Em comunicado ao mercado divulgado na manhã desta terça-feira, 26, a Raízen confirmou que iniciará a construção de uma nova unidade dedicada à produção de biometano, com inauguração prevista para 2023. O anúncio era esperado desde setembro, quando a companhia firmou uma parceria com a Yara Brasil Fertilizantes envolvendo a comercialização de 20 mil metros cúbicos diários.
De acordo com o documento – que é assinado pelo diretor financeiro e de relações com investidores da Raízen, Guilherme José de Vasconcelos Cerqueira – a planta receberá o investimento de R$ 300 milhões e ficará anexa a usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP). No mesmo local, a sucroenergética já produz etanol de segunda geração (E2G).
Esta será a primeira unidade da Raízen dedicada à produção de gás natural renovável. A companhia possui uma planta de biogás em Guariba (SP), mas ela é dedicada à geração de eletricidade.
A capacidade de produção de biometano será de 26 milhões de m³ ao ano. Segundo a Raízen, o volume é suficiente para abastecer aproximadamente 200 mil clientes residenciais.
Entretanto, a companhia informou que a produção já tem destino certo, tendo sido totalmente vendida para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen do Brasil, em contratos de longo prazo.
“Este projeto amplia nosso portfólio de soluções em energia limpa e renovável, reforçando o papel de liderança na transição energética do país gerando valor para clientes, consumidores, fornecedores e acionistas”, conclui o comunicado.
Em nota à imprensa, o presidente do conselho da Raízen Geo Biogás e vice-presidente de energia e renováveis da Raízen, Frederico Saliba, afirma que a entrada da companhia no mercado de biometano amplia seu “leque de fontes sustentáveis”, que já inclui biomassa, solar, pequenas hidroelétricas e o biogás a partir de resíduos urbanos.
“Hoje, nos posicionamos como parada única em soluções de energia e entendemos nosso negócio como parceiros da descarbonização de nossos clientes, com a ambição de liderar a transição energética”, disse.
Por sua vez, o CEO da Geo Biogás Tech e presidente do conselho da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Alessandro Gardeman, pontua que o anúncio da segunda planta de biogás da Raízen consolida a plataforma que permite produzir biogás e biometano o ano inteiro a partir do reaproveitamento de resíduos como vinhaça e torta de filtro.
"Este projeto demonstra mais uma vez que é possível acelerar o enorme potencial do Brasil na geração de energia limpa renovável e eficiente”, completa.
Amônia verde
Conforme anunciado em setembro, a Yara pretende utilizar o produto para a produção de hidrogênio e amônia verde em seus parques industriais. Assim, o biometano deve ser injetado nos dutos da Comgás até a planta de amônia da Yara em Cubatão (SP).
Segundo a Yara, em comunicado enviado à imprensa na ocasião, o volume adquirido – 20 mil m³ diários – representa 3% do montante consumido pela unidade fabril.
“A incorporação dessa matéria-prima no processo produtivo é uma manifestação concreta dos esforços da Yara no Brasil em promover a descarbonização das suas plantas”, afirmou o vice-presidente de soluções industriais, Daniel Hubner.
Renata Bossle – NovaCana