileiros dizem querer se vacinar, segundo o Datafolha, e que a Coronavac é a opção possível, Doria ou seus assessores viram a possibilidade de capitalizar a boa gestão da vacinação feita pelo governo de São Paulo.
O governador tem respondido que vai vacinar todos os que mencionam a imunização, inclusive seus desafetos. Foi assim com Eduardo Bolsonaro, que o chamou de "Ditadoria" por causa das medidas de isolamento adotadas: "Vou te vacinar também". E com a deputada Carla Zambelli, que fez menção a um nome menos conhecido de Doria e ao apelido pejorativo usado pelos bolsonaristas. Não titubeou: "Prezada, vou vacinar você e toda a sua família. Assinado: Agripino Calça Apertada." Sabendo que iria lacrar, lacrou.
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