segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A quem interessa demonizar os Batistas?, Mario Rosa FSP


Zanone Fraissat/Folhapress
Wesley e Joesley Batista, da JBS, empresa da holding J&F
Wesley (à esq.) e Joesley Batista, da JBS, empresa da holding J&F

Quando estrearam como colaboradores, os irmãos Batista foram catapultados para o panteão de salvadores da pátria: tudo o que diziam era verdade absoluta.
Eis que girou a roda do destino, e eles se convertem agora no inimigo público número 1. A opinião pública nunca esteve tão bipolar em termos de imagem e reputação. Mas há outra questão: a quem interessa a demonização dos Batistas?
Como consultor de crises, trabalhei no epicentro de escândalos nos últimos vinte anos. Não tenho pretensão de psicografar pensamentos, mas convivi tanto com criminalistas em tantos casos que acho que escreveriam assim, se pudessem:
-Sou advogado de Joesley e não brigo com os fatos: politicamente, as gravações são horríveis, e a mídia vai fazer um estrago. O cara tava na pior, e uísque nunca ajudou nenhum depoente. Agora, fala sério: Joesley prestou uma baita contribuição ao país, pô! Trouxe a público a delação mais sólida e detalhada da história. Fez tudo vo-lun-ta-ria-men-te. Toda delação é um vai e volta: tem recall. Eles fizeram tudo certinho. As fitas criaram essa onda negativa toda, mas o MP virou surfista? Não podem desmerecer tudo que foi feito. Os Batistas merecem linchamento?
Eu responderia a essa questão imaginária: os humores da opinião pública sempre são voláteis em grandes escândalos, mas jamais houve um escândalo da magnitude do atual.
Na verdade, vivemos uma pandemia de escândalos. E a sociedade, politraumatizada, está vulnerável a qualquer solução que pareça solução. Mesmo que não seja.
Concentrar a discussão nos delatores, e não nas delações, significa desviar o foco e um alívio e tanto para os delatados. Essa é a consequência imediata da histeria contra os Batistas.
Então, a Lava Jato encontra-se do ponto de vista de imagem numa espécie de paradoxo: a vilanização dos Batistas interessa a todos os que se beneficiaram do sistema ultrapassado e carcomido que eles, é inegável, ousaram denunciar.
A jabuticaba da JBS entrará para a história: os delatores estão na cadeia. Nenhum delatado está.
Não vou nem mencionar Wesley, preso por causa do sobrenome. Fosse Wesley Mendes ou Silva, não estaria nesta história.
No caso da JBS, o presidente do BNDES vocifera contra a empresa. Mas empresas abertas não podem estar sujeitas a pressões políticas. Elas têm é que estar imunes. A JBS não é do BNDES, nem do governo. É de todos os acionistas. Quem deve decidir seu destino é a Justiça.
Sem querer invocar atitudes mediúnicas, apenas para que o leitor entenda como pensa o "lado de lá", diria que os advogados de defesa pensam assim:
-Pô, o Joesley mudou. Rompeu com tudo. Ser colaborador foi uma mudança de vida, uma viagem sem volta, uma quebra definitiva, um ato de grandeza. E, claro, um cara que faz isso sai do eixo. É muita ansiedade, angústia, medo. Sem contar as demandas de documentos para comprovar o que falou, o rompimento de amizades de décadas. Quem não cai num stress no meio disso? E aí um momento de fraqueza exposto publicamente e, de repente, tudo o que ele fez de bom não vale nada?
Encerro eu mesmo: Joesley não é um herói, mas não é o maior vilão do país. A vilania, hoje, torce para o calvário dele...
MARIO ROSA é consultor de crises, palestrante e autor de quatro livros sobre imagem e reputação
PARTICIPAÇÃO
Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamentos contemporâneo. 

domingo, 24 de setembro de 2017

Carros eletricos, Celso Ming OESP




O carro elétrico lá fora e aqui

Com a matriz energética mundial ficando mais limpa, carro elétrico faz mais sentido do que nunca; e seu maior desafio técnico, a bateria, vem mostrando evoluções bastante positivas nos últimos anos






Celso Ming e Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo
23 Setembro 2017 | 15h00
Recebido com ceticismo há sete anos, o carro elétrico veio para ficar e tomar o lugar dos veículos convencionais. A Agência Internacional de Energia informa que, em 2016, foram vendidos no mundo 750 mil veículos elétricos, novo recorde para o modelo.
Sua principal contraindicação parece superada. Não fazia sentido substituir as emissões de gás carbônico através do escapamento pelas das chaminés das termoelétricas, a origem predominante de energia elétrica no Ocidente. Mas a matriz energética mundial está em rápida transformação. As opções limpas, especialmente de fontes solar e eólica, tendem a suplantar a energia suja.
O que ainda segura apostas firmes das montadoras são as limitações técnicas da bateria. Ainda é cara demais (entre 30% e 40% do preço do veículo), pesada demais (cerca de 500 kg) e de autonomia ainda baixa (entre 100 e 300 km) nos modelos mais acessíveis.
Mas os avanços são significativos. Fundamentalmente a mesma usada nos celulares, tende a ficar mais barata, tanto pelo aumento da escala de produção quanto pela atual corrida à mineração do lítio que deve expandir sua oferta. O relatório New Energy Finance de 2017, da Bloomberg, calcula que até 2030, quando 10% da frota mundial será de carros elétricos ou híbridos, o custo dessas baterias terá despencado em 73%. Cinco ou sete anos antes disso, os preços dos veículos elétricos terão se equiparado aos dos atuais modelos a combustão.

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Diferente do Brasil, alguns países já anunciaram metas de estímulo ao carro elétrico, a maioria focando em 2020
Até lá, quem deve ganhar mais espaço nas ruas é o híbrido. Mais barato, por não precisar de bateria com grande autonomia – que consiga percorrer cerca de 700 km até a próxima recarga –, o modelo vai nortear por alguns anos o investimento das montadoras, já que o consumidor ainda precisa se adaptar ao cenário de carros 100% elétricos, com as mudanças no padrão de consumo que eles trazem.
O ponto de virada talvez seja o início do funcionamento da supermontadora da Tesla, em Reno, Estado de Nevada (Estados Unidos). Lá deve ser fabricado o Tesla Model 3, cujo preço de venda está em US$ 35 mil. Já há mais de 400 mil encomendas firmes. Os governos da França e do Reino Unido anunciaram que, até 2040, carros com motores movidos a combustível fóssil não poderão mais ser vendidos. A China também estuda proibição equivalente.
Aqui no Brasil, as coisas parecem emperradas. Quando começou a ser preparado, o programa Rota 2030, a nova política para o setor, pretendia centrar benefícios fiscais na eficiência energética dos carros. Mas, por pressão das montadoras, o novo programa deve incluir os veículos convencionais – na contramão do que acontece no resto do mundo.
A Volkswagen acaba de anunciar investimentos de € 20 bilhões para que todos os modelos do grupo já venham com opções a energia limpa. A Smart avisou que pretende produzir apenas carros elétricos a partir de 2020. Até 2022, a Renault-Nissan planeja vender 12 novos modelos 100% elétricos. A BMW está mais adiantada. Desde 2013 tem marca própria para elétricos e híbridos. As montadoras BYD e Chery anunciaram intenção de produzir carros elétricos no Brasil e a Toyota tem projetos para o Prius por aqui.
No estágio atual do segmento, preço e aumento na oferta tendem a evoluir favoravelmente. Mas o problema do peso e da autonomia da bateria avançam mais devagar. O objetivo é melhorar a densidade energética – para carregar mais e aumentar a autonomia – sem elevar o peso das baterias. A recompensa para quem chegar na frente é muito alta. “A bateria já avançou muito, mas a fronteira dela ainda não foi alcançada”, observa a especialista da FGV Energia Tatiana Bruce.
Outra questão à espera de equacionamento é a provável sobrecarga no sistema elétrico quando a frota ganhar densidade. Mas há quem não veja problema nisso. Estudo da Companhia Paulista de Força e Luz calcula que o consumo adicional de energia ficará entre 0,6% e 1,6%, se o número de elétricos no Brasil atingir entre 4% e 10% do total até 2030.

Brás se firma com condomínios que apostam em serviço de hotel e lazer, FSP




O Brás pode não parecer uma região particularmente residencial com seu comércio pulsante e amplos galpões remanescentes do passado industrial. O bairro tem poucos prédios em comparação com o resto do centro –64,22% das residências estão em edifícios, enquanto Santa Cecília, Bela Vista e Centro têm taxas de verticalização acima de 90%.
A chegada de empreendimentos residenciais, com amplas áreas de lazer, tem tudo para mudar esse cenário.
É o caso do Piscine Station, da construtora Gamaro, cuja área de piscina simula uma praia. Trata-se de um tanque de borda infinita com 45 metros de comprimento, inspirado na piscina do hotel Marina Bay Sands, que fica em Cingapura.
Bruno Santos/Folhapress
Elba Ramalho e Geraldo Azevedo se apresentam na 7ª edição do Rock in Rio, no Parque Olímpico (zona oeste), nesta sexta
O casal Sandra Barbosa e Cesar Moraes com a filha, Maria Clara, no Piscine, onde compraram imóvel
O entorno tentará imitar uma praia com o mobiliário, que incluirá espreguiçadeiras, cadeiras de praia e guarda-sóis, e com a vegetação, repleta de palmeiras.
O condomínio terá ainda um bosque com mais de 2.000 árvores da mata atlântica, de mais de 70 espécies.
"Queremos dar ao morador uma sensação de praia paradisíaca, e que ele tenha o prazer de conviver no condomínio e trazer amigos para desfrutar dos benefícios", diz Vinicius Amaro, diretor de incorporação da Gamaro.
O gerente de projetos Cesar Moraes, 51, comprou um imóvel de 57 metros quadrados no Piscine pensando na diversão da filha Maria Clara, 7. Ele e sua mulher, a administradora Sandra Barbosa, 47, também gostaram da simulação de paraíso natural.
"A praia artificial foi um atrativo, não há como negar, e a área de vegetação chamou muito a atenção", diz Moraes. Na casa em que a família mora hoje, em Cidade Patriarca (zona leste de São Paulo), as opções de lazer são bem mais escassas.
O Piscine terá 894 apartamentos de 40 a 70 metros quadrados, com plantas de um a três dormitórios. O valor médio de metro quadrado é de R$ 6.000.
Outro empreendimento com uma área comum pouco usual no Brás é o Praças da Cidade, da Cyrela, com apartamentos de um ou dois dormitórios e áreas privativas de 55 a 94 metros quadrados. O valor médio do metro quadrado é de R$ 5.200.
O condomínio conta com 15 praças de convivência. A ideia, segundo Eduardo Leite, diretor de incorporação da Cyrela, é dar uma atmosfera de bairro planejado ao empreendimento.
"Queremos oferecer um novo bairro, com praças, árvores, calçadas largas e espaços aconchegantes, para valorizar mais o entorno e a região", diz. A área comum do Praças da Cidade contará com brinquedoteca, churrasqueira, academia e piscina.
COMODIDADE
Os novos prédios do Brás têm outros atrativos além de opções de lazer. O BR Caetano, da Bracon, com apartamentos de um dormitório, com áreas de 27 a 38 metros quadrados, e preço do metro quadrado a R$ 7.000, oferecerá serviços de hotel como arrumação, limpeza, alimentação, personal trainer e gestão patrimonial.
"O principal público do empreendimento é o solteiro jovem", diz Alon Nussbacher, sócio-diretor da Bracon.
Marcelo Justo/Folhapress
SAO PAULO - SP - 18.11.2015 - A eNext, dos irmãos Dante Gabriel, oferece serviços e tecnologia para lojas virtuais. Pela internet, encontraram representantes comerciais nos EUA para oferecer os serviços da empresa naquele mercado.. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, TREINAMENTO)
O microempresário Jorge Minicelli em seu apartamento no BR Caetano, no Brás
Para o microempresário Jorge Minicelli, 36, que viverá sozinho em um apartamento de 32 metros quadrados do BR Caetano, a localização do prédio e a preocupação ambiental do empreendimento -que segue o conceito de "edifício sustentável" –pesaram mais na compra.
"Gostei muito de ideias como captar água da chuva, reaproveitar a água do chuveiro e usar painéis solares. É esse o tipo de vida que quero ter", afirma Minicelli.

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