Já faz um tempinho, mas alguém há de lembrar. Em 2010, depois de rodar um filme por aqui, o ator Sylvester Stallone saiu-se com a seguinte frase: “No Brasil, ao filmar, pode-se demolir casas e explodir prédios de verdade e matar gente. Eles agradecem e ainda nos dão um macaco de presente”. Diante da repercussão negativa, ele caprichou na caradura e se desculpou. Ainda disse que o país era fantástico e lamentou a piada infeliz.
Tirando a parte dos macacos —que andam ariscos e sumidos—, a frase de Stallone, diante do cenário que se quer implantar no Rio para combater a violência, soa hoje como profética. Estamos bem perto de virar locação para um desses filmes ditos de ação, que mais parecem propaganda da indústria de explosivos ou de armamentos, nos quais cidades inteiras são demolidas e pessoas são abatidas como bois e frangos.
A pré-produção do blockbuster já começou. O governador eleito,Wilson Witzel, planeja viajar a Israel em busca de novas tecnologias para a área da segurança. Sua menina dos olhos é um drone equipado com câmera e arma de grosso calibre, de uso ainda experimental. Segundo os fabricantes, o equipamento é capaz de atirar enquanto sobrevoa uma região. A dúvida é com que precisão os disparos são feitos.
Grupos com 20 policiais civis e militares passarão por treinamento oito horas por dia, de segunda a sábado, antes de atuar como caçadores de bandidos. Na prática, sua função será diferente da dos snipers. Estes só estão autorizados a atirar em sequestradores, para libertar pessoas sob mira de uma arma, ou em inimigos declarados durante uma guerra. O ex-juiz federal Witzel garante: os atiradores de elite terão licença para matar todo bandido que portar um fuzil. As ações serão filmadas e usadas em casos de processo.
No cinema é muito mais fácil. Canastrões como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger acertam sempre na testa do vilão.
Alvaro Costa e Silva
Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".
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