quarta-feira, 5 de abril de 2017

Governo quer redesenhar rede ferroviária em plano de concessões, FSP


02/04/2017 - Folha de São Paulo
O governo prepara um novo desenho da rede ferroviária que faz parte do seu programa de concessões, com o objetivo de criar mais ligações entre as áreas produtoras e portos, além de permitir mais competição.
A ideia é que a Ferrovia Norte-Sul entre Tocantins e São Paulo seja concedida com a possibilidade de extensão até Mato Grosso.
Outra obra inacabada, a Ferrovia Oeste-Leste, na Bahia, poderia ser estendida para se conectar à Norte-Sul.
Nessa reconfiguração da malha ferroviária nacional, a principal área de produção de grãos do país, o Centro-Oeste, teria a possibilidade de escoar seus produtos por quatro portos diferentes, cada um deles com acesso por uma empresa ferroviária.
Atualmente, há um tronco ferroviário que vai de Mato Grosso a São Paulo, controlado pela Rumo (Grupo Cosan), e outro que segue do Tocantins para o Maranhão, em poder da VLI (Vale). Com as concessões, previstas ainda para este ano, as duas linhas existentes passam a estar ligadas.
Caso a Oeste-Leste se encontre com a Norte-Sul, haverá a possibilidade de saída por um terceiro porto, na Bahia, que poderá ser construído pela vencedora da concorrência caso o governo do Estado não conclua um projeto já autorizado.
Além disso, o governo também vai licitar uma ferrovia entre Mato Grosso e o Pará (Ferrogrão) como uma nova opção de acesso aos portos. Essa licitação, que deve sair primeiro, tem grande interesse das tradings de grãos (grandes vendedores) ADM, AMaggi, Bunge, Cargill e Dreyfus, que fizeram o projeto para a estrada de ferro.

PORTO DE SANTOS

Segundo Adalberto Vasconcelos, secretário do PPI (Programa de Parceria em Investimentos), órgão do governo que coordena os processos de concessões, as concessões novas e o processo de renovação das concessões antigas, da década de 1990, vão fomentar a competição.
Nas renovações será possível garantir que trens vindos de outras malhas ferroviárias vão poder passar pelas malhas já concedidas e acessar os portos. Hoje essa possibilidade existe, mas há restrições que dificultam a competição.
Segundo Vasconcelos, o primeiro ato em direção a essa reconfiguração será anunciado em breve. Houve um acordo entre as três empresas que hoje operam as malhas de ferrovias em São Paulo (Rumo, MRS e FCA) para que todos possam acessar o porto de Santos.
Esse acesso é considerado um gargalo, porque as empresas estão sempre em disputa para ter prioridade de entrada no principal porto do país, além da necessidade de fazer obras para a ampliação.
"Colocamos as três numa mesa e pedimos que apresentassem uma solução ou não haveria renovação de concessões. Elas já nos apresentaram uma resposta e estamos analisando", disse.
Entre interessados nas concessões há algum ceticismo sobre a velocidade do governo para conseguir fazer com que essas três concorrências estejam prontas até o fim do ano e sobre as chances de renovação das concessões, devido a oposições apontadas pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

PROBLEMAS NA MALHA PAULISTA

A proposta de renovação do contrato da Malha Paulista de ferrovias vem sendo criticada por entidades do setor por permitir que a atual concessionária –a Rumo– mantenha, por mais dois anos, trechos sem utilização.
O projeto de extensão da concessão por mais 30 anos está em consulta pública na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e levou uma comissão de entidades de São Paulo a pedir alteração nesse item da proposta.
Dos quase 2.000 quilômetros de estradas de ferro em poder da Rumo em São Paulo, há 835 quilômetros não usados pela empresa, que abrangem os ramais de Colômbia, Piracicaba, Panorama e Cajati. Pelas regras do atual contrato, a Rumo –que assumiu a malha em 2013– deveria manter esses trechos em operação.
Há investigações do Ministério Público Federal e da própria ANTT que apontam que parte desses trechos foi abandonada e não teria condições de operar. A empresa tem a obrigação de devolvê-los em condições de uso.
O relator da MP que altera regras das concessões, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), afirmou que poderá fazer emenda ao texto enviado pelo Executivo para garantir que as renovações de todas as concessões tenham solução prevista em lei para trechos abandonados.
A proposta em audiência pública estabelece prazo de dois anos para que a Rumo decida quais trechos vai operar e quais vai devolver.
A empresa defendeu esse prazo durante as audiências públicas justificando que é o tempo necessário para estudar a viabilidade econômica desses ramais, que hoje não seriam usados pelas restrições de tráfego na linha tronco da concessão, que vai da divisa com Mato Grosso do Sul ao porto de Santos.
O deputado estadual João Caramez (PSDB-SP), que coordena a Frente Parlamentar em Prol do Transporte Metroferroviário, defende que os trechos tenham a operação retomada imediatamente.
"Não tem sentido ficar abandonado por dois anos. Tem que ter uma solução imediata", afirmou Caramez.
Jean Pejo, que coordena a Alaf (Associação Latino-Americana de Ferrovias), diz que não há motivos técnicos para que o estudo de viabilidade demore tanto. Segundo ele, as malhas que forem devolvidas ao governo podem servir a outros tipos de ferrovia com características diferentes da atual –que está voltada para carga agrícola.

AB InBev usará 100% de energia renovável

Fonte: Valor Econômico

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AB InBev, a maior fabricante de cervejas do mundo e controladora da Ambev, está mudando a sua política de compra de energia. A meta é até 2025, daqui oito anos, usar apenas fontes renováveis como energia solar, eólica, biomassa ou eletricidade proveniente de pequenas centrais hidrelétricas (PCH).
A ideia é negociar contratos de longo prazo com fornecedores, criando demanda garantida a estes por 10 a 15 anos, informou a AB InBev ao Valor. Esse tipo de contrato deverá fornecer de 75% a 85% da energia consumida pela companhia. O restante virá de tecnologias como painéis solares e biomassa, instalados dentro ou perto das fábricas da AB InBev. A companhia estima que em 2025 sua demanda por energia seja de 6 terawatt/hora por ano.
O anúncio da nova política de compra de energia foi feito na terça-feira, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que pode desmantelar as bases criadas pelo ex-presidente Barack Obama para limitar as emissões de gases-estufa das usinas térmicas a carvão.
O CEO da AB Inbev, Carlos Brito, tratou de esclarecer, à Bloomberg, que o “timing” foi uma coincidência e que o anúncio não teve conotação política. Lutar contra mudanças climáticas com energia renovável é bom para os resultados da companhia, disse ele, acrescentando que “nós apenas achamos que isto é bom para o nosso negócio e para o ambiente.”
Com essa estratégia, a AB InBev calcula que deve se tornar o maior comprador corporativo de energia elétrica renovável do setor de bens de consumo no mundo, reduzindo em 30% a sua “pegada operacional de carbono”, ou seja a quantidade de CO2 ou de outro tipo de gás-estufa que contribui para o aquecimento da Terra.
O primeiro acordo de longo prazo assinado pela AB InBev para comprar energia renovável foi assinado no México, onde a companhia tem a sua maior fábrica, em Zacatecas. A Iberdrola vai fornecer 490 gigawatt/hora por ano e vai construir uma unidade de energia eólica que deverá começar a funcionar no primeiro semestre de 2019.
No Brasil, a Ambev assumiu o mesmo compromisso anunciado pela matriz e terá que bancar a sua produção, daqui a oito anos, apenas com energia de fontes renováveis. Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de suprimentos da Ambev, é o executivo encarregado de cumprir a meta. Para ele, a nova estratégia significa “ter uma operação cada vez mais sustentável, reduzindo ao máximo o impacto no meio ambiente”.
A Ambev consome cerca de 1 terawatt/hora de energia por ano, das seguintes fontes: hidrelétrica (76% do total), térmica (13%), eólica (6%) e de pequenas centrais hidrelétricas (5%). A companhia considera que a energia hidrelétrica é, sim, renovável, mas para cumprir a meta anunciada pela matriz em 2025 esse tipo de energia será comprado apenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), que são aquelas com geração superior a 3 megawatt e inferior a 30 megawatt, explicou a Ambev.
Segundo a AB InBev, o seu compromisso para 2025 “terá o mesmo efeito positivo que remover as emissões de quase 500 mil carros da atmosfera”. Com a meta anunciada nesta semana, a maior cervejaria do mundo também passou a fazer parte do RE100, um grupo de 89 empresas que já declararam o compromisso de usar apenas eletricidade 100% renovável. Dentre elas, está a fabricante e varejista de móveis Ikea e a Coca-Cola Enterprises, que opera na Europa Ocidental.

Doenças crônicas são um problema no Brasil e atingem mais os menos escolarizados, Unicamp (pauta)


Enviado por Camila Delmondes em qui, 30/03/2017 - 09:11
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as doenças crônicas vitimam 38 milhões de pessoas no mundo todo, a cada ano, e correspondem a 68% da mortalidade global. Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Associação Brasileira de Educação e Tecnologia revela um dado alarmante: 45% da população brasileira, com 18 anos ou mais, apresenta pelo menos uma doença desse tipo. Dentre as mais prevalentes estão: a hipertensão, os problemas de coluna, o diabetes, artrite e reumatismo, depressão e asma. As pessoas com menor nível de escolaridade e que não têm plano de saúde privado são as que mais sofrem. Leia o artigo na íntegra aqui.
Os resultados da pesquisa estão no artigo intitulado Desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013”, publicado em dezembro último, no International Journal for Equity in Health (IJEH). A publicação analisa as desigualdades sociais em Saúde no Brasil utilizando dados obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde.
“As morbidades crônicas, além das mortes prematuras, provocam incapacidade funcional, afetam de maneira importante a qualidade de vida e o bem-estar, e elevam, significativamente, a demanda aos serviços de saúde, gerando forte impacto econômico e social”, explica a coordenadora do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde da FCM da Unicamp, Marilisa B. A. Barros, que assina a publicação em coautoria com Deborah Carvalho Malta (autora principal), Margareth Guimarães Lima, Regina Tomie Ivata Bernal, Maria de Fátima Marinho de Souza e Celia Landman Szwarcwald.
O estudo transversal de base populacional – realizado a partir dos dados de 60.202 brasileiros a partir dos 18 anos, mostrou ainda, que os brasileiros com o menor nível de escolaridade são os que mais sofrem com diabetes, Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência renal, problemas de coluna e hipertensão. “A frequência de AVC é 2,5 vezes maior no grupo de escolaridade inferior, ao passo que os problemas musculoesqueléticos e de câncer foram mais frequentes nos brasileiros com melhor nível de escolaridade”, afirma Marilisa.
De acordo com a epidemiologista do CCAS da FCM Unicamp e uma das coautoras do estudo, Margareth Guimarães Lima, as limitações decorrentes de doenças crônicas comprometem a vida das pessoas, pois impactam na autonomia e na independência dos indivíduos no desempenho de tarefas cotidianas, no trabalho e no convívio social. Tais limitações também foram analisadas na pesquisa e afetaram mais drasticamente os indivíduos analfabetos e com menor grau de escolaridade.
“Entre indivíduos com hipertensão, as limitações provocadas pela doença são 8,9 vezes mais frequentes neste segmento de menor escolaridade e essa profunda desigualdade é observada também em relação a várias outras doenças, como diabetes, asma, problemas musculoesqueléticos, acidente vascular cerebral, artrite, problemas de coluna e depressão”, afirma a pesquisadora.
Ter ou não plano de saúde foi outra variável relacionada às limitações provocadas pelas doenças crônicas, que estão mais presentes nos pacientes sem a cobertura assistencial privada. “Como a maioria depende do Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa aponta para a necessidade de qualificar o atendimento do SUS nessa área. Podemos atuar na promoção de comportamentos saudáveis, no sentido de evitar essas doenças, e no cuidado adequado, para prevenir e controlar as limitações desencadeadas por elas”, finaliza Margareth.