Rogério PagnanRogério Gentile
SÃO PAULO
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB) vai anunciar nesta sexta (30) o delegado Ruy Ferraz Fontes como o futuro delegado-geral da Polícia Civil, o chefe máximo da instituição.
Fontes é considerado um dos principais especialistas no país sobre a estrutura da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), e sua escolha indica uma política agressiva de combate ao crime organizado na gestão Doria.
É dado como certo que o tucano deve transferir a cúpula do PCC, que hoje está na penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de SP, para presídios federais, como pretende a Promotoria, mas que teve a discordância da gestão Márcio Franca (PSB).
O plano de remoção pode atingir em torno de 20 detentos, incluindo Marcola, principal chefe do PCC.
Também deve ser anunciado nesta sexta o nome do ex-delegado-geral Youssef Chahin como secretário-executivo da Polícia Civil. Ele tende a ser o braço direito do general João Camilo Pires de Campos.
Para o comando da Polícia Militar, o governador eleito deve manter o coronel Marcelo Vieira Salles. Outros dois nomes são contados para o cargo, mas o atual comandante teria a preferência de tucanos.
Entre os motivos estão os indicadores de violência, em especial referente a crimes patrimoniais, praticamente todos eles em queda neste ano. Salles também tem boa aceitação da tropa.
No início de novembro Doria anunciou o general da reserva João Camilo Pires de Campos para comandar a Secretaria da Segurança Pública, indicação que foi antecipada pela Folha.
Campos, 64, foi um dos responsáveis pela área de segurança do programa de governo de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República e passou para a reserva após 48 anos de serviços no Exército.
Essa será a primeira vez que um nome do Exército comanda a Secretaria da Segurança Pública em São Paulo desde 1979, quando Erasmo Dias foi titular da pasta.
Ao anunciar o general, o tucano descumpre promessa de campanha de colocar um policial à frente da pasta. Doria foi aconselhado por auxiliares a recuar dessa promessa, sob o risco de começar o novo governo tendo de administrar um mal-estar entre as polícias. Se escolhesse um policial civil, irritaria os policiais militares. Se escolhesse um policial militar, traria desconforto para os policiais civis.
OUTROS NOMES
Doria já anunciou outros nomes para o primeiro escalão de seu governo. Marcos Penido, que deixou a pasta das Subprefeituras da gestão Bruno Covas (PSDB) na cidade de São Paulo, assume a 'supersecretaria' de Energia, Saneamento, Recursos Hídricos e Meio Ambiente.
Julio Serson, ex-secretário das Relações Internacionais no município, assumirá uma secretaria especial na mesma área no estado e também será presidente da companhia Investe SP.
Wilson Pedroso, braço-direito de Doria e ex-chefe de gabinete na prefeitura, será chefe de gabinete de Doria no governo do estado. Pedroso foi aplaudido por militantes tucanos que estavam no evento.
Nos últimos dias, Doria já havia anunciado outros nomes. Nesta segunda-feira (12), por exemplo, anunciou que o desembargador Paulo Dimas Mascaretti, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, será o secretário de Justiça de sua administração.
Anunciou ainda a deputada estadual Celia Leão (PSDB) como secretária da Pessoa com Deficiência. Ela é a primeira tucana anunciada por Doria como membro de seu secretariado. O distanciamento de Doria em relação ao partido vinha sendo criticado por membros do PSDB.
Antes, Doria já havia confirmado três atuais ministros do governo Michel Temer (MDB) para o seu secretariado: Gilberto Kassab (Casa Civil), Rossieli Soares (Educação) e Sérgio Sá Leitão (Cultura). Na campanha eleitoral, Doria usou a gestão Temer para atacar adversários. Em debates e programas de rádio e TV, buscou desgastar seu adversário Paulo Skaf (MDB) ao associá-lo ao presidente da República.
Doria também decidiu que a Secretaria de Governo será extinta e suas funções serão assumidas pelo vice-governador eleito Rodrigo Garcia (DEM).
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