quinta-feira, 13 de março de 2025

Lego consolida posição de maior fabricante de brinquedos do mundo com vendas recordes, FSP

 

Sara Sjolin
Bloomberg

A Lego conquistou mais participação de mercado de seus maiores concorrentes no ano passado, consolidando sua posição como o maior fabricante de brinquedos do mundo, após a receita crescer para um recorde.

fabricante dinamarquesa dos coloridos blocos de brinquedo expandiu as vendas anuais em 13%, alcançando 74,3 bilhões de coroas (R$ 62,4 bilhões) em 2024, impulsionado pela forte demanda nas Américas, Europa e Oriente Médio, informou a empresa de capital fechado em seu relatório de resultados na terça-feira (11). Seus maiores concorrentes, Mattel e Hasbro, registraram quedas nas vendas em 2024.

A imagem mostra um trem decorado com peças de LEGO em várias cores. O trem tem janelas grandes e figuras de personagens LEGO em sua lateral. Duas pessoas, vestindo jaquetas e mochilas, caminham em direção ao trem em uma rua com vegetação ao redor. Ao fundo, há edifícios e um ônibus.
Visitantes observam trem em tamanho real montado com blocos de Lego em Budapeste - Attila Kisbenedek - 21.nov.24/AFP

"Foi um ano fantástico, em que conquistamos muita participação de mercado ao redor do mundo", disse o CEO Niels B. Christiansen em entrevista por telefone. "O interessante é que não se trata apenas de um país ou um produto. É muito abrangente."

Nos últimos anos, a Lego investiu fortemente na expansão de seu portfólio e o número de produtos atingiu um recorde de 840 no ano passado. A empresa também está construindo novas fábricas, incluindo uma na Virgínia, nos Estados Unidos, e está avançando no setor de jogos e brinquedos digitais. Durante 2025, a fabricante espera lançar seus primeiros conjuntos em parceria com a Nike e a Fórmula 1 para explorar o segmento esportivo.

"Os EUA são de longe o maior mercado para brinquedos, e também para a Lego", disse Christiansen. "Muitas de nossas propriedades intelectuais, de Star Wars a esportes com a Nike e outras tendências, vêm dos EUA, então está totalmente integrado em tudo o que fazemos."

No momento, a maioria dos blocos Lego vendidos nos EUA é produzida na fábrica da empresa em Monterrey, no México, e pode estar sujeita a tarifas se o presidente Donald Trump seguir com seu plano de impor tarifas recíprocas em 2 de abril. A nova fábrica da Lego na Virgínia não será inaugurada até 2027.

Christiansen não está excessivamente preocupado com um possível impacto das tarifas, após a Lego ver o lucro operacional subir cerca de 10%, para 18,7 bilhões de coroas (R$ 15,7 bi) em 2024.

"Se conseguirmos manter esse nível de crescimento, então" as tarifas "não são o maior problema", disse o CEO.

PGR mantém denúncia contra Bolsonaro e diz que tese sobre foro garante julgamento no STF, FSP

 

Brasília

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta quinta-feira (13) que a nova tese definida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que amplia o foro especial de autoridades garante que cabe à corte o julgamento da trama golpista de 2022.

A manifestação de Gonet foi feita em resposta às defesas prévias de denunciados pelas conspirações por um golpe de Estado. Os acusados alegavam que o julgamento não caberia ao Supremo.

PGR defende que seja aceita a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados pelo "núcleo crucial" da trama golpista e que eles se tornem réus pelo STF. O grupo é composto, além de Bolsonaro, por Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet
O procurador-geral da República, Paulo Gonet - Pedro Ladeira - 19.fev.25/Folhapress

"A tese fixada —que já contava com o voto da maioria dos ministros da Corte desde o ano passado— torna superada a alegação de incompetência trazida pelos denunciados. Na espécie, autoridades com prerrogativa de foro (presidente da República e ministros de Estado) praticaram os crimes quando ainda se encontravam no exercício de seus cargos, e em razão deles, justamente com o intuito de se alongarem no poder", diz Gonet.

A nova tese sobre foro especial foi definida pelo Supremo em julgamento encerrado na terça-feira (11). Por 7 votos a 4, os ministros decidiram que autoridades que cometeram crimes devem ser processadas na corte mesmo após deixarem os cargos.

O novo entendimento muda uma jurisprudência em vigor desde 2018, quando o Supremo estabeleceu que as investigações deveriam ser remetidas à primeira instância após as autoridades deixarem suas funções.

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Gonet defende que a nova tese do Supremo se aplica não só às autoridades que possuíam foro especial, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros, mas a todos os investigados pela trama golpista.

"As condutas dos demais denunciados lhes são intrinsecamente conexas; foram praticadas em concurso com as autoridades detentoras de foro especial", diz o procurador.

A denúncia contra os 34 suspeitos de participação na trama golpista foi fatiada em cinco acusações distintas, como estratégia para facilitar a tramitação dos processos. A manifestação desta quinta é resposta à primeira fatia da denúncia —o núcleo central da trama golpista. Gonet deve se manifestar nos próximos dias sobre a defesa dos demais denunciados.

Com a manifestação da PGR, cabe agora ao ministro Alexandre de Moraes liberar a denúncia para julgamento na Primeira Turma do STF. Segundo dois ministros ouvidos pela Folha, a expectativa é que a denúncia seja recebida no fim de março ou no início de abril.

Nessa fase, a PGR se limita a contestar as teses das defesas dos denunciados em questões processuais, como os pedidos de afastamento de Moraes e a anulação da delação de Mauro Cid.

Gonet diz que a colaboração de Cid foi voluntária e que a Procuradoria "se manifestou, em mais de uma oportunidade, pela manutenção do acordo". "Não há fato novo que justifique a alteração desse entendimento", afirma.

O procurador também contesta a alegação da defesa de Bolsonaro, que o acusou de promover uma denúncia "desorganizada" e com quantidade "gigantesca" de documentos para dificultar o trabalho dos advogados.

"Resta claro o intuito de confundir para impedir a compreensão da acusação e, via de consequência, o exercício da defesa. Sem que a denúncia traga indicações e menções claras ou minimamente organizadas aos elementos dos autos —leia-se, sem números de folhas e sem número de processo— a defesa é obrigada a sair em verdadeiras caçadas pelos documentos citados", disse a defesa de Bolsonaro.

Gonet argumenta que o volume dos documentos da acusação corresponde à complexidade da denúncia.

"A pertinência temática e probatória dos elementos informativos apresentados está demonstrada ao longo de toda a peça acusatória, que indicou os fatos considerados penalmente relevantes, as evidências que os embasaram e os autos onde estas poderiam ser consultadas, justamente a fim de garantir o pleno exercício da defesa dos denunciados", diz o PGR.

A Procuradoria também destacou que o plenário do Supremo já derrubou a alegação de parcialidade do ministro Alexandre de Moraes após o indiciamento dos investigados pela Polícia Federal, em dezembro de 2024.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, encaminhou no sábado (8) para a PGR as defesas de Bolsonaro, do ex-ministro Walter Braga Netto e de outros denunciados por tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciadas pela PGR em fevereiro por supostamente planejarem e tentarem executar um golpe de Estado, após derrota nas eleições de 2022 para o presidente Lula (PT).

A PGR diz que o ex-presidente editou uma minuta golpista, buscou apoio dos chefes das Forças Armadas à conspiração, anuiu com um plano para matar o ministro Alexandre de Moraes e foi um dos responsáveis pelos ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Bolsonaro foi denunciado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.

Em peça de defesa apresentada nesta quinta-feira (6), os advogados do ex-presidente negam que ele tenha participado de uma tentativa de golpe de Estado e afirmam que a denúncia empilha narrativas com planos de golpe contraditórios e não apresenta elementos concretos para sustentar as acusações.