Ainda no intervalo entre os dois turnos da eleição, o chefe de um dos partidos tradicionais do Congresso procurou Michel Temer para propor um pacto. O plano era fechar um acordo e aproveitar os meses finais do ano para votar a jato um projeto que desse anistia a quem recebeu dinheiro por caixa dois.
A proposta seria pautada na Câmara e no Senado às vésperas do feriado da proclamação da República. A trama naufragou após a hesitação de alguns líderes e com a escolha de Sergio Moro, detrator do financiamento eleitoral “por fora”, como próximo ministro da Justiça.
Os políticos que não tiveram o passaporte carimbado para continuar no poder em 2019 ficaram com os sentidos de autopreservação aguçados. A renovação dos quadros do Congresso pode fazer com que as semanas finais do ano sejam a última oportunidade para emplacar artimanhas para proteger alguns deles.
A anistia ao caixa dois não foi adiante, mas PP, PR e companhia ainda tentam articular a votação de um projeto que afrouxa a punição a alguns crimes, incluindo corrupção. A Folha revelou que essas siglas pressionam o presidente da Câmara a pautar o texto até dezembro.
Moro criticou a ideia e disse confiar que os parlamentares tenham “a sensibilidade de aguardar o próximo governo para uma matéria tão importante”. É exatamente o contrário.
No Congresso de hoje, o espírito de corpo é capaz de unir até partidos tão distintos quanto DEM e PC do B. No próximo ano, deputados e senadores devem ter mais dificuldade para convencer os novatos a aprovarem medidas que se choquem com o discurso de combate à corrupção que ajudou a elegê-los.
No pacote de fim de ano, os congressistas também tentaram reduzir o tempo pelo qual ficam inelegíveis alguns políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa, mas a ideia saiu de pauta. Só teve sucesso no saldão o aumento de salário de ministros do STF e juízes. A turma de Brasília não quer ficar mal com aqueles que poderão julgá-los daqui por diante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário