quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Um diagnóstico terrível. OESP


Amplo estudo divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Ministério das Cidades mostrou que 45% da população ainda não dispõe de serviço de esgoto considerado adequado

Impresso
28 Setembro 2017 | 03h06
Um amplo estudo divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Ministério das Cidades mostrou que 45% da população ainda não dispõe de serviço de esgoto considerado adequado, isto é, com o uso de fossa séptica ou rede de coleta e tratamento. Esse indicador é essencial para perceber a distância que o País ainda precisa percorrer para ser considerado desenvolvido.
Quando quase metade da população ainda vive em ambiente insalubre, sujeita a doenças que poderiam ser evitadas e que reduzem a capacidade dos cidadãos de trabalhar e estudar, constata-se o grau de negligência dos governos nas últimas décadas, em especial daqueles que se gabavam de ter acabado com a pobreza. De nada adianta o “pobre andar de avião” e o “filho da empregada entrar na universidade” se essas mesmas pessoas, ao voltarem para casa, encontram ali um ambiente extremamente precário, em que não há condições mínimas de habitação.
O estudo da ANA e do Ministério das Cidades verificou as condições de saneamento nos 5.570 municípios do País, mas apenas das residências urbanas. Ou seja, o quadro seguramente seria pior se fosse avaliado o serviço também nas áreas rurais, tradicionalmente insatisfatório.
A publicação, intitulada Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas, se destina a mapear as condições dos recursos hídricos, entre os quais aqueles que recebem efluentes domésticos. A ideia é ampliar o conhecimento sobre esses recursos para avançar na universalização dos serviços de saneamento.
Há dez anos, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que dava prazo até 2035 para que todos os brasileiros tivessem acesso a água encanada e coleta de esgoto. Como se observa pelo estudo agora divulgado, o País está muito distante de atingir essa meta, que, em si, é vergonhosa, uma vez que esse problema já deveria ter sido resolvido no século passado.
Mesmo com todo o discurso em favor dos pobres, os governos petistas não investiram o suficiente nem sequer para minorar o problema. Segundo o Atlas Esgotos, ainda serão necessários R$ 150 bilhões em investimento para a universalização do esgotamento sanitário nas áreas urbanas no prazo estabelecido. Além da necessidade desses recursos, o estudo enfatiza que o problema não é apenas de falta de dinheiro, mas de gestão adequada. “No País, existem vários exemplos de sistemas de esgotamento sanitário que foram abandonados ou sequer entraram em operação devido a problemas associados a essa questão”, informa o documento.
O problema da falta de saneamento em grande parte do País afeta diretamente a qualidade da água. Para ser bem-sucedido, o tratamento deveria remover pelo menos 60% da carga orgânica dos efluentes oriundos do esgoto doméstico. No entanto, em 4.801 municípios esse tratamento remove menos de 60%. A maioria absoluta das cidades, 70%, consegue remover no máximo 30%. No geral, considerando-se todo o País, apenas 39% da carga orgânica é retirada das águas nas estações de tratamento.
Entre as unidades da Federação, somente o Distrito Federal retira mais de 60% da carga orgânica. Considerando-se os municípios, apenas 14% do total, a maioria no Sudeste, consegue remover esse montante. Das 100 cidades mais populosas, o índice considerado adequado é atingido por apenas 31.
Diante desse quadro, o estudo adverte que, além de gerar significativa precariedade habitacional para os que não dispõem de coleta adequada de esgotos, o déficit desse serviço acaba “comprometendo a qualidade das águas para diversos usos, com implicações danosas à saúde pública e ao equilíbrio do meio ambiente”.
A produção desse estudo por parte do governo é, em si, uma boa notícia. Com ele, dispõe-se oficialmente de um diagnóstico bastante preciso dos problemas e de um levantamento das necessidades para que se alcance a tão desejada universalização da coleta e do tratamento de esgotos. Falta agora, urgentemente, passar da constatação para a ação.

Como avaliar estes leilões, Celso Ming OESP



Muito importante é a nova postura da administração econômica, que abandonou a retranca postergadora e protecionista que prevaleceu ao longo do período Dilma






Celso Ming, O Estado de S.Paulo
27 Setembro 2017 | 21h00
A análise dos leilões das quatro usinas da Cemig e da 14 ª rodada de concessões de petróleo realizados hoje não pode restringir-se ao resultado de caixa, embora ele também tenha sido expressivo e deverá contribuir para a redução do rombo das contas públicas.
Mais importante do que isso é a nova postura da administração econômica, que abandonou a retranca postergadora e protecionista que prevaleceu ao longo do período Dilma, e a resposta positiva dos interessados.

ctv-51o-27set ilustraleiloes
O martelo foi batido: leilões desta quarta-feira devem trazer mais capital e eficiência ao Brasil Foto: Marcos Muller
O leilão das hidrelétricas da Cemig trouxe mais capital estrangeiro e provavelmente agregará mais eficiência na administração desse patrimônio. Podem-se esperar agora mais investimentos como, por exemplo, a instalação de placas flutuantes ao longo dos reservatórios para geração de energia elétrica de fonte solar, que aproveitará melhor as linhas de transmissão já existentes.
Nas unidades leiloadas deixarão de imperar o patrimonialismo e cupinchismo dos chefes políticos da hora, situação que as deixará menos vulneráveis à corrupção e aos cabides de emprego. E essas conquistas não são pouca coisa.
O interesse demonstrado pelos concorrentes ao leilão, num setor tão fortemente abatido pelo intervencionismo, poderia ser maior não fosse a relativamente baixa qualidade dos ativos brasileiros tal como avaliada pelas agências de análise de risco.
Mas ficou clara entre os participantes a recuperação da confiança nas instituições e nas leis brasileiras. Embora continuem sendo esperados recursos judiciais contra a transferência definitiva dessas hidrelétricas, este obstáculo não foi considerado fator impeditivo à realização dos leilões. E à medida que crescer a participação de outras empresas, o setor elétrico ficará menos exposto ao jogo predador dos políticos. O leilão das usinas da Cemig deve ter melhorado a atratividade do próximo leilão das distribuidoras da Eletrobrás e, também, de energia nova agendado para dezembro.
Quanto ao leilão de novas áreas de petróleo, em terra ou nas áreas da plataforma marítima acima da camada de sal, há dois fatos positivos importantes a considerar. O primeiro deles é o de que o governo recuperou o sentido de urgência, abandonou a inércia dos governos anteriores, à espera pela melhora de preços do petróleo. O segundo tem a ver com flexibilização das regras do jogo. Foram reduzidas as exageradas exigências de conteúdo local (encomendas às empresas brasileiras), que vinham aumentando substancialmente os custos de investimentos de produção.
Felizmente, prevaleceu o entendimento de que é preciso tirar o atraso e apressar os investimentos, não só para reativar o emprego num setor prostrado pela imobilidade, mas, também, para proporcionar mais receitas com royalties que tanta falta vêm fazendo nos orçamentos combalidos dos Estados e prefeituras.
A Agência Nacional do Petróleo já tem agendados para este ano mais dois leilões de áreas e outros dois, para 2018 e 2019. Também se propõe a fazer duas rodadas de venda de campos maduros em terra, no Recôncavo.
O sucesso do leilão de hoje deve ser visto como espécie de prévia para o resultado do leilão de 27 de outubro, que contemplará cobiçadas áreas do pós-sal na Bacia de Santos.
CONFIRA
» Avanço real do crédito
Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central hoje mostram notória expansão do crédito, especialmente às pessoas jurídicas. Os números do gráfico ao lado estão deflacionados. Acusam um crescimento de 2,5% ante a agosto de 2016 no segmento das concessões livres às empresas. Isso significa aumento tanto da demanda por financiamentos como da disposição dos bancos em ampliar suas operações de crédito. É mais uma indicação de que o setor produtivo está se recuperando.


ctv-fvf-27set crditobc


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Brasil está em último em ranking que mede confiança em políticos, Exame


Segundo estudo do Banco Mundial, em uma escala que vai de 1 a 7, a nota de confiança dos políticos brasileiros não passou de 1,3

São Paulo – Entre 137 povos, o brasileiro é o que menos confia em seus políticos. É o que mostra estudo do Banco Mundial, em parceria com Fundação Dom Cabral, divulgado nesta quarta-feira (27).
Em 2008, o país ficou na posição 122 nesse quesito quando comparado com 134 nações. Em 2013, ano dos protestos que levaram milhões às ruas do país contra o aumento das tarifas do transporte público nas capitais, o Brasil tinha caído para 136º de um total de 148 países avaliados.
No ano passado, em uma escala que vai de 1 a 7, a nota de confiança dos políticos brasileiros não passou de 1,3. A título de comparação, Cingapura, que é o primeiro no ranking, marcou 6,4 pontos.
corrupção é apontada pelo estudo como um dos piores entraves para a competividade do Brasil. Esse item só perde para a (excessiva) carga tributária do país e para a rigidez de nossas leis trabalhistas.
No ranking de países mais corruptos, o Brasil está em quinto — atrás apenas de Venezuela, Paraguai, República Dominicana e Chade.
Mas, o estudo revela, os problemas éticos não estão restritos ao setor público. No ranking que mede a ética corporativa, as empresas brasileiras ficaram em 126º de um total de 137 países.
Apesar desses problemas, o Brasil subiu 11 degraus no pilar “instituições” — que mede a qualidade dos setores público e privado.
O Banco Mundial vê esse resultado como um efeito direto das “investigações que levam à uma maior transparência e percepção de procedimentos bem sucedidos para reduzir a corrupção dentro dos limites institucionais da Constituição do Brasil”, diz o estudo.
No entanto, mesmo com o avanço, o Brasil continua na posição 109 em termos de qualidade de suas instituições. Em outros termos, há apenas 28 países com instituições piores que as brasileiras.
Confiança nos políticos: Brasil x BRIC
PaísNotaPosição
China4,527
Índia4,233
Russia3,451
Brasil1,3137
Confiança nos políticos: Brasil x Países da América do Sul
PaísNotaPosição
Uruguai4,428
Chile3,066
Argentina1,9118
Colômbia1,7124
Peru1,7126
Equador1,6132
Venezuela1,6133
Paraguai1,5134
Brasil1,3137